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Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Coluna

Cisjordânia e Iraque, os barris de pólvora de 2024

A ocupação militar da Cisjordânia, começada em 1967, e do Iraque, em 2003, ambas pode ser derrotadas ainda esse ano pela luta armada do povo árabe

O ano de 2024 começou com a escalada da guerra no Oriente Médio. O estado artificial de Israel e os EUA atacaram a Síria, o Irã, o Iraque, o Iêmen e o Líbano, além dos ataques constantes a Palestina. Mas há dois locais específicos onde a crise está atingindo o ponto de ebulição, um ponto de virada na dominação imperialista; o Iraque e a Cisjordânia ocupada (Palestina). Em 2024 é possível que se assista algo muito semelhante ao que houve com o Talibã em 2021, isto é, uma derrota humilhante do imperialismo.

No Iraque, em certo sentido, as condições já estão dadas. O país está na prática em guerra com os norte-americanos. A invasão do Iraque em 2003, após ser derrotada pelas guerrilhas xiitas, se transformou em uma ocupação de baixa intensidade, com bases militares, ao estilo do que existe na África. O motivo que os norte-americanos apresentam para ficar no Iraque é o Estado Islâmico, eles estariam lá para combater a organização. No entanto, quem o derrotou foram justamente as guerrilhas iraquianas, unificadas nas Forças de Mobilização Popular, com o apoio do Irã, a Força Quds cujo dirigente principal era Qassem Soleimani.

As Forças de Mobilização Popular, após derrotar o Estado Islâmico, voltaram suas armas contra um inimigo ainda maior: os norte-americanos e, isso se radicalizou quando começou o genocídio na Faixa de Gaza. Desde então, as bases dos EUA no Iraque e na Síria foram atacados pelas FMP mais de 130 vezes. Os EUA retaliaram assassinado dois comandantes das FMP, o que impulsionou mais ainda os ataques aos EUA. O que não pode ser ignorado é que o governo atual do Iraque tem como uma de suas bases das FMP que são consideradas parte das forças armadas iraquianas. Ou seja, há uma guerra, que não foi oficialmente declarada, entre o Iraque e os EUA.

O governo Biden afirmou que não vai se retirar, as guerrilhas falaram que não irão parar os ataques até a retirada total das tropas. O primeiro-ministro Al-Sudani começou o processo formal para a retirada das tropas iraquianas. A situação chegou em um impasse e, claramente, ela será resolvida por meio da força. Mas se o imperialismo não foi capaz de deter o Talibã em 2021, é quase impossível que consiga enfrentar as FMP do Iraque, apoiadas pelo Irã, um dos países mais industrializados do Oriente Médio, que, por sua vez, quer retaliar os EUA pelos ataques que sofreu nas últimas semanas (assassinato do general Mousavi e atentado a bomba em Kerman).

Na Cisjordânia a situação é mais difícil. A ocupação militar israelense é total, o exército de “Israel” controla todo o território desde 1967. Mas a conjuntura mudou completamente nos últimos anos. As organizações da resistência armada Palestina na Cisjordânia em 2023 atingiram seu nível mais armado e organizado. E isso se deu antes do início da guerra atual. A situação era tão crítica que “Israel” retirou tropas do entorno de Gaza e as colocou na Cisjordânia com medo das brigadas armadas palestinas. Só que a adesão a luta armada cresceu exponencialmente desde o início do genocídio em Gaza. Pesquisa indicam que a popularidade do Hamas chegou a triplicar na Cisjordânia.

Os israelenses estão realizando operações violentíssimas contra todas as principais cidades palestinas da Cisjordânia desde outubro. As brigadas não tem tanto armamento quanto o Hamas e, não tem a defesa estratégica que existe em Gaza, com um grande complexo de túneis e muitos escombros onde se esconder. Nesse sentido não obtém tantas vitórias militares, mesmo assim, cada vez mais os israelenses têm baixas, tantos de soldados quanto de veículos na Cisjordânia. O principal foco de resistência está no “triangulo do fogo”, Tulcarem, Nablus e Jenin. Lá já houve vitória militares expressivas (dado o tamanho do confronto) da resistência Palestina.

O último acontecimento que mostra que se chegou no ponto de virada, aconteceu em Tulcarem. A cidade Palestina foi atacada por 50h pelos israelenses que recuaram no fim. Eles retornaram em uma nova invasão e assassinaram jovens palestinos. Após esse acontecimento, as brigadas de Tulcarem declararam que irão partir para a ofensiva contra os postos militares de israelenses. Com a crescente desmoralização do exército sionista e o crescente apoio a luta armada, isso pode crescer exponencialmente. Soma-se a isso que o Hamas desenvolveu técnicas baratas para combater os israelenses, o que pode facilmente se espalhara para a Cisjordânia.

Para os palestinos a situação é mais difícil que no Iraque, mas, ao mesmo tempo, toda a população está em um levante contra “Israel” o que é ainda mais importante do que estar mais militarmente equipado. Fato é que, quanto mais durar a guerra em Gaza, mais “Israel” arrisca ser expulsa de uma vez por todas da Cisjordânia e os EUA do Iraque. E a melhor notícia é, mesmo quando a guerra acabar em Gaza, essa ainda será a tendência. A derrota do imperialismo tende a ser um estímulo ainda maior que o próprio genocídio de palestinos.

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