Em meio à Revolução Palestina que avança a cada dia, um dos cenários das batalhas diárias do povo palestino contra a ditadura de “Israel” é o campo de refugiados de Nur Shams. Aliás, estando localizado na Cisjordânia, na província de Tulcarém, lá também a resistência luta não apenas contra as forças israelenses de ocupação, mas também contra os colonos israelenses (milícias fascistas do sionismo) e contra o aparato de repressão da Autoridade Palestina (serviçal de “Israel” e do imperialismo).
Embora a maioria dos campos de refugiados palestinos tenha sido criada já em 1948, à medida em que a Nakba era desatada, Nur Shams foi criado no ano de 1952, pois a Cisjordânia só foi tomada de “Israel” pela Jordânia em 1950. O que levou à criação do campo, para além da limpeza étnica que o sionismo perpetrou na Palestina, foi que uma tempestade de neve em Jenin destruiu as barracas de muitos palestinos que se refugiavam no local, forçando-os a se deslocarem para Tulcarém, onde Nur Shams foi estabelecido. A maioria desses palestinos vieram de aldeias na região de Haifa.
Assim como se deu com os outros campos de refugiados palestinos, foi criado pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês). Seu nome é em referência à prisão de Nur Shams, que foi usada pelos britânicos durante seu Mandato colonial sobre a Palestina. Conforme informações do portal Palestine Remembered, essa prisão era destinada àqueles condenados às mais graves penas, quais sejam, penas perpétuas e de morte. No portal, consta que “é provável que o campo tenha recebido o nome Noor Shams devido à sua localização descoberta durante o dia sob os raios solares, que queimavam os corpos dos prisioneiros durante o calor intenso”.
Como vem sendo frisado por este Diário na série de matérias sobre os campos de refugiados palestinos, eles são locais a partir dos quais o povo palestino organiza sua resistência ao sionismo. Não é diferente com Nur Shams. Desde que “Israel” intensificou sua ditadura nazista contra a Cisjordânia desde o 7 de outubro, com o objetivo de afogar em sangue a Revolução Palestina, o povo vem resistindo, especialmente através de organizações da resistência como as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa – Brigadas de Tulcarém e as Brigadas de Al-Quds – Brigadas de Tulcarém.
Isto não é coincidência, afinal, a resistência palestina ao sionismo e ao imperialismo, na região de Nur Shams, data até mesmo à época do Mandato Britânico. Quando da Revolução Palestina de 1936 – 1939, em 21 de junho de 1936, ocorreu a Batalha de Anabta, ou de Nur Shams.
Segundo a escritora palestina Sonia Nimr, a batalha foi “foi talvez o confronto mais importante” ocorrido em meio à greve geral que ocorreu no início da Revolução. As tropas inicialmente mobilizadas pelo império britânico não conseguiram conter a resistência. De forma que foi necessário ao exército imperial recorrer a quase 500 soldados para derrotar cerca de 60 a 70 guerrilheiros árabes-palestinos. Abd al-Rahim al-Hajj Muhammad foi um dos comandantes da insurgência e, em razão de sua liderança da Batalha de Nur Shams, as forças de pressão do império britânico emitiram ordem de prisão contra ele. O guerrilheiro foi assassinado em 1939, último ano da Revolução.
Ainda vale ressaltar que a tática insurgente adotada na Batalha de Nur Shams, de atacar comboios, e então se dispersar em meio ao povo, que estava mobilizado contra o imperialismo e o sionismo, levou o imperialismo britânico a reorganizar sua estratégia sob o guia de Orde Wingate, um dos principais militares a organizar a repressão fascista britânica e sionista contra a Revolução Palestina e a profissionalizar a Haganá, principal milícia fascista do sionismo.
Contudo, após de mais de um século de colonialismo, imperialismo e repressão, o povo palestino continua lutando contra “Israel” e os países imperialistas que estão por trás desse Estado artificial.
Não só a resistência palestina não foi destruída, como está mais forte do que nunca, de forma que as forças israelenses de ocupação, que nos últimos dias têm invadido o campo para eliminar a resistência, vêm sendo recebidas a tiros:
No último dia 21 de março, as brigadas palestinas citadas acima forçaram as forças invasoras a se retiraram de Nur Shams, conforme noticiado através do canal Resistance News Network, na plataforma Telegram. É questão de tempo até que isto ocorra novamente.