Previous slide
Next slide

Síria

De perigosos terroristas a simpáticos aliados

Reportagem publicada pelo portal The Grayzone mostra que o serviço secreto britânico foi fundamental para a ascensão do HTS

Liderado pelos Estados Unidos, o imperialismo mundial desencadeou uma ofensiva militar em 2011, por meio do apoio financeiro e logístico a grupos islâmicos armados para desestabilizar, e derrubar, o governo da Síria, chefiado pelo presidente Bashar al-Assad. A ofensiva durou cerca de 10 anos; no entanto, por volta de 2021, com o decisivo apoio militar e logístico da Rússia e do Irã, as forças de defesa da Síria conseguiram recuar os grupos insurgentes, permitindo ao governo Assad manter o controle sobre regiões estratégicas do território sírio.

Uma ofensiva relâmpago com duração de cerca de 10 dias, porém, foi iniciada no final de novembro e permitiu que diversos grupos islâmicos avançassem sobre cidades importantes da Síria, marchando até a capital, Damasco. Esse avanço forçou o governo Assad a deixar o país e se refugiar em Moscou, na Rússia.

Uma reportagem publicada pelo portal The Grayzone em 16 de dezembro revela, por meio de arquivos vazados da inteligência britânica, que um projeto secreto do Reino Unido na Síria foi crucial para impulsionar a ascensão do HTS (Hayʼat Tahrir al-Sham), grupo islâmico que foi banido pelos governos imperialistas até assumir o poder na Síria em dezembro de 2024, após a queda do regime de Bashar al-Assad.

No mesmo dia (16 de dezembro), um importante veículo de imprensa britânico, The Times, entrevistou o novo governante sírio, Mohammad Jolani. Na entrevista, o fantoche do imperialismo “pediu o fim das sanções ocidentais ao país, prometendo que a Síria não seria uma ‘plataforma de lançamento para ataques a Israel’”. “O palco agora parece pronto para que a proscrição do HTS seja rescindida e Londres reconheça o grupo como governante legítimo da Síria pós-Assad” (The Grayzone, 16/12).

A reportagem investigativa de The Grayzone mostra que, “em nome da construção de uma ‘oposição moderada’, os britânicos estabeleceram um serviço social e uma rede de mídia em áreas controladas pelo HTS, beneficiando o grupo que outrora era classificado como um perigoso afiliado da Al-Qaeda” (The Grayzone, 16/12).

O próprio primeiro-ministro britânico, Keir Starmer – da ala direita do Partido Trabalhista – afirmou que era “muito cedo” para remover o HTS da lista britânica de organizações terroristas. Quando o grupo foi incluído na lista, em 2017, sua entrada foi considerada entre os “nomes alternativos” para a Al-Qaeda.

Foi, portanto, uma operação ilegal que funcionários do governo britânico se reunissem com representantes do HTS enquanto o grupo ainda tinha o status de organização terrorista. Mesmo diante dessa flagrante ilegalidade, “diplomatas britânicos, incluindo Ann Snow, representante especial de Londres para a Síria, convocaram uma cúpula com Jolani e outros líderes do HTS em Damasco, no dia 16 de dezembro” (The Grayzone, 16/12).

A reportagem do portal revela, sem rodeios, o caráter absolutamente hipócrita do imperialismo britânico. “A adoção do HTS pelo Reino Unido representa o culminar de um processo longo e secreto que começou quando a liderança do grupo ainda estava intimamente alinhada com o braço sírio da Al-Qaeda, Jabhat Al-Nusra, e até mesmo com o Estado Islâmico (EI).

Embora o serviço secreto britânico tenha embarcado em uma campanha para minar o HTS em áreas controladas pela oposição na Síria, enquanto cultivava facções supostamente ‘moderadas’, arquivos vazados revisados pelo The Grayzone revelam que os esforços clandestinos acabaram fortalecendo a organização de Jolani, ajudando a pavimentar seu caminho para o poder” (The Grayzone, 16/12).

O trabalho da inteligência britânica para desestabilizar o regime sírio de Bashar al-Assad foi paciente e meticuloso, envolvendo uma bem elaborada estratégia para minar o governo por várias frentes. Uma das formas mais eficazes empregadas pelos serviços de inteligência foi o uso dos meios de comunicação.

“O Estado britânico empregou secretamente veteranos militares e de inteligência para conduzir operações a um custo de muitos milhões de libras. O objetivo era demonizar e desestabilizar o governo de Assad, convencer a população doméstica, organismos internacionais e cidadãos ocidentais de que os grupos militantes que saqueavam o país representavam uma alternativa ‘moderada’, enquanto inundavam os meios de comunicação com cobertura favorável” (The Grayzone, 16/12).

O fato é que, quase uma década depois, “e após desembolsar dezenas de milhões de libras para construir uma oposição supostamente moderada, o Ministério das Relações Exteriores britânico emergiu das sombras para abraçar o beneficiário final de seu projeto secreto sírio – Jolani, o fundador da afiliada da Al-Qaeda do país e ex-vice-chefe do EI – ao assumir o poder em Damasco” (The Grayzone, 16/12).

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.