Bolsonaro e aliados seguem com a convocação para a manifestação na Avenida Paulista, no domingo, dia 25 de fevereiro. O ato foi, supostamente, ideia do pastor Silas Malafaia e está sendo convocado por Bolsonaro e aliados desde que foi deslanchada a operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que procura enquadrar o Presidente em um crime de suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Bolsonaro tem se utilizado de certa cautela para não piorar sua situação criminal, pedindo para os manifestantes que não estendam faixas ou cartazes criticando autoridades públicas e também dizendo que o ato deverá ocorrer somente na Avenida Paulista e em mais nenhuma cidade do país.
Este será o primeiro ato convocado pessoalmente por Bolsonaro desde 8 de janeiro de 2023. A manifestação será usada por ele para se defender das acusações de “golpismo” que ele tem sofrido no último período e que levaram a diversas ações da Polícia Federal contra ele e seus aliados.
Diversos deputados bolsonaristas apoiaram a iniciativa, reproduzindo em suas redes sociais o vídeo em que Bolsonaro faz a convocatória para seus apoiadores. Entre eles, estão o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). O deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin durante o governo Bolsonaro e que também está sendo alvo de investigação, também confirmou presença na manifestação em São Paulo. Carlos Jordy (PL-RJ), também investigado pela PF, foi outro parlamentar que replicou o vídeo em suas redes.
Além deles, também estão empenhados na campanha os parlamentares Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Flávio Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Abílio Brunini (PL-MT), Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e outros.
Não são apenas os parlamentares que convocam e confirmam presença para esse ato. Além deles, há também diversas figuras importantes do bolsonarismo, como o Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o próprio Pastor Silas Malafaia, o ex-ministro da Secom, Fabio Wajngarten, o Deputado federal Tenente Coronel Zucco, o Senador Ciro Nogueira, o ex-ministro do meio ambiente e agora deputado Ricardo Salles, além dos Senadores e ex-ministros, Jorge Seif e Marcos Pontes. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também estará presente.
Tem sido muito noticiado pela imprensa, porém, as ausências de Damares Alves e Luciano Hang. Ambos manifestaram-se publicamente para dizer que não participarão do ato. Embora ambos sejam bolsonaristas famosos, são figuras sem maior importância política, se comparadas com o Governador do Estado e prefeito da Capital, por exemplo.
Alguns setores estão analisando a possibilidade de considerar a própria convocação da manifestação como uma atitude criminosa de Bolsonaro. O jornal Estado de São Paulo, por exemplo, afirma que se trata de uma “estratégia de alto risco”. Veículos supostamente de esquerda, como a Revista Fórum, afirmam que “convocar ato já é motivo para prisão”. Não raciocinam, no entanto, que o clima de censura e perseguição promovido por esse tipo de conduta apenas alimentam e impulsionam o bolsonarismo e a extrema-direita.
Diante de tudo isso, não se vê nenhuma resposta da esquerda e dos setores populares para arrefecer a mobilização bolsonarista. Há apenas posicionamentos lamentáveis, como o de Gleisi Hofmann, que classifica a manifestação como “inconstitucional”. Além dela, há diversas outras figuras dizendo outros absurdos antidemocráticos, que obviamente serão lembrados quando houver a necessidade de convocar um ato em defesa de alguma importante figura da esquerda ou de alguma pauta relacionada à luta dos trabalhadores.
Houve até o boato de que as torcidas de futebol estariam convocando um ato no mesmo dia e local para promover uma suposta expulsão dos bolsonaristas das ruas. No entanto, logo foram desmentidos por Danilo Pássaro, psolista ligado à Gaviões da Fiel, que já se juntou a Boulos em ocasiões anteriores para procurar desmobilizar manifestações contra a direita e a extrema-direita. O fato é que a esquerda nacional está prostrada diante do crescimento bolsonarista, contando apenas com a repressão policial e com a ajuda do Judiciário para impedir o crescimento de seus inimigos políticos.
Fica evidente, pelos últimos acontecimentos, que há um abandono por parte da esquerda de toda a luta contra o bolsonarismo. Em uma questão na qual seria decisiva uma ampla mobilização popular contra os bolsonaristas, que é a da Palestina, o PT e os outros grandes partidos de esquerda o país, como PSOL e PC do B, simplesmente se omitiram. Embora haja todo um clima político favorável ao redor do mundo para a condenação dos sionistas, todos aliados do bolsonarismo e da direita tradicional, esses partidos simplesmente se recusam a participar das mobilizações.
Essa prostração e incapacidade de lutar é fruto, dentre outras coisas, de sua aliança com a direita tradicional. Na tentativa de derrotar o bolsonarismo, o PT procura reciclar o lixo político brasileiro, ressuscitando figuras nefastas como Geraldo Alckmin e se colocando contra quaisquer tipos de críticas a criminosos como Alexandre de Moraes.
Tendo em vista que essa direita tradicional não pode aceitar nenhuma crítica a “Israel”, as lideranças petistas (exceto por algumas figuras pontuais) se mantêm quietos e não denunciam o genocídio na Palestina, sem promover uma verdadeira luta política contra o bolsonarismo.
É preciso romper imediatamente com a direita e com o sionismo para que se possa realizar uma verdadeira luta contra os bolsonaristas. O Judiciário e a Polícia nada têm a contribuir para a classe trabalhadora. É apenas a mobilização popular que poderá levar a uma verdadeira vitória contra a extrema-direita. Além disso, para se separar claramente da direita tradicional e outros inimigos do povo, é preciso engrossar as mobilizações em defesa da Palestina e abandonar o discurso promovendo a censura e a perseguição política, pois tudo isso logo irá se virar contra a esquerda.