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Genocídio na Palestina

Cessar-fogo: um passo adiante na luta contra ‘Israel’

Segundo o Hamas, é necessário “alcançar um cessar-fogo permanente que leve à retirada de todas as forças sionistas da Faixa de Gaza"

Nesta segunda-feira (25), o Conselho de Segurança da ONU (CSNU) aprovou a Resolução nº 2728, determinando um cessar-fogo imediato entre “Israel” e a resistência palestina para durar durante o mês do Ramadã, que termina no dia 9 de abril. No texto da resolução, é expresso que essa medida temporária deve conduzir “a um cessar-fogo duradouro e sustentável”. Foi igualmente determinada “a libertação imediata e incondicional de todos os reféns”. 

A resolução foi aprovada por 14 dos 15 membros do CSNU, com uma abstenção: a dos Estados Unidos. Desta vez, o principal país do imperialismo norte-americano apenas se absteve. Em três vezes anteriores, em que resoluções de cessar-fogo foram propostas, os EUA vetaram.

Proposto pelos membros não permanentes do Conselho, e patrocinado pela Argélia, o texto original da resolução previa um cessar-fogo permanente, mas foi alterado no decorrer de sua tramitação para constar uma trégua temporária. Ainda, a atual resolução foi proposta após a resolução anterior, de autoria dos EUA, ter sido vetada pela Rússia e China. Afinal, o projeto de resolução anterior não só não continha a proposta de um cessar-fogo, como ainda condenava o Hamas como uma organização terrorista.

Já a Resolução nº 2728 não condena o Hamas, razão pela qual os Estados Unidos se abstiveram da votação, conforme deixou claro a própria embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield:

“Algumas edições importantes foram ignoradas, incluindo o nosso pedido para adicionar uma condenação ao Hamas.”

No mesmo sentido foi a declaração à imprensa publicada no portal do Departamento de Estado norte-americano:

“Dado que o texto final não contém uma linguagem fundamental que consideramos essencial, nomeadamente uma condenação do Hamas, não pudemos apoiá-lo. Esta incapacidade de condenar o Hamas é particularmente difícil de compreender dias depois de o mundo ter testemunhado mais uma vez os atos horríveis cometidos por grupos terroristas.”

Quanto ao embaixador de “Israel”, o mesmo declarou que a abstenção dos EUA é “um claro retrocesso em relação à sua posição constante no Conselho de Segurança desde o início da guerra”, acrescentando que a resolução não conter uma condenação à operação Dilúvio de Al-Aqsa “é uma desgraça”.

No mesmo sentido, o gabinete do primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, publicou comunicado declarando que a abstenção dos EUA foi um “um claro recuo da posição consistente dos EUA no Conselho de Segurança desde o início da guerra”, algo que “dá ao Hamas a esperança de que a pressão internacional lhes permitirá obter um cessar-fogo sem libertar nossos reféns”. Depois disso, cancelou viagem que uma delegação de funcionários de seu governo faria a Washington para discutir alternativas à invasão a Rafá.

Quanto à resolução, ressalta-se que a Rússia propôs uma emenda, na tentativa de restaurar o texto original, pedindo para que o cessar-fogo fosse permanente. Contudo, a emenda foi vetada pelos EUA, uma demonstração de que o imperialismo não está interessado em acabar com o genocídio.

Sobre o fato de o cessar-fogo não ser permanente, Vassily Nebenzia, embaixador da Rússia, declarou que “aqueles que fornecem cobertura a Israel ainda querem dar-lhe carta-branca”.

Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), comentou sobre o cessar-fogo na edição mais recente do programa Análise Internacional. Segundo Pimenta, “a resolução é um passo adiante”, sendo que a decisão tomada pelos Estados Unidos de não vetar, mas apenas se abster, é em razão de considerarem “que a situação chegou em um limite; que é difícil de sustentar o que está acontecendo na Faixa de Gaza”. Ao comentar sob a cláusula que condiciona o cessar-fogo à libertação incondicional de reféns, o presidente do PCO acredita ser difícil que isto venha a acontecer:

“Eles falam, na resolução, em libertação incondicional dos reféns. Acho que isso daí, na minha opinião, acho um pouco difícil que aconteça.”

Apesar disto, os partidos e organizações da resistência palestina também receberam o cessar-fogo como um “passo adiante”. Nesse sentido, em nota oficial, o Hamas saudou “o apelo de hoje do Conselho de Segurança da ONU por um cessar-fogo imediato”. Contudo, deixando claro que a luta contra “Israel” continua, o partido afirmou que o cessar-fogo temporário não é suficiente, e enfatizou a “necessidade de alcançar um cessar-fogo permanente que leve à retirada de todas as forças sionistas da Faixa de Gaza e ao retorno dos deslocados às suas casas das quais foram expulsos”.

Acrescentando em declaração à emissora Al-Arabi, um dirigente do Hamas – Mahmoud Mardawi – disse que a decisão é importante “desde que ‘Israel’ seja obrigada a segui-la”, deixando expresso que “nós iremos nos comprometer com a decisão do Conselho de Segurança se a ocupação israelense se comprometer com ela”.

No mesmo sentido foi o pronunciamento da Frente Popular pela Libertação da Palestina, que declarou que “a adoção hoje pelo Conselho de Segurança da ONU de uma resolução para um cessar-fogo imediato deve ser um passo em direção a uma cessação sustentável da agressão na Faixa de Gaza, uma quebra incondicional do cerco, o retorno de todas as pessoas deslocadas para suas casas de onde foram deslocadas, e a conclusão de um acordo de troca de prisioneiros através do qual nossos prisioneiros dos cárceres da ocupação sejam libertos, e mais importante, obrigando a ocupação a implementar essa resolução“.

Enquanto isto, “Israel” continua sua ocupação criminosa do Hospital Al-Shifa. Neste sexto-dia, já são mais de 450 presos pelo regime sionista. Segundo relatos colhidos pela Rede Euro-Mediterrânea de Direitos Humanos, “as forças israelenses usaram civis, incluindo pacientes e indivíduos deslocados dentro do Complexo Médico de Shifa, como escudos humanos, explorando-os para proteger as suas operações militares dentro do hospital.Além dos ataques a Al-Shifa, “Israel” estendeu sua ofensiva a complexos médicos aos hospitais al-Amal e Nasser em Khan Younis.

São sinais de que os sionistas não respeitarão o cessar-fogo temporário. Isso torna necessário a todos os povos oprimidos intensificar as mobilizações em apoio aos palestinos e às organizações que travam a luta armada por sua libertação nacional, em especial o Hamas.

Leia abaixo, na íntegra, a declaração do Hamas sobre a resolução sobre o cessar-fogo:

Em nome de Alá, o Misericordioso, o Clemente.

O Movimento de Resistência Islâmica Hamas saúda o apelo de hoje do Conselho de Segurança da ONU por um cessar-fogo imediato. Enfatizamos a necessidade de alcançar um cessar-fogo permanente que leve à retirada de todas as forças sionistas da Faixa de Gaza e ao retorno dos deslocados às suas casas das quais foram expulsos.

Também afirmamos nossa prontidão para nos engajar imediatamente em um processo de troca de prisioneiros que resulte na libertação de prisioneiros detidos por ambos os lados.

No contexto do texto da resolução, enfatizamos a importância da liberdade de movimento para os cidadãos palestinos e a entrada de todas as necessidades humanitárias para todos os residentes, em todas as áreas da Faixa de Gaza, incluindo equipamentos pesados para remover escombros, para que possamos enterrar nossos mártires que estão sob os escombros há meses.

O Hamas apela ao Conselho de Segurança para pressionar a ocupação a cumprir o cessar-fogo e parar a guerra genocida e a limpeza étnica contra nosso povo.

O Hamas reafirma o direito de nosso povo palestino de estabelecer seu estado palestino independente e soberano, com al-Quds [Jerusalém] como sua capital, e o direito ao retorno, autodeterminação, segundo as resoluções internacionais e o direito internacional.

O Hamas aprecia os esforços de nossos irmãos na Argélia e todos os países no Conselho de Segurança que têm apoiado e continuam a apoiar nosso povo, e trabalham para parar a agressão e a guerra genocida sionista.

Segunda-feira: 15 Ramadã 1445 AH
Correspondente a: 25 de março de 2024

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