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Brasil

‘Atacar o capitalismo’, defender o imperialismo?

PSTU retoma a campanha golpista contra Lula e os trabalhadores brasileiros, enquanto afirma denunciar “o capitalismo” e “os golpistas”. Fração golpista se alinha à extrema direita

Nesta quarta-feira, dia 21 de fevereiro, o portal Opinião Socialista, do PSTU, publicou uma matéria intitulada “Guerra, golpe e catástrofe ambiental: o capitalismo nos levará à barbárie”. Apesar do que está indicado no título, contudo, a peça não é uma análise geral da situação internacional ou algo semelhante, mas um artigo que ataca o presidente do Brasil num momento em que ele mais aberta e firmemente se colocou em oposição à entidade sionista de “Israel” e em defesa do povo palestino.

Infiltração na esquerda, sabotagem da economia nacional

Vejamos o que dizem após uma breve introdução de caracterizações gerais sobre o problema do capitalismo:

“Mesmo os programas de investimentos, anunciados por Lula para reindustrializar o país, não se chocam contra o domínio das multinacionais e da burguesia na economia brasileira. Enquanto não enfrentarmos os bilionários capitalistas, que controlam as riquezas do país, não teremos nem desenvolvimento nem melhorias das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras. E, ainda, sequer derrotaremos a ultradireita bolsonarista que se alimenta desse sistema.

“E, assim, seguiremos aprofundando os índices de desigualdade social, mesmo que possamos ver algum parco investimento aqui ou ali. Se não mudar o sistema, mesmo mais investimentos, ao contrário de se traduzirem em um desenvolvimento real do país, significarão mais dominação imperialista, mais submissão aos interesses burgueses e mais exploração e opressão para os trabalhadores e o povo pobre” (grifos nossos).

O ataque do PSTU, cuja política reiteradamente se alinha aos EUA, rendendo-lhes o apelido PSTUSA, tem algumas camadas. Iniciemos pela econômica para então chegar à política.

A legenda afirma que o investimento na indústria nacional, num momento de profunda crise de superprodução do capitalismo, em que o imperialismo busca a todo custo impedir o desenvolvimento, ou seja, a industrialização dos países atrasados, não se chocaria com os interesses deste mesmo imperialismo, que desmontou a Petrobrás e uma série de ramos industriais do Brasil, como a construção civil, estaleiros, entre outros.

Neste momento, o imperialismo norte-americano preda até mesmo seus aliados, como vemos na destruição da indústria alemã e europeia, a partir das sanções aos combustíveis russos. Ou seja, a fração golpista dita de esquerda ataca o choque entre o governo brasileiro e o imperialismo, e defende abertamente a submissão econômica nacional, como se dissessem: “não adianta tentar industrializar, não há nada que esse governo possa fazer que será uma medida de enfrentamento com o imperialismo”.

O movimento operário se encontra mais enfraquecido e desorganizado pela desindustrialização, e portanto pela alta do desemprego. A permanência de tal situação seria, para o partido “de esquerda”, um ponto positivo, visto que mais desenvolvimento na indústria seria sinônimo de “mais dominação imperialista, mais submissão”. Tal posição é coerente com a política de se alinhar ao golpe de 2016, à operação imperialista Lava Jato, assumida pelo PSTU.

Impeachment de Lula a favor da Palestina, contra o imperialismo?

O grupo se engaja nas críticas destrambelhadas a Lula não só no terreno econômico. Segundo o PSTU, apesar da colocação de Lula sobre a Palestina, que estremeceu a situação política e a diplomacia internacionais, que levou na prática a uma ruptura das relações diplomáticas entre Brasil e “Israel”, deve-se exigir de Lula a ruptura de relações com “Israel”. Ademais, Lula foi declarado, em meio à crise diplomática, como persona non grata em “Israel”. Vamos ao que colocam os golpistas, que vão além:

“Dizer que o que se passa na Faixa de Gaza é um genocídio comparável ao holocausto dos nazistas é dizer a verdade. O problema da fala do Lula (sic) é que o povo palestino precisa de muito mais neste momento. Afinal, há um genocídio em curso. E não se pode ser conivente com um país ou governo genocida. É preciso exigir que o governo Lula rompa as relações diplomáticas, econômicas, militares e políticas com Israel.

“Os bolsonaristas se colam na defesa de Israel. Misturam religião e política e se aproveitam da fé do povo para defender um genocídio e um governo de ultradireita. Esses deputados bolsonaristas chegam ao ridículo de propor o impeachment de Lula, por conta de ter chamado o genocídio promovido por Israel de genocídio.

“Mas, é curioso que 20 deputados que assinaram o pedido de impeachment são da própria base aliada do governo. O que demonstra como não podemos confiar neste governo, afinal ele é composto por setores do Centrão, por ex-bolsonaristas e por grande parte da burguesia brasileira, além de apoiado pelo imperialismo mundial” (grifos nossos).

Diante das declarações de Lula contra o sionismo, o “PSTUSA” não se posiciona junto a Lula contra os bolsonaristas e sionistas, mas busca colar em Lula a responsabilidade por um pedido de impeachment contra si mesmo. Em outras palavras, o “PSTUSA” se soma à ofensiva sionista contra Lula. Caracterizam Lula como igual, equivalente a todos os setores que compõem o governo, sabotando-o ou não. De acordo com a legenda, Lula seria “apoiado pelo imperialismo mundial”, em outras palavras, não haveria problemas em derrubá-lo num golpe, como aconteceu contra Dilma. Fazem a mesma campanha pelo golpe que fizeram contra Dilma. E o golpismo esquerdista segue:

“Enquanto isso, foi revelado, aqui no Brasil, que não só se aventou a possibilidade de um golpe no país em janeiro de 2023, como de fato tentaram. E quando viram que não tinham força suficiente, tentaram causar uma confusão para criar as possibilidades para o golpe. As revelações da operação da Policia [sic] Federal demonstram que uma parte importante da cúpula militar é golpista e outra parte foi conivente, ao saber da trama e deixar correr solto.

“O governo Lula, infelizmente, não vem tomando nenhuma atitude para punir os militares golpistas. Na verdade, vem fazendo acordões, acenos e tentando conciliar com os golpistas, confiando apenas na Justiça para enfrentar a ultradireita.

“Isto tudo demonstra a importância de construir uma oposição de esquerda ao governo Lula. Não só porque, para enfrentar Israel até o fim, é preciso ter essa independência em relação ao governo Lula. Mas, também, para enfrentar a própria ultradireita bolsonarista. É preciso chamar os trabalhadores e trabalhadoras a lutar. É preciso enfrentar os golpistas, a burguesia e o sistema capitalista que promove isso tudo.”

Após apontar, segundo sua própria análise, uma campanha golpista contra Lula, e aqui é importante ressaltar: não contra todos os setores do governo, não contra os “setores do Centrão, ex-bolsonaristas e grande parte da burguesia”, mas contra Lula especificamente, o “PSTUSA” não chama a se opor ao golpe, mas a formar uma boa oposição a Lula. A fração golpista busca encobrir sua posição ao apontar que seria uma oposição ao governo de conjunto, e também contra os golpistas. No entanto, em 2016, foi evidente a manobra, e aqui se trata da mesma farsa, uma campanha golpista, junto ao imperialismo.

Se torna claro que, no próximo período, os trabalhadores e a esquerda devem estar organizados para enfrentar não apenas a ofensiva da extrema-direita e o golpismo da direita dita democrática, mas a infiltração de agentes do imperialismo dentro da própria esquerda.

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