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Coluna

Carlos Langoni: mais um agente imperialista da ditadura no BC

Estamos falando agora, de mais um tecnocrata do Banco Central, que através de fundações e universidades americanas estabelece o vínculo entre o Brasil e os Estados Unidos

Estamos falando agora, de mais um tecnocrata do Banco Central, que através de fundações e universidades americanas estabelece o vínculo entre o Brasil e os Estados Unidos; como se fosse uma “ponte” estratégico entre o Brasil e o imperialismo a serviço da classe dominante via ditadura e mercado financeiro.

Em 1963 ingressou na Faculdade Nacional de Economia no RJ, se graduou em 1966 e concluiu o doutorado em Economia na Universidade de Chicago nos EUA em 1970 a partir de uma bolsa na Fundação Ford. Algumas incursões na carreira acadêmica de Carlos Langoni chamam a atenção no que diz respeito as suas filiações ideológicas a partir do seu itinerário acadêmico. A bolsa de estudos no ensino secundário com o patrocínio da FGV; uma conservadora Faculdade Nacional de Economia e por fim um vínculo estreito entre a realização do curso de doutorado na Universidade de Chicago com uma bolsa de estudos da Fundação Ford está no cardápio das instituições bastante conservadoras e de espectro de formação liberal anticomunista. Segundo Fontes (2010; p. 245): “Sabemos que a coerção teve importante papel (e mencionamos alguns de seus episódios): sabemos também que a coligação entre os aparelhos privados de hegemonia de base empresarial, sob o predomínio neoliberal, utilizou-se uma formidável máquina de propaganda, através de todos os meios de comunicação, atingindo inclusive os estudantes”.

A formação intelectual e acadêmica de Carlos Langoni coaduna com a posição dos liberais tecnocratas que já estavam inseridos nas instituições estratégicas do campo econômico e financeiro do período do desenvolvimentismo e a partir desse momento, entre a graduação no Rio de Janeiro e o seu doutorado na Universidade de Chicago a carreira de Langoni entra no circuito das elites políticas e tecnocráticas.

Os percursos relevantes e os capitais de Langoni cabem algumas incursões sociológicas relevantes, mas podemos destacar, que nesse caso, não conseguimos informações suficientes de berço familiar para apontarmos com maior clareza o seu pertencimento de início na classe dominante ou frações de classe burguesas. Devemos mencionar mais uma vez que precisaríamos de uma varredura genealógica mais profunda para conseguimos descortinar com maior nitidez a natureza sociológica de Carlos Langoni, algo que podemos indicar como tarefa para as próximas pesquisas.

Segundo o acervo biográfico do CPDOC-FGV http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/langoni-carlos-geraldo

Ao retornar ao Brasil, Langoni foi convidado por Affonso Celso Pastore e Antônio Carlos Rocca para trabalhar no Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP), onde estruturou o programa de pós-graduação e a Revista de Estudos Econômicos. Sua tese de doutorado (1970) “The Sources of Brazilian Economic Growth”, publicada como livro em 1974 (As Causas do Crescimento Econômico do Brasil), iniciou um importante debate sobre a relação entre educação, crescimento e, mais tarde, distribuição de renda no Brasil com outro livro (Distribuição de Renda e Desenvolvimento Econômico do Brasil, 1973). Influenciado pelo trabalho de Theodore Schultz, seu professor em Chicago e orientador de sua tese, Langoni calculou o retorno do investimento em educação (capital humano), desenvolvendo uma estimativa a partir de dados sobre custos de educação nos níveis fundamental, médio e superior. Langoni esperava encontrar uma demanda muito significativa de mão-de-obra qualificada devido ao processo de crescimento da indústria brasileira. Seu trabalho constatou que a rentabilidade social da educação no Brasil era em média de cerca de 25%, enquanto no capital físico era de 12%. Duas outras conclusões foram que a diferença salarial daqueles que haviam completado o ensino fundamental em relação aos analfabetos era de cerca de 32% em 1969. E o ensino fundamental completo, comparado ao ensino médio completo, dava um retorno de quase 20%.

Os economistas Samuel Pessôa, William Sumerhill e Edmilson Varejão, em trabalho que dialoga com o de Langoni, mostraram que os gastos públicos em todos os níveis de educação representaram apenas cerca de 1% do PIB nos anos 30. Não ultrapassaram 2% até a década de 60. Suas simulações evidenciam que o PIB per capita do país teria crescido ao menos 25% a mais de 1933 a 1985, caso o valor investido a partir de 1933 em educação fosse apenas um ponto percentual maior por ano. Em resumo, os principais argumentos de Langoni elaborados durante seu período de doutoramento em Chicago foram que a educação é fundamental para o crescimento econômico e é, também, o ingrediente essencial para conciliar, a longo prazo, crescimento e distribuição de renda. A partir dos anos noventa, esses argumentos foram confirmados por pesquisadores internacionais e brasileiros, como Ricardo Paes de Barros e Marcelo Neri. Mas no início dos anos setenta instaurou-se um debate acirrado a partir, principalmente, de declarações do presidente do Banco Mundial, Robert McNamara, em abril de 1972, criticando a desigualdade econômica no Brasil. Funcionários desta instituição assistiram uma apresentação do economista Albert Fishlow, da Universidade da California, na reunião anual da American Economic Association em dezembro de 1971 em New Orleans. O economista apresentou o artigo “Brazilian size distribution of income”, no qual defendia que a política salarial implementada pela ditadura nos anos sessenta, que conferia reajustes abaixo da inflação para os trabalhadores, havia contribuído para o aumento da desigualdade. O valor real do salário mínimo – ou seja, já descontada a inflação – caíra 20% entre 1964 e 1967. 

Gustavo Lopes FONTES: CURRICBIOG.; Estado de S. Paulo (10/10/80,5/8,4/9,8/10/81,23/12/82, 2/9/83, 29/5/87, 9/1, 1/9/88, 18/11 e 12, 29/11/96); Folha de S. Paulo (22/1/80, 20/6/82, 24/5, 15/9/87, 24/1, 16 e 17/9/88, 12/2, 12/3, 21/5, 4 e 17/6/95, 17/3, 12/11/96, 21/8/97); Globo (17/1, 10, 11/10/80, 5/8/81, 3/9/83, 12/4, 28/8/87, 16/1/90, 9/1, 11/3, 5/6/95, 4/9, 23/11/96); Jornal do Brasil (6/11/77, 21 e 23/1, 31/7, 21/9, 10/10/80, 22/8/81, 6/3, 2, 3/9/83, 23/8, 18/12/87, 19/11/88, 8/4/91, 20/9/92, 20/3/97).

http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT374718-1666-2,00.html

http://pt-br.alexanderproudfoot.com/About-Us/Our-Advisors/Brazil/Dr-Carlos-Geraldo-Langoni.aspx

O trecho do acervo biográfico acima mostra uma carreira acadêmica sendo costurada a partir da confecção de artigos acadêmicos e discussões acerca das suas participações na organização da pós graduação na FIPE e na condução da revista científica de Estudos econômicos. Os capitais educacionais para o caso de Langoni se sobressaem mais no sentido da sua penetração no campo acadêmico, em particular nos subcampos institucionais nas revisas científicas e na educação superior.

Compreendendo a centralidade da questão marxista levantada a partir disso endosso que os gestores capitalistas, em particular da caracterização de CEO”s, assim como políticos tecnocratas da envergadura dos presidentes do Banco Central podem ser considerados atores estratégicos da burguesia em todos os sentidos, a partir do momento que esses controlam os processos produtivos e distribuem os ganhos da mais-valia quando exercem um elevado grau de autonomização, sendo em muitos casos os próprios acionistas no interior da organização capitalista, enquanto que os tecnocratas decidem o funcionamento da engrenagem do Estado e executam ações de políticas econômicas que conduzem e intermediam o processo produtivo ou da alocação do capital financeiro em nível nacional e internacional a partir das instituições tecnocráticas estratégicas de Estado como o próprio Banco Central do Brasil. No caso de Langoni ocorre uma aproximação entre universidades estadunidenses e fundações do imperialismo fazendo com que a estratégia do imperialismo pela via da tecnocracia seja viabilizada como uma “ponte” do capitalismo financeiro internacional. Langoni serve a esse propósito, apesar de parecer um “simples acadêmico”.

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  1. As fundações privadas sem fins lucrativos são entidades que se constituem por um conjunto de bens direcionados teoricamente para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. No entanto, nessa tese demonstrou-se que essas entidades procuraram fabricar e institucionalizar modelos dominantes, fomentando instituições estratégicas e formando lideranças acadêmicas. Essas fundações fazem certas imposições em relação aos projetos aprovados de forma indireta. Isso porque definem os parâmetros institucionais, profissionais e intelectuais dos seus beneficiários, e sugerem as agendas de pesquisa de acordo com seus interesses. Supõem-se que as parcerias estabelecidas entre fundações privadas e seus donatários envolveram articulações sociais, políticas, ideológicas e econômicas, pois essas entidades foram agentes dessas formulações para promover projetos de ordem social liberal. Nesse contexto, o objetivo desta tese é entender o relacionamento da Fundação Ford com instituições brasileiras, principalmente sua parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição que encontra-se entre as primeiras donatárias da Fundação Ford no Brasil. Por meio de análises teóricas e com o uso de metodologia quanti-qualitativa, procedeu-se a análise de diferentes dados de pesquisa, uma vez que a convergência de resultados advindos de fontes distintas ofereceu evidências sobre os convênios e acordos estabelecidos.

https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_c0c37f17cd7536ae9ce4ffa2f0e0e470

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