O Brasileirão já começou entregando o que há de melhor. Tudo que, com toda a grife e o dinheiro que circula nos campeonatos europeus, eles não conseguem entregar. Gols, rivalidade, torcidas, sim, mas também desafio, longas viagens, confrontos inter-regionais com culturas absolutamente distintas num país, gramados falhos, discussões sobre arbitragem etc. Porque, sim, essas são características que tornam o futebol brasileiro apaixonante e o europeu, enfadonho.
Já diz o ditado: até o relógio parado acerta a hora duas vezes ao dia. Pois bem, a jornalista Milly Lacombe, identitária até a veia, reconheceu essa qualidade no futebol brasileiro, apontando que a perfeição comprada pelo dinheiro árabe em benefício do futebol europeu, com suas seleções transnacionais jogando em cidades magníficas e estádios impecáveis, são produz um entretenimento tão cheio de vida quanto o Brasileirão.
Entretanto, ainda assim ele segue sendo desrespeitado e não tratado como o que é: o melhor campeonato anual do mundo, perdendo entre todos somente para a Copa do Mundo, quadrienal. O dono da SAF do botafogo, John Textor, segue acusando o campeonato de manipulação, fazendo troça inclusive do Congresso Nacional. Em outra frente, a W-Torre, dona do estádio onde joga o Palmeiras, instala uma parede protegendo um palco atrás do gol de um dos principais jogos do ano, Palmeiras X Flamengo.
Por fim, os clubes brasileiros, divididos em virtude dos escusos interesses daqueles que os dirigem, não conseguem coesão para licitar uma nova empresa para administrar os direitos de imagem do Brasileirão no exterior. Moral da história: o campeonato, que era vendido para todos os países latino-americanos, mais Estados Unidos e Portugal, este ano não terá transmissão no estrangeiro. Por isso, segue o melhor de todos, mas grife mesmo, atratividade midiática, tem menos que a Liga Nacional Argentina.