Em uma entrevista à Folha de S. Paulo publicada na quarta-feira (17), Rafael Grossi, diretor-geral da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), citou as condições que precisam ser atingidas pelo Brasil para que a organização permita a construção de um submarino nuclear brasileiro.
No final do ano passado, a Marinha anunciou que estava na etapa inicial da construção do submarino nuclear Álvaro Alberto. Este seria o primeiro veículo do gênero a compor a frota das Forças Armadas brasileiras, seu projeto é idealizado há 45 anos e possui previsão de ficar pronto em 2029.
Para atrasar ainda mais o desenvolvimento do País, Grossi afirmou que o País precisa abandonar a resistência que possui para inspeções detalhadas de suas instalações atômicas.
“Ter um submarino nuclear é legítimo. Se o país quer um, tem de fazer um acordo com a AIEA, que será muito estrita no regime de inspeções. Eu preciso dar garantias para a comunidade internacional”, afirmou o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Com isso, a autorização final para operação do submarino sairia em até cinco anos.
Em outras palavras, para a ONU dar o seu aval à construção de um submarino brasileiro, algo que, por si só, já representa uma grave interferência nos assuntos internos do País; ela precisa ter acesso a dados extremamente sensíveis no que dizem respeito à segurança nacional, um grande ataque à soberania brasileira.
Não é à toa que Grossi levanta que se preocupa com o combustível dos submarinos no sentido de que, apesar de ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o Brasil sempre se recusou a aderir ao Protocolo Adicional de 1997, que prevê medidas extremamente invasivas relacionadas à inspeção da AIEA em outros países. Portanto, o País não teria como produzir o combustível necessário de maneira “certificada”, mais um ponto de ingerência do imperialismo nos interesses nacionais.