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Brasil

Bolsonaro já está derrotado? Como desarmar os trabalhadores

Moisés Mendes defende que a esquerda se coloque e se mantenha na mais completa apatia. Para ele, a luta política é feita por Alexandre de Moraes, não pela classe operária

Neste domingo, dia 25 de fevereiro, o portal Brasil 247 publicou uma coluna do jornalista Moisés Mendes intitulada “Bolsonaro sai fortalecido espiritualmente da Paulista, até para ser preso”. Demonstração de uma confusão completa, o articulista ignora o significado político da mobilização:

“Bolsonaro se fortaleceu espiritualmente para enfrentar a prisão. E líderes que pareciam vacilantes se habilitaram como herdeiros do espólio do sujeito. O resto vale pouco.

“Vale quase nada, por exemplo, a especulação de que a manifestação, com público muito aquém do esperado, possa ter o poder de provocar reações radicais se Bolsonaro for preso. Que tipo de reação?” (grifo nosso).

A extrema-direita realizou, no mesmo domingo, uma manifestação de proporções consideráveis na Avenida Paulista. As consequências políticas deste fato, para Mendes, são nulas. O retorno, após mais de um ano, da extrema-direita às ruas, é colocado pelo colunista como uma formalidade, como um ato de autoajuda por parte de Bolsonaro. Uma farsa completa. A extrema-direita se mobiliza, frente ao esvaziamento das ruas realizado pela esquerda, ao passo em que a situação política no País se tensiona. A política da “derrota de Bolsonaro”, proposta por Mendes no 247, é uma política de desarmamento e derrota da esquerda, um chamado ao não enfrentamento e à desmobilização total.

A “manifestação gasosa”, segundo Moisés Mendes. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

Moisés Mendes reduz a importância da influência do bolsonarismo nas Forças Armadas abertamente, como se fosse fato secundário:

“Uma revolta com o apoio de Braga Netto e Augusto Heleno, que já contam com celas em reforma à espera do tenente e dos generais no QG do Exército em Brasília? A disseminação do terror nas cidades por grupos de CACs e milicianos?”

O apoio de Bolsonaro entre as forças do Estado, como o Exército e as polícias, fato que pode ser determinante na situação política, é reduzido a “Braga Netto e Augusto Heleno”, e a prisão dos generais, fato dado como certo pelo jornalista. A “análise” chega ao ponto da aberração. O colunista tira conclusões como se o aparato do Estado estivesse todo nas mãos da esquerda, quando o que ocorre é justamente o contrário. Onde está o setor lulista dos generais, das polícias, do Judiciário? Quem sabe apontando essas simples informações, Mendes pudesse fazer defender sua posição, no entanto, não o faz, porque simplesmente este setor não existe em termos da situação política nacional. Segundo o articulista, inclusive, Jair Bolsonaro, a segunda figura mais popular do Brasil, já estaria preso:

“A aglomeração teve algumas utilidades, mas nenhuma com promessa de efeitos drásticos. Uma utilidade é a definição dos políticos que vão disputar a herança deixada por Bolsonaro.

“Correram riscos e mostraram a cara Tarcísio de Freitas (com um discurso frouxo) e Romeu Zema e, num segundo time, Jorginho Mello e Ronaldo Caiado. Estão com alvará para levar o bolsonarismo adiante. E Bolsonaro passa a ser um santinho do pau oco.”

Depois de tais colocações sem fundamento algum, Moisés Mendes segue a afirmações ainda mais graves, e ainda mais desmobilizadoras:

“A briga agora é pela herança de Bolsonaro, porque o inelegível não tem mais poder militar, não tem Paulo Guedes, Augusto Aras, Mauro Cid, Anderson Torres, não pode comprar o centrão e, depois da eleição municipal, talvez nem Valdemar Costa Neto e partido tenha mais.

“Bolsonaro é uma entidade gasosa, quase um espírito da extrema-direita, e essa passa a ser a sua função. Os que foram à Paulista e subiram no trio elétrico não estavam pensando em salvá-lo, mas em mostrar fidelidade ao santo e em fidelizar a base que ele deixa.”

Se Bolsonaro não tem mais poder nenhum, se é “uma entidade gasosa”, de onde saiu a expressiva manifestação convocada pelo próprio para a Avenida Paulista, principal palco de manifestações no Brasil? Mais que isso, foi um protesto maior do que os realizados pela esquerda em muito tempo. Mendes brinca com fogo (ou com a extrema-direita) e, ao invés de convocar a esquerda a se mobilizar, a atuar e responder politicamente o ascenso da extrema-direita, faz justo o contrário! O colunista segue em todo o resto de seu artigo com afirmações as mais absurdas:

“O eleitorado mais ativo de Bolsonaro saiu da viuvez […] Saem os militares, como força capaz de inspirar e mobilizar golpistas […] e entram os líderes espirituais.”

Que viuvez? Para onde saíram os militares? Desde quando haviam “saído” os líderes espirituais para retornarem agora? São conclusões sem qualquer base.

“A guerra santa agora é de novo a dos costumes contra os demônios, e não a da possiblidade [sic] já sepultada de um golpe com suporte militar. ”

Aqui já estamos no completo ridículo. Moisés Mendes talvez acredite que a extrema-direita mobiliza em oposição: ou os evangélicos, ou os militares, em turnos. Será que a história do Brasil teria algum tipo de evento que provasse o contrário? Talvez uma marcha, com deus e os militares, um evento histórico de algum tipo? Quem sabe como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade? O artigo é uma monstruosidade política.

“Prevalecem a pregação moralista e anticomunista e os ataques ao Supremo, com ameaças de amordaçamento do Judiciário por deliberações do Congresso.”

“Bolsonaro saiu da Paulista certo de que mantém em alerta grupos que vão lutar pelo que defende nas redes sociais, nas igrejas e nas eleições municipais” (grifo nosso).

Será a extrema-direita tão absurdamente descolada da realidade que não seria capaz de lutar por suas pautas nas ruas, mobilizando milhares, talvez como fizeram no próprio domingo?

Vemos um setor da esquerda que insiste em desmobilizar, e o faz com mais vigor quanto mais a situação política se polariza e se torna mais aguda. Lula acabou de se colocar frontalmente contra o imperialismo na questão da Palestina. Respostas foram dadas de maneira imediata na imprensa burguesa e nos meios da extrema-direita. Face a tal situação, uma ala esquerdista propõe a completa desmobilização e a confiança no Judiciário como arma contra a extrema-direita. Tal erro, a confiança nas instituições “democráticas”, se mostrou fatal em outros momentos, como no golpe de 2016 e na farsa eleitoral de 2018, que jogou parcela expressiva da população brasileira na miséria e na fome. Repeti-lo seria um crime contra todos os trabalhadores do Brasil.

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