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Guerra na Palestina

Cessar-fogo: Hamas deixa ‘Israel’ sem ter para onde correr

Acordo que resulte no fim da ocupação israelense em Gaza seria uma vitória monumental para o Hamas e todo o povo palestino

Nesse domingo (3), foram retomadas no Cairo, Egito, as negociações para um cessar-fogo entre a resistência palestina, liderada pelo Hamas, e “Israel”.

A retomada das tratativas ocorreu na esteira do Massacre da Farinha, mais uma das atrocidades cometidas por “Israel” em meio a um genocídio que já martirizou mais de 30 mil palestinos, dos quais pelo menos 12 mil crianças e 9 mil mulheres.

Uma delegação do Hamas esteve presente na capital do país norte-africano. Contudo, “Israel” resolveu boicotar as negociações e não compareceu. A justificativa cínica: o Hamas não teria fornecido a lista exata dos prisioneiros israelenses. Como se “Israel” tivesse fornecido o nome e o estado de saúde e integridade física dos mais de 12 mil palestinos (inclusas mulheres e crianças) que estão presos nas masmorras israelenses.

Apesar disto, conforme noticiado pela emissora libanesa Al Mayadeen nessa segunda-feira (4), uma fonte na resistência palestina teria dito que o cessar-fogo ainda é possível, apesar da sabotagem israelense:

“Apesar destes obstáculos, a possibilidade de chegar a um acordo ainda é viável, especialmente porque a ocupação está sofrendo duros golpes em Khan Younis e no bairro de al-Zaytoun.”

A mesma fonte acrescentou quais são os principais pontos de discórdia na realização do acordo:

“A retirada das forças de ocupação israelenses e o regresso dos deslocados, do sul para o norte de Gaza, são os principais pontos de discórdia, assim como o levantamento do bloqueio ao norte de Gaza.”

Nessa segunda-feira (4), o ministro das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina, Riyad al-Maliki, diz esperar que um cessar-fogo ocorra antes do Ramadã, demonstrando preocupação com as provocações de Ben Gvir e da extrema direita israelense contra a Mesquita de al-Aqsa. Na mesma ocasião, declarou que a recente reunião dos partidos e organizações palestinos em Moscou, Rússia, foi bem frutífera.

Quanto ao principal país imperialista, vale citar que Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, declarou que “dada a escala imensa do sofrimento em Gaza, é necessário que haja um cessar-fogo”. É claro, instando que o Hamas liberte os prisioneiros israelenses, sem sequer mencionar os palestinos. Nesse sentido, a rede Al Jazeera noticiou que um alto funcionário do governo dos EUA disse que “Israel” está próximo de aceitar um cessar-fogo. Contudo, novamente, diz depender do Hamas:

“Existe um acordo-quadro. Os israelenses aceitaram isso mais ou menos. Neste momento, a bola está no campo do Hamas.”

Ainda segundo a Al Jazeera, citado o funcionário do imperialismo norte-americano, “a proposta-quadro inclui um cessar-fogo de seis semanas, bem como a libertação pelo Hamas de prisioneiros considerados vulneráveis, o que inclui doentes, feridos, idosos e mulheres”. 

Contudo, os principais termos apresentados pelo Hamas para o cessar-fogo são:

  • O fim do bloqueio à Faixa de Gaza, permitindo o ingresso desimpedido de ajuda humanitária, materiais necessários à reconstrução da infraestrutura destruída;
  • A libertação de todos os prisioneiros palestinos (mais de 12 mil), em troca dos prisioneiros israelenses (um pouco mais de cem pessoas);
  • Um cessar-fogo permanente, e não apenas de seis semanas.

O único ponto flexível na negociação, segundo o Hamas, seria a quantidade dos prisioneiros a serem libertos.

Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), comentou a respeito do cessar-fogo no programa Análise Internacional dessa segunda-feira (4). Segundo o dirigente revolucionário, os termos postos pelo Hamas são uma demonstração de que o partido, e seu braço armado, as Brigadas al-Qassam, estão em uma posição militar de tranquilidade. Afinal, desde o começo do conflito, “Israel” só teve baixas, sem conseguir objetivos militares contra a resistência.

Além disto, Pimenta destacou que “o Hamas está trabalhando com um objetivo político muito concreto: acabar com a ocupação israelense em Gaza”. De forma que “se os israelenses aceitarem o acordo, Gaza vai se transformar virtualmente num Estado independente”. E isto “seria uma vitória espetacular do povo palestino”.

O presidente do PCO então denunciou a questão dos prisioneiros palestinos, expondo o quão grotesco é quando se fala que o Hamas deve libertar os “reféns”, mas se esquece de mencionar que “Israel” mantém milhares de palestinos presos arbitrariamente há anos, incluindo mulheres e crianças, e que, atualmente, esse número chega a 12 mil:

“Eu acho que os israelenses estão entre a espada e a parede. Não tem muito para onde correr. Eles têm que encontrar um termo comum. Eu acho que a parte negociável é a quantidade dos reféns. Vamos esclarecer algo: os palestinos que estão na mão dos israelenses são 12.000 pessoas. É uma coisa assim que fere o ouvido quando a gente ouve – ou quando a gente lê fere os olhos. Você lê pessoas de esquerda, o próprio Lula eventualmente falando que é preciso libertar os reféns. Mas e os palestinos? E as crianças palestinas que estão presas? E os palestinos que foram torturados nas prisões israelenses? Pessoas que estão presas, que não têm julgamento.”

Então, o presidente do PCO expõe que, em “Israel”, existe uma forma profundamente arbitrária de prisão, que é a prisão administrativa, através da qual o Estado sionista encarcera arbitrariamente palestinos, mantendo-os presos indefinidamente sem qualquer julgamento:

“Os israelenses têm um tipo de prisão administrativa que eles podem prender qualquer pessoa por tempo indeterminado, sem julgar a pessoa e sem a pessoa ter expectativa de ser libertada. Por que ninguém fala disto?”, questiona Pimenta, ironizando, em seguinte: “porque palestino não é gente todo mundo fala sobre os 134 reféns nas mãos do Hamas. Mas, do outro, tem 100 vezes mais gente presa. Nós estamos aprendendo aqui nessa crise da Palestina que tem pessoas que valem alguma coisa e pessoas que não valem nada, que são lixo humano: são os palestinos. Palestina é lixo humano. Ninguém fala nada dos presos palestinos”.

Assim, à medida que a guerra se prolonga, e “Israel” segue assassinando civis palestinos sem conseguir absolutamente nenhum objetivo militar significativo contra a resistência, um cessar-fogo fica cada vez mais provável.

Afinal, a Palestina vive uma revolução, com o povo se organizando em armas diariamente contra o Estado sionista.

E, conforme apontou Pimenta, um cessar-fogo que resulte no fim da ocupação israelense em Gaza seria uma vitória monumental para o Hamas e todo o povo palestino.

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