Previous slide
Next slide

Europa

Ataque na Rússia: imperialismo continuará guerra com atentados?

Diante de derrota iminente na Ucrânia, imperialismo pode voltar seus esforços para realizar atentados e ataques contra civis russos

Nessa sexta-feira (22), homens armados fizeram um ataque contra o teatro Crocus City Hall, em Moscou, na Rússia. Na ocasião, abriram fogo contra centenas de pessoas e explodiram uma granada em uma das salas do local, causando um grande incêndio. O Comitê de Investigação da Rússia já confirmou que pelo menos 133 pessoas foram assassinadas no ataque, um aumento dramático quando comparado ao número inicial de 40 vítimas.

“No local do ataque terrorista na sala de concertos Crocus City Hall durante a remoção de escombros os serviços de emergência encontraram mais corpos de mortos. Desta forma, o número de mortos no momento é de 133 pessoas”, diz comunicado do comitê, que também informa que pelo menos 121 pessoas foram feridas.

Testemunhas e vítimas do ataque concederam alguns depoimentos acerca do ocorrido. Uma mulher disse à emissora britânica BBC que, inicialmente, não entendeu o que estava acontecendo, achando que os barulhos de tiro eram, na verdade, fogos de artifício.

Outra vítima, atualmente hospitalizada, afirmou que só conseguiu sobreviver porque fingiu que estava morta. Ela disse que, assim que os homens armados viram ela em um grupo com outras pessoas, abriram fogo enquanto as vítimas corriam por suas vidas. “Caí no chão e fingi que estava morta. Uma garota perto de mim provavelmente foi morta”, disse.

Fotos divulgadas pela Sputnik mostram a destruição do teatro, tanto por conta dos tiros, quanto por conta das explosões e do incêndio. Veja:

Vladimir Putin: ‘todos os criminosos, organizadores e mentores deste crime receberão uma punição justa e inevitável’

No sábado (23), Vladimir Putin, presidente da Rússia, fez um pronunciamento à nação acerca do ataque contra o Crocus City Hall, caracterizando o episódio como um ataque terrorista “sangrento e bárbaro”:

“É evidente que fomos confrontados não apenas com um ataque terrorista cuidadosa e cinicamente planejado, mas com um assassinato em massa preparado e organizado de pessoas civis indefesas”, disse Putin.

Ele prometeu que punirá todos os envolvidos e declarou luto nacional para o domingo (24).

“Todos os criminosos, organizadores e mentores deste crime receberão uma punição justa e inevitável. Quem quer que sejam, quem os guia. Repito, identificaremos e puniremos todos os que estão por trás dos terroristas, que prepararam esta atrocidade, este ataque à Rússia, ao nosso povo”, afirmou.

O presidente russo também detalhou as medidas que estão sendo tomadas para evitar que aqueles envolvidos no atentado voltem a cometer outros ataques:

Em Moscou e na região de Moscou, em todas as regiões do país, foram introduzidas medidas adicionais anti-terrorismo e anti-sabotagem”, anunciou, acrescentando que “o principal agora é evitar que aqueles que estão por detrás deste banho de sangue cometam um novo crime”. Além disso, Putin agradeceu os socorristas, as autoridades policiais e os cidadãos comuns que ajudaram as vítimas do ataque.

Ainda durante seu pronunciamento, Vladimir Putin concedeu informações acerca do andamento das investigações sobre o caso:

“Atualmente pode-se dizer o seguinte: todos os quatro perpetradores diretos do ataque terrorista, todos aqueles que dispararam, mataram pessoas, foram encontrados e detidos. Eles tentaram fugir e se dirigiam na direção da Ucrânia, onde, de acordo com dados preliminares, um corredor foi preparado para eles do lado ucraniano para atravessar a fronteira estatal.”

Quem é responsável pelo ataque?

Ainda não se sabe ao certo quem orquestrou o ataque, mas investigações preliminares já revelam uma série de fatos importantes. O Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) da Rússia afirmou que o atentado foi cuidadosamente planejado e organizado para que resultasse no maior número de vítimas possível.

Além disso, o FSB anunciou a prisão de 11 pessoas, incluindo quatro que estavam diretamente envolvidos no ataque ao teatro. Estes, inclusive, foram detidos na região de Briansk, “não muito longe da fronteira com a Ucrânia”.

“Depois de cometer o crime, os criminosos tentaram fugir, dirigindo um carro em direção à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia”, disse a FSB em comunicado no sábado (23). No entanto, “todos os quatro [suspeitos] terroristas” foram detidos em poucas horas.

A editora-chefe da RT, Rossiya Segodnya, publicou uma gravação que mostra um dos suspeitos detidos pelo FSB ser interrogado. O homem no vídeo disse que participou da chacina após prometerem a ele 500.000 rublos (cerca de 27.000 reais). Ele ainda afirma que foi orientado a “matar pessoas lá… não importa quem”.

O homem, que diz ter chegado na Rússia em um avião que saiu da Turquia, em 4 de março, também disse que os organizadores do ataque entraram em contato com ele há pelo menos um mês pelo Telegram. “Eles mesmos forneceram as armas […] No Telegram escreveram sem nome, sem sobrenome”, disse.

Após o ataque, na sexta-feira (22), Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou que, em março, os Estados Unidos teriam enviado a Moscou dados sobre a preparação de um ataque como o que ocorreu. A Sputnik afirmou que uma fonte dos serviços de inteligência russos disse que “essas informações foram de fato recebidas”.

Enquanto a FSB conduz suas investigações, o Estado Islâmico teria reivindicado a autoria do ataque. A agência de notícias Amaq, ligada ao grupo, divulgou a seguinte declaração em seu canal oficial no Telegram:

“Uma fonte de segurança informou à Agência Amaq: Combatentes do Estado Islâmico atacaram uma grande concentração de cristãos na cidade de Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscou, matando e ferindo centenas e causando grande destruição no local antes de se retirarem para suas bases em segurança.”

O Estado Islâmico não apresentou, no entanto, nenhuma prova que confirmasse a reivindicação da responsabilidade pelo ataque.

Ao mesmo tempo, a Ucrânia negou envolvimento. Apesar das provas que ligam os ucranianos ao ataque, como a declaração de Putin, o Ministério das Relações Exteriores do país divulgou um comunicado afirmando que Kiev considera as acusações como uma “provocação planejada pelo Kremlin para alimentar ainda mais a histeria anti-ucraniana”.

“Não existem limites para a ditadura de [Vladimir] Putin [presidente da Rússia]. [Ele] está pronto a matar os seus próprios cidadãos para fins políticos, tal como matou milhares de civis ucranianos durante a guerra contra a Ucrânia, como resultado de ataques com mísseis, bombardeamentos de artilharia e tortura”, escreveu o comunicado do regime nazista.

Corroborando a responsabilidade da Ucrânia no ataque, o jornal The Cradle divulgou um vídeo no qual vários soldados ucranianos são flagrados utilizando emblemas do Estado Islâmico em seus uniformes. Veja:

Nesse sentido, não está descartada uma colaboração entre os grupos nazistas ucranianos, base do exército do país do leste europeu, e o Estado Islâmico.

Um último recurso da Ucrânia para atingir a Rússia

Em seu tradicional programa Análise Política da Semana do último sábado (23), transmitido pela Causa Operária TV (COTV), Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa (PCO), disse que “o atentado é um canto de cisne da guerra ucraniana”.

“Não está muito claro quem que foi o responsável por isso, mas o Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado. O Estado Islâmico, a essa altura do campeonato, depois que já vimos o que aconteceu na Síria, o que aconteceu no Irã recentemente, onde eles mataram um monte de gente na comemoração sobre a morte do general Soleimani […] o Estado Islâmico virou uma espécie de nome fantasia da CIA”, disse Pimenta.

Analisando o ataque no âmbito da guerra da Ucrânia, o presidente do PCO destacou que esse pode ser o modus operandi ucraniano daqui para frente. “Me parece que a Ucrânia está reduzida a isso: atentados isolados contra os russos”.

Pimenta também relembrou a declaração mais recente de Emmanuel Macron sobre o conflito, quando o presidente francês afirmou que a Ucrânia “pode cair muito rapidamente”. Sobre isso, Rui Pimenta disse:

“Macron, essa semana, falou que é iminente a queda da Ucrânia e acho que o imperialismo vai continuar essa guerra assim, com atentados […] na Rússia. Mataram mais de 100 pessoas, quase 200 feridos, foram dois atentados diferentes diretamente contra a população civil, sem propósito militar nenhum. É o terrorismo no sentido mais clássico da palavra, uma tentativa de semear o medo entre a população russa. Não acho que também vai dar certo, me parece que é um último reduto desesperado.”

Dezenas de países condenaram o ataque

O Itamaraty publicou uma nota afirmando que tomou conhecimento do que aconteceu no Crocus City Hall e prestando solidariedade ao governo e ao povo russos.

“Ao expressar condolências aos familiares das vítimas e o desejo de pronta recuperação aos feridos, o Brasil manifesta sua solidariedade ao povo e ao governo da Rússia e reitera seu firme repúdio a todo e qualquer ato de terrorismo”, diz o documento.

Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, enviou uma carta a Putin, afirmando que, “com nosso carinho fraternal e solidário, expressamos nossa mais enérgica condenação, rejeição e repúdio a esses métodos que têm causado dor, sofrimento e perdas a tantas famílias em todo o mundo“.

Da Bolívia, Luis Arce condenou o ataque e convocou a comunidade internacional a repudiar o ocorrido. “Enviamos toda nossa solidariedade e condolências ao povo russo, ao irmão presidente Vladimir Putin e às famílias das vítimas“, afirmou.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, caracterizou o episódio como um “ataque criminoso e injustificável”:

“O governo bolivariano […] reitera que a paz é o único caminho e destino da humanidade, reafirmando nosso compromisso na luta contra qualquer forma de violência, terrorismo, intolerância e discursos de ódio promovidos cada vez mais intensamente em diferentes cenários internacionais”, declarou Maduro.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, criticou o ataque nas redes sociais. “As nossas sinceras condolências ao governo e ao povo da Federação da Rússia pela perda de vidas humanas e pelos numerosos feridos“, escreveu.

Países imperialistas, como os Estados Unidos, a Alemanha, a Polônia e a Áustria, também vieram a público condenar o ataque. “Nossos pensamentos estão, é claro, com as vítimas deste terrível tiroteio”, disse John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Vários países africanos também se solidarizaram com a Rússia. Foi o caso de Egito, Etiópia, Marrocos, Tunísia, Sudão, República Democrática do Congo, Burundi, Maurícia, Líbia, Somália, Tanzânia, Nigéria, Madagascar e outras nações do continente.

Os governos de Máli e Burquina Fasso também declararam seu apoio. “O governo de Burquina Fasso condena veementemente este ato abominável e desumano em que civis inocentes foram mortos e muitos outros ficaram feridos”, afirma o comunicado do país.

“O Presidente de Transição e o povo do Máli expressam as suas sinceras condolências e profunda simpatia ao Presidente da Federação Russa, ao povo da Rússia e às famílias das vítimas inocentes e desejam uma rápida recuperação aos feridos”, disse Bamako.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.