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Política internacional

‘Democracia’: uma fachada para a ditadura do imperialismo

Membro do PT reduz antagonismos de classe à contradição entre "democracia" e "extrema direita"

Em nova publicação na rede social X (antigo Twitter), Alberto Cantalice, membro do Partido dos Trabalhadores e da Fundação Perseu Abramo, voltou a defender a sua tese de que “a principal contradição no mundo hoje” seria entre “Democracia X Extrema-direita”. Isto é, para ele, a luta política nos dias de hoje resumir-se-ia a um desses campos. De um lado, o campo “do bem”, que seria a “democracia”. E, de outro, o campo “do mal”, que seria a extrema direita.

Essa concepção bastante ingênua não é nem um pouco nova. Foi a partir dela, por exemplo, que a burocracia contrarrevolucionária da União Soviética salvou os países imperialistas em inúmeras oportunidades após a Segunda Guerra Mundial. Afinal, a concepção de que o mundo seria uma luta entre a “democracia” e a “extrema direita” permite que tudo aquilo que não for abertamente de extrema direita, como os neoliberais, seja apresentado como algo “democrático”. Para o stalinismo, a criminosa Inglaterra, responsável por alguns dos episódios mais selvagens já vistos na história da Índia e da Grécia, seria “democrática”. Por quê? Ora, porque seu primeiro-ministro não tinha um bigodinho, nem fazia gestos pomposos com a mão direita. De resto, era tão criminoso quanto Adolf Hitler – senão mais.

Cantalice não deixa margem para dúvidas. Quando fala de “democracia”, está justamente falando dos regimes imperialistas, que fabricam os piores males de nossos tempos. Cantalice afirma que Lula estaria no time dos “democratas” e que “por isso recebe Sanchéz e Macron e torce pela eleição de Joe Biden”.

O que Cantalice diria se Lula recebesse os dirigentes de Burquina Fasso, do Máli, do Gabão e do Níger? Todos eles são autoridades de um regime militar, que depôs os respectivos governantes “eleitos”. Seria ou não “democrático” receber eles?

Segundo Cantalice, não! Afinal, seriam presidentes “golpistas”, que não respeitaram a santa “democracia”! Mas fica a pergunta: por que aconteceu esse golpe? E por que, até hoje, a população não apenas não se levantou contra os militares, mas já saiu às ruas em vários momentos para comemorar a deposição de suas autoridades?

Porque esses golpes militares na África são o resultado de uma revolta contra uma das operações de pilhagem mais escandalosas da face da terra: o colonialismo francês. Os “golpistas” são, na verdade, a expressão de um povo que resolveu dar um basta no colonialismo de Emmanuel Macron sobre a África. Um colonialismo tão “democrático” que foi preciso ser derrubado por um golpe, uma vez que o “democrático” Macron corrompe as autoridades africanas para conseguir roubar todo o seu ouro, o seu petróleo, o seu manganês, o seu gás e o seu urânio.

O que Cantalice diria se Lula recebesse no Palácio do Planalto o Hamas, que é hoje chamado de “terrorista” por toda a imprensa burguesa? Certamente, que Lula teria errado no jogo da “democracia”.

Mas eis que o Hamas, assim como os militares africanos expressam uma revolta contra a França, expressam uma revolta contra o colonialismo sionista. O Hamas é a vanguarda de todo um povo que se levanta contra quase um século de colonização. Neste sentido, nada tem de “democrático” em torcer pela eleição de Joe Biden, que é o principal financiador do sionismo. De forma semelhante, pode-se dizer que não há nada de “democrático” em Pedro Sánchez, primeiro-ministro de um país que impede os catalães de terem seu próprio Estado e que, por meio do Banco Santander, interfere diretamente na economia do Brasil.

O critério de Alberto Cantalice, no final das contas, serve apenas para jogar água no moinho dos maiores criminosos da humanidade: os países imperialistas. Criminosos que, historicamente, sempre acabaram apoiando a própria extrema direita!

Na mesma publicação, Cantalice, então, conclui que a política correta seria a “diplomacia não alinhada e independente” e que a “defesa da multipolaridade não pode vir acompanhada de canhestros movimentos isolacionistas. Muito menos pode apostar em lideranças iliberais e de corte autoritário“.

“Liderança iliberal” é justamente o termo que o imperialismo utilizaria para designar as lideranças que, na África e na Palestina, comandam um processo de libertação nacional. Mas a explicação de Cantalice diz mais: ao propor uma “multipolaridade”, o petista tenta defender, na verdade, um mundo não polarizado. Para ele, a ideia de “multipolaridade” significaria não que os Estados Unidos seriam o único polo de organização da política mundial, que é o entendimento comum que se tem da “multipolaridade”. Para ele, “multipolaridade” seria uma política na qual os países não se preocupariam em estar alinhados a um bloco ou outro.

Uma política, portanto, inviável. Não há como ter, por exemplo, a “democracia” como bússola e ignorar as forças sociais mais importantes que operam no mundo: o imperialismo e a reação a ele.

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