Conforme se aprofunda a crise diante do fracasso militar de “Israel” no combate à resistência palestina, o Estado sionista se organiza para impor o recrutamento militar dos judeus ultraortodoxos, os Haredim. Os Haredim têm isenção do serviço militar desde a criação de “Israel” e vivem estritamente dentro da lei judaica, a halakha, se opondo ao estilo de vida moderno e ao sionismo de forma geral.
As tentativas que derrubar a isenção aos ultraortodoxos se acumulam ao longo dos anos, encontrando resistência dessa população, que já realizou manifestações em 2024. Uma de suas palavras de ordem diz “preferimos morrer a servir”. Netaniahu tenta se equilibrar entre a coalização que sustenta seu governo, e que conta com partidos ultraortodoxos, e seu gabinete de guerra, que tenta reforçar o contingente de soldados, que só conseguem atacar apenas a população civil.
A legislação que impedia o recrutamento forçado de homens ultraortodoxos expirou no final de março. Netaniahu conseguiu negociar uma audiência para maio até uma definição do Supremo Tribunal. Porém, ao mesmo tempo, o tribunal emitiu uma ordem provisória proibindo o governo de destinar recursos para estudantes ultraortodoxos que sejam elegíveis para o alistamento militar.
As Forças de Ocupação Israelense apontam que, nos últimos dois anos, cerca de 66 mil jovens ultraortodoxos foram liberados do serviço militar. Diante da convocação de 300 mil reservistas após o 7 de Outubro, o sionismo precisa incluir mais setores da população na sua máquina de guerra. Desde então, essa convocação já foi ampliada, incluindo o adiamento de aposentadoria de reservistas ativos.
Ainda em março, o rabino-chefe sefardita Yitzhak Yosef ameaçou uma evasão em massa dos ultraortodoxos: “se vocês os forçarem a ir para o exército, todos nós nos mudaremos para o exterior”. A ameaça tem maior peso porque ele é filho de Ovadia Yosef, líder do Partido Shas, aliado importante na coligação de Netaniahu.
Essa situação reflete parte da crise da ocupação israelense, um “país” cada vez mais dividido e com seu poderio militar extremamente enfraquecido pela ação da resistência palestina. No caso dos ultraortodoxos, qualquer encaminhamento só dará resultados diferentes para um problema que não parece que será resolvido.