Nesta semana, o Haaretz, maior jornal de “Israel”, afirmou que os israelenses deveriam “se preparar para uma guerra civil”. O veículo de orientação sionista aponta as contradições abertas na sociedade israelense.
O veículo aponta como os manifestantes contrários à guerra estão sendo caracterizados como traidores. Segundo a coalizão de extrema direita que governa o país, os manifestantes estariam “minando a nação e os seus soldados na linha da frente”. Ocorre que as forças aramadas israelense passaram a distribuir armas de fogo aos colonos partidários de sua posição política, fortalecendo as milícias fascistas presentes na região.
O Haaretz, então, faz o seguinte questionamento: “imagine o que acontecerá quando as multidões saírem às ruas enquanto um conflito assola no fundo. As ruas se tornarão voláteis e explosivas”.
Algo que chama a atenção nesse caso é que a própria imprensa sionista está denunciando a grave situação social em “Israel”. Tais veículos, em condições normais, estariam dando pleno apoio ao governo ou, ao menos, evitariam apresentar a situação do Estado sionista de maneira tão negativa. Principalmente durante um período beligerante como o atual, com uma guerra aberta e diversos conflitos menores que podem escalar para uma guerra total.
Falência do regime sionista
Os acontecimentos demonstram a amplitude da crise no governo de Benjamin Netanyahu, concomitante com a crise em setores do próprio regime político. Especialmente os setores relacionados ao Partido Democrata, principal ala do imperialismo.
Esses setores do imperialismo passam a ver o fim do governo de Netanyahu como melhor saída para a crise em “Israel”, tomando abertamente partido a favor da implosão desse governo.
Dois pontos na situação são implacáveis com o governo Netanyahu. O primeiro ponto é o fato de o governo não ter compridos suas promessas de guerra e ainda ter sofrido significativas baixas econômicas e humanas.
A principal promessa de Netanyahu de “exterminar o Hamas” esta muito distante da realidade. Outra meta de “Israel”, ocupar totalmente a Faixa de Gaza, demonstra-se inviável mesmo com a supremacia do seu arsenal,
A libertação dos prisioneiros, à exceção de um indivíduo, ocorreram apenas mediante trocas com os prisioneiros ilegais feitos por “Israel”. Ainda restam oficialmente cem prisioneiros israelenses com os combatentes palestinos.
O oposto de Putin
Um governo estável, que goze de certa tranquilidade, em momento belicoso afirmaria: nos apoie nas ruas que, no campo de batalha, garantiremos a vitória. Um bom exemplo disso foi o discurso de ano novo de Vladimir Putin, no dia 31 de dezembro de 2023.
“No ano que está acabando nós trabalhamos muito e fizemos muito, nos orgulhamos de nossas conquistas comuns, nos alegramos com nossos sucessos e fomos firmes na defesa de nossos interesses nacionais, nossa liberdade e segurança, nossos valores, que têm sido e continuam sendo um pilar indestrutível para nós.
(…) Nós já demonstramos várias vezes que sabemos resolver as tarefas mais complexas e nunca vamos desistir, pois não existe uma tal força capaz de nos desunir, de fazer nos esquecer a memória e a crença de nossos pais, parar nosso desenvolvimento. Queridos amigos, em cada época a chegada do ano novo representa também esperanças positivas, a vontade sincera de alegrar os nossos entes queridos”.
A situação em “Israel” é exatamente oposta. O governo Netanyahu tem uma postura desesperada, clamando que seus cidadãos saiam de armas em punhos. Sua atitude lembra muito a de Zelensky, outro desesperado com a situação do seu governo.
Bicho acuado
As declarações e a totalidade das ações do governo Netanyahu são de quem se vê em situação de perigo, ameaçado. Para um governo fascista estabelecido, como o sionista, recorrer às milícias significa uma situação desesperadora.
As colocações do Haaretz expõem isso. Fazem uma crítica à postura do Netanyahu, demonstrando haver uma forte segregação entre setores importantes do sionismo.
A escalda do conflito, possibilitando até uma guerra civil, é uma consequência da altíssima agressividade da política do Netanyahu. Que nesse momento tende a ser menos “político”, conforme desejaria o Partido Democrata norte-americano, e seguir os setores mais radicais do sionismo. O grande problema para o Netanyahu e esses setores é que a resistência palestina persiste, Gaza segue afirmando sua soberania no território.