O Brasil é Hexa! Sim, é hexa. Ainda não no futebol de campo, mas chegou à sexta estrela no beach soccer, o que os mais velhos, como eu, acostumaram-se a entender como “futebol de areia”. Esse era o nome da modalidade, transmitida pela Globo em muitas manhãs de domingo em que não havia Fórmula 1. Quem é do tempo, lembra o divertido e vitorioso time liderado pelo craque Júnior, que deixara os gramados em 1992 para promover o futebol de areia. Júnior, o Pelé do beach soccer, venceu quase dez mundiais pelo Brasil.
Então, por que o Brasil é só hexa? Sim, na verdade, são quinze títulos, contando os tempos de Júnior, Benjamin, Paulo Sérgio, Jorginho e cia., tempos em que até Zico arriscou seus toques de bola nas areias de Copacabana, que sediavam o mundial. Até mesmo Edmundo, no auge da carreira, após ser campeão brasileiro com o Vasco em 1997, jogou pelo Brasil e foi campeão do mundo em 1998. Então, por que hexa?
Porque o que era um espontâneo e descontraído esporte de verão foi parar nas mãos da FIFA, que começou a organizar os campeonatos mundiais em 2005. E, desde então, a entidade que coordena o futebol mundial tomou do Brasil os títulos de seu time mais vitorioso, e dos maiores jogadores da história desse esporte: Júnior, Júnior Negão (ah, o que os identitários diriam desse nome, hoje em dia), Benjamin, Jorginho, Buru, além do português Madjer, que liderava a única seleção capaz de rivalizar com o Brasil.
Outros tempos vieram, e o mundo aprendeu a jogar beach soccer, mas o Brasil seguiu sempre candidato ao título e assegurou a taça de 2006, 2007, 2008 e 2009, e depois em 2017 e 2024. Se, eventualmente a força russa, a defesa italiana, a garra dos árabes e africanos, hoje, fazem frente ao Brasil, ainda não se pode dizer o mesmo a respeito da virtuosidade técnica. O Brasil venceu a Itália em jogo duro, no último domingo (25), cuja dificuldade se deveu à capacidade defensiva italiana, que é a boa e velha Itália também na areia.
Mas, com a bola no pé, não tem igual ao Brasil. Rodrigo, o melhor jogador do mundo, fez golaço de bicicleta no meio de uma marcação fechada de um zagueiro, se aproximando por trás, e o goleiro fechando o ângulo. As bicicletas são comuns no beach soccer, mas não tão precisas num espaço tão curto. Depois, cavou a expulsão do goleiro Casapieri, que é o melhor do mundo na posição e estava pegando até pesamento. Mais tarde, com a genialidade de Rodrigo posta em prática, e com gols surpreendentes como numa batida sem ângulo do experiente e capitão Bruno Xavier, o Brasil fechou em 6×4. Méritos para a Itália ao explorar falhas defensivas de um futebol que, no seu DNA, tem o ataque e as demonstrações de habilidade como sua credencial.
O Brasil era penta no campo, salão e praia (oficialmente), e há muitos anos não saía disso. Bem, a praia já trouxe o hexa (ou o pentadecacampeonato, assim se diz para 15). Esse ano tem mundial de futsal. E no campo… 2026 é logo ali.