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Judiciário

Caso Daniel Alves é pretexto para defesa da punição ‘educativa’

A imprensa burguesa utiliza as acusações contra Robinho e Daniel Alves para defender mais punição e fingir que tudo pode ser resolvido com educação.

Daniel Alves

O caso Daniel Alves tem sido um terreno fértil para todo tipo de oportunista se manifestar e atacar o futebol brasileiro. A Folha de S. Paulo, com seus ‘especialistas’, tem se empenhado em atacar nossos jogadores. Desta vez, publica um artigo assinado por Luca Bombana sob o título “Condenação de Daniel Alves se soma à de Robinho e coloca em xeque a formação dos atletas”.

O artigo repete aquilo que a esquerda pequeno-burguesa gosta de copiar, que um dos problemas está na educação, como no trecho a seguir: Segundo Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva e sócio-fundador da iO Diversidade, a formação dos atletas muitas vezes prioriza apenas o desenvolvimento técnico e físico, sem considerar a educação moral e ética. ‘Há uma carência de debates e ações educativas sobre temas como violência contra a mulher, respeito às diferenças e consentimento sexual.’.

Em que a formação de um atleta difere da formação de qualquer outra categoria? A questão do estupro seria um problema de ‘formação’ ou de ‘educação’? Como se não bastasse essa falácia, o articulista traz a opinião de outro ‘especialista’, Eduardo Cillo, coordenador de psicologia esportiva do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que diz que “no processo de formação dos jogadores de futebol, os clubes buscam desenvolver atletas confiantes, que possam se impor em campo e superar os adversários, o que acaba atribuindo a eles ares heroicos sob o ponto de vista do torcedor”. E que isso traria um problema porque supostamente “a gente acaba, em muitos momentos, mimando o jogador, fazendo com que ele acredite que pode tudo, principalmente dentro de campo. Só que, por vezes, esse sentimento se estende para além das quatro linhas e acaba que alguns realmente ultrapassam limites”.

Os clubes buscam desenvolver atletas confiantes porque é assim que funciona o esporte, o objetivo é vencer adversários. Ou será que veremos clubes trocando seus horários de treino por cursos de Filosofia? Afirmar que um atleta pode acreditar que ‘pode tudo’ para além das quatro linhas não passa de achismo.

A questão levantada sobre jogadores ‘mimados’ é completamente absurda. Homens mimados são potenciais estupradores?

Outra ‘especialista’, Roberta Negrini, “vice-presidente de inclusão e diversidade do Sport, assinala que as condenações devem servir para que os dirigentes de futebol reflitam sobre o papel que exercem durante o período de formação dos atletas desde a adolescência nas categorias de base até a vida adulta no profissional”.

Essa é outra ilusão que a esquerda pequeno-burguesa também gosta de abraçar: que condenações vão coibir infrações ou mesmo provocar algum tipo de reflexão. Além disso, nenhum dirigente de futebol vai se preocupar com um eventual papel que possa exercer na formação dos atletas, eles estão em busca de talentos, ponto final.

Negrini também afirma que Esses homens agressores, estupradores, violentos, foram crianças que um dia saíram de suas casas muito pequenos, muitas vezes de famílias desestruturadas. E a gente instantaneamente transforma essas pessoas em ídolos. E essas pessoas, por viverem dentro de um país onde a impunidade reina, saem daqui achando que com dinheiro, fama e poder podem fazer qualquer coisa. O que Roberta Negrini tem a dizer sobre homens ricos? Ninguém supera os burgueses em termos de abuso de mulheres, especialmente as da classe trabalhadora.

A cadeia como educação

Para os ‘especialistas’ que aparecem no artigo, A condenação tira os ídolos do olimpo da idolatria, expondo a hipocrisia e o machismo presentes na sociedade”. Ou, “O status de celebridade e a falta de punição rigorosa para crimes cometidos por jogadores, acrescenta, contribuem para a perpetuação de comportamentos abusivos”. E ainda “Ambas as condenações [Robinho e Daniel Alves] representam um grande avanço na capacidade de resposta e reparação às vítimas de violência sexual, uma resposta à impunidade, uma resposta ao silenciamento”.

E não para por aí, Cillo exalta a reação da torcida corintiana à contratação do técnico Cuca, como sinais de uma mudança na percepção da sociedade em relação ao abuso contra as mulheres, seja ele praticado por um jogador ou por qualquer outra pessoa. A campanha contra Cuca foi encampada pela imprensa burguesa. O ‘especialista’ e guardião da moralidade, Walter Casagrande, comentarista da Folha de S. Paulo, disse que ‘contratação de Cuca é jogar a história da Democracia Corinthiana no lixo”.

Pois bem, já que Casagrande está tão preocupado com a democracia, deveria considerar o fato de que as acusações contra Cuca remetem ao tempo quando ainda era jogador e tinha 24 anos. Cuca, hoje com 60 anos, nega que tenha praticado um estupro. Além disso, o caso já prescreveu e o técnico teria o direito democrático de tocar a sua vida. O beato Casagrande não acha estranho trabalhar na Folha de S.Paulo, empresa que participou da repressão durante a Ditadura Militar que não apenas estuprou, mas torturou e matou pessoas que lutavam pela democracia.

O essencial

Na verdade, a imprensa burguesa, bem como a esquerda identitária, não coloca o dedo na ferida, não discute o essencial: o problema do estupro está relacionado à sociedade dividida em classes e no papel subalterno ao qual as mulheres estão submetidas.

O estupro, a agressão das mulheres só podem ser solucionados com a emancipação da classe trabalhadora. Medidas paliativas são inócuas. Desde a Lei do Desarmamento, por exemplo, que fingia visar a proteção das mulheres, o número de mulheres assassinadas apenas aumentou, o que já era esperado, pois as contradições sociais também aumentaram. A renda está cada vez mais concentrada e a classe trabalhadora a cada dia mais pobre. Quem vai acreditar em uma conscientização pela educação se no capitalismo o ensino está completamente falido?

Toda essa conversa moralista que, no fundo, só quer saber de colocar mais gente na cadeia, serve apenas para ocultar o verdadeiro problema da agressão contra as mulheres, serve para colocar a culpa nas pessoas e tirar a responsabilidade das costas da burguesia, que se empenha em atirar a humanidade na pobreza e na violência.

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