Chegamos à quarta matéria da série dedicada a expor de onde vêm os ataques à liberdade de expressão que vêm ocorrendo no período mais recente.
Na primeira matéria, expusemos que, por trás do banimento do TikTok nos EUA, está o lobby sionista. E as organizações “não-governamentais” que lideraram a ofensiva ditatorial contra a plataforma foram a Liga Antidifamação (ADL) e a Aipac. Diz-se “não-governamentais” entre aspas, pois tais organizações são diretamente ligadas ao Estado de “Israel” e à burguesia sionista.
No que diz respeito à ADL, trata-se de uma organização com mais de um século de existência, tendo sido criada em 1913. Declara-se como sendo uma organização destinada a combater o antissemitismo, o chamado “discurso de ódio” contra judeus. O que é uma farsa, pois, na realidade, atua difamando e caluniando todos aqueles que lutam contra “Israel” e o genocídio que os sionistas perpetram contra a Palestina.
Por exemplo, espionou o analista político judeu norte-americano Noam Chomsky, classificando-o como um “apologista árabe”. Segundo Chomsky, a ADL, que diz combater a “difamação”, tem como método “difamar o seu oponente e passar o resto do tempo discutindo as difamações fabricadas”, afirmação substanciada por documentos que o analista recebeu de funcionário da própria ADL, às escondidas:
“Em um caso, alguém apareceu na minha porta e me deu um pacote com cerca de 150 páginas de material. A primeira página dizia: ‘para Alan Dershowitz’. Era uma coleção de materiais para ele usar num debate futuro, no seu estilo favorito de fugir das questões […] Foi meio divertido, parecido com os arquivos do FBI que vi. Muita vigilância. Espiões enviados para palestras e enviando de volta notas febris que eram em sua maioria fantasias. Alguma correspondência pessoal que eles conseguiram. Muitos recortes com invenções difamatórias. Esse tipo de coisas. Ideal para Dershowitz. E uma visão interessante sobre o conceito de ‘antidifamação’.”
A espionagem da ADL, contudo, não é limitada a isto. Em 1993, o advogado Pete McCloskey moveu processo civil contra a organização, em nome de vários ativistas espionados e perseguidos pela liga. No âmbito do processo, obteve acesso a vários documentos da ADL, os quais revelaram que espiões contratados pela organização “compilaram arquivos sobre milhares de grupos e indivíduos progressistas, de esquerda e árabes aparentemente considerando-os no mesmo nível dos grupos neonazis que também monitorizavam”, conforme reportou o portal Electronic Intifada em 2013. Ainda segundo o órgão de notícias, “Bullock até tentou de forma infame difamar o Comitê Árabe-Americano Anti-Discriminação, plantando a literatura do grupo nas mesas da convenção do Journal of Historical Review , que nega o Holocausto“.
Uma demonstração de que a Liga “Antidifamação”, na realidade, tem como método de ação difamar aqueles que lutam pelos palestinos e contra o sionismo, mesmo que sejam judeus.
Especificamente no que diz respeito à ofensiva ditatorial contra a liberdade de expressão, mais recentemente, no final dos anos 2010, a ADL declarou fazer parte do programa Truste Flagger do YouTube. Flagging significa denunciar conteúdo que violaria as regras da plataforma. A ADL, segundo ela própria, seria então um delator de confiança do YouTube. Seu diretor-executivo, Jonathan Greenblatt, em 5 de junho de 2019, aplaudiu o YouTube por remover conteúdos supostamente racistas e extremistas, declarando que “é por isso que a ADL tem trabalhado com empresas de tecnologia, incluindo o YouTube, para combater agressivamente o ódio em suas plataformas”. Na mesma ocasião, acrescentou que “embora este seja um importante passo em frente, este movimento por si só é insuficiente e deve ser seguido por muitas mais mudanças por parte do YouTube e de outras empresas de tecnologia para combater adequadamente o flagelo do ódio e do extremismo online”. Vale lembrar que, nesta última sexta-feira (26), o YouTube desmonetizou todos os canais parceiros do Partido da Causa Operária (PCO) na plataforma, uma medida clara para censura a organização trotsksita.
Em 2020, ADL fez lobby junto a mais de mil empresas para que ela parasse de anunciar no Facebook, caso a rede não censurasse uma publicação do ex-presidente Donald Trump contra os protestos de julho daquele ano. Já em 2021, o próprio diretor-executivo da organização enviou uma carta para a Fox News demitir o jornalista Tucker Carlson. Isto foi feito várias outras vezes até que ele foi demitido da emissora em 2023, algo que foi bem recebido pela ADL.
Mais recentemente, a Liga pressionou a gravadora BMG a anular o contrato do músico Roger Waters, fundador do Pink Floyd, por sua defesa da Palestina e luta contra o sionismo, ameaçando transformar o passado nazista da empresa em uma arma contra a mesma, conforme noticiado pelo portal de notícias The Grayzone.
É impossível listar aqui todas as ofensivas que a ADL fez contra a liberdade de expressão.
Vale ressaltar, contudo, que, desde o 7 de outubro, quando milhões em todo o mundo começaram a sair às ruas para protestar contra “Israel” e o genocídio contra a Palestina, a ADL vem elaborando relatórios fraudulentos de que o antissemitismo estaria aumentando. Uma farsa, pois eles consideram a defesa da Palestina e a luta contra o sionismo como antissemitismo, como ódio aos judeus. Além disto, fizeram a mesma coisa, embora em escala melhor, quando da Guerra “Civil” do Líbano (1975-1990). Segundo matéria do Boston Review, publicada em maio de 2019, “no ano de 1979 a ADL começou a produzir uma Auditoria Anual de Incidentes Antissemitas. Estas auditorias, que concluíram que o antissemitismo estava ‘aumentando’ quase todos os anos, foram rapidamente adotadas pelos meios de comunicação social e pelos decisores políticos como uma medida de quão bem os Estados Unidos estavam a viver de acordo com os seus valores de inclusão racial, e quão ameaçadora era a situação”.
O Boston Review também constatou que “estas auditorias continuam a ser uma força poderosa na política dos EUA na imprensa”, expondo também a farsa da ADL, pois ela “também contabiliza os apelos pelos direitos dos palestinos, e até as críticas à própria ADL, como incidentes antissemitas”.
Nesse sentido, a emissora norte-americana noticiou recentemente que “a Liga Anti-Difamação classificou 85 universidades norte-americanas pelas suas políticas para proteger os estudantes judeus do antissemitismo no campus. Deu a Harvard e a outras 12 escolas um ‘F’. Apenas duas escolas obtiveram nota ‘A’ […] A ADL disse que os incidentes antissemitas no campus atingiram níveis históricos, deixando os estudantes judeus se sentindo inseguros”.
Desde que começaram a ocupação das universidades norte-americanas em defesa da Palestina, a ADL intensificou sua campanha de calúnias. Em matéria publicada em seu blog, a resistência palestina, em especial o Hamas, é taxada de terrorista, e muitos estudantes que demonstraram apoio ao partido mais popular da Palestina, são taxados de apoiadores do terrorismo.
Esta é a Liga “Antidifamação”, uma das principais organizações do lobby sionista que está por trás dos ataques à liberdade de expressão nos EUA, em especial o banimento do TikTok e as calúnias e repressão contra os estudantes e manifestantes que ocupam dezenas de universidades em todo o país.
Outra delas é o AIPAC, Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel. Com mais de 100 mil membros, 17 escritório regionais e uma enorme quantidades de “doadores” (em especial, sionistas), o AIPAC é, abertamente, um lobby norte-americano de políticas favoráveis a “Israel” e, consequente, contra todos os países do Oriente Próximo que se opõem ao sionismo e ao imperialismo. Por exemplo, em janeiro de 2019, quando a Síria ganhou a guerra contra as milícias bancada pelo imperialismo, incluindo o Estado Islâmico, o parlamentar Eliot Rangel, “beneficiário de US$1,8 milhão em doações da AIPAC, introduziu um pacote de sanções conhecido como Lei de Proteção Civil César Síria”, conforme noticiado pelo Grayzone.
Quanto ao papel da AIPAC no ataque à liberdade de expressão, o Grayzone também noticia que Ron DeSantis, ex-governador da Flórida, político Republicano, “passou a sua carreira como autoridade eleita promovendo uma série de leis que atacam a liberdade de expressão dos cidadãos norte-americanos que exercem o seu direito constitucionalmente protegido de boicotar Israel”, especificando que “vários projetos de lei patrocinados ou co-patrocinados por DeSantis propõem penas de até 10 anos de prisão para os norte-americanos envolvidos em boicotes a Israel e até um milhão de dólares em multas” e que “o simples fornecimento de informações que possam ser utilizadas para promover um boicote qualifica-se como outro ato que poderia levar os norte-americanos à prisão sob um regime jurídico DeSantis“.
Atuando diretamente na política dos EUA, em novembro, o AIPAC anunciou que iria investir 100 milhões de dólares para remover do Congresso parlamentares que se manifestaram a favor da Palestina. Nesse sentido, levantamento recente feito pelo jornal britânico The Guardian, publicado em 10 de janeiro, revelou que os apoiadores da guerra no Congresso foram os que mais receberam doações de “Israel”. Por exemplo, Joe Biden, presidente dos EUA, do início de sua carreira, até os dias atuais, recebeu pelo menos US$4.434.264,00 do lobby sionista.
Além do próprio Estado de “Israel”, Biden, como presidente dos EUA, é o principal apoiador do genocídio contra o povo palestino. Conforme seu próprio biógrafo Branko Marcetic, ele “se estabeleceu como um implacável amigo de ‘Israel’, […] garantindo apoio inquestionável a ‘Israel’ mesmo quando o seu comportamento provocou indignação bipartidária”. Relembrando o leitor, entre 2021 e 2022, o principal financiador do deputado norte-americano que propôs a lei que baniu o TikTok foi o AIPAC.
São organizações como estas, duas das principais organizações sionistas do mundo, que lideram a ofensiva contra a liberdade de expressão na Internet.