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Gabriel Araújo

Dirigente Nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Editor da Tribuna do Movimento e do Boletim do Movimento. Militante do Partido dos Trabalhadores e colunista do Voz Operária-Rio de Janeiro.

Coluna

As tarefas da esquerda brasileira em 2024

"As eleições são sim um aspecto de grande importância da luta política dos trabalhadores e deve ser tratada com a devida relevância, mas jamais será um fator primário"

O ano de 2024 já se iniciou com uma carga política mais elevada que os demais, pois este ano teremos eleições municipais. Soma-se a essa situação o fato de que entramos no segundo ano de governo do presidente Lula, terá eleições presidenciais nos EUA e a conjuntura geopolítica internacional tem sido permeada de conflitos em diversas dimensões cada vez mais abertos.

Esse é um ano em que as tendências históricas apontam para que as posições políticas das classes sociais em lutas na sociedade se deem de maneira mais nítida, assim como os enfrentamentos entre nações, refletindo em última instância o acirramento da polarização econômica que existe no mundo e que foi fortemente aprofundada com a pandemia de COVID-19 nos anos anteriores.

Diante desse quadro, o que devemos esperar da esquerda brasileira e quais são as tarefas necessárias nesse momento em que nos encontramos?

As eleições municipais são as mais despolitizadas e fáceis de a burguesia conduzir sua manipulação nesse sentido, porque desloca o debate político das questões fundamentais que podem realmente mudar a vida do povo para tratar de questões miúdas. Ao invés de abordar os grandes temas nacionais, como o grande problema dos juros da dívida pública ou da elevada taxa básica de juros, que retiram investimentos em áreas fundamentais para mudar a vida do povo, vão ser tratados de temas isolados e sem tratar da ligação dos mesmos com essas questões de caráter estratégico. 

Os problemas vão ser abordados como se uma prefeitura ou câmara municipal pudesse de fato das respostas concretas aos problemas elementares da vida do povo. Algo que é impossível, porque os Estados e Municípios estão com suas máquinas públicas submetidas a uma lógica muito mais complexa e rígida do que as dos seus limites territoriais.

Outra questão que despolitiza a circunstância política que estaremos permeados reside no fato de que as eleições são colocadas como elemento fundamental para solucionar os problemas do povo. É como se você votasse e não precisasse fazer mais absolutamente nada, em caso de vitória do seu candidato. A vida não seria definida por uma constante de processos de luta política, mas sim por uma escolha momentânea.

Este tipo de conduta serve somente para deixar o povo com as guardas baixas e distante das decisões políticas. As pessoas ficam inertes esperando que as coisas aconteçam em detrimento de procurarem elas próprias, por meio de suas organizações, obter os resultados que almejam. É como se o mundo pudesse sofrer alterações concretas e efetivas por meio de ações isoladas e individuais, sendo que está mais do que comprovado que as mudanças só ocorrem por meio da ação coletiva das massas. No máximo, apenas aspectos pontuais e de certo modo, artificiais, podem ser mudados individualmente, mas as bases que dão a substância e a sustentação a essa sociedade, e, por conseguinte, às suas mazelas, permanecem intactas.

Os candidatos que não propagandeiam essa situação em suas campanhas e se vendem como super-heróis, não passam de demagogos e inimigos dos trabalhadores, pois além de mistificarem a realidade, sua atuação acaba por fortalecer os nossos inimigos, porque deixa os trabalhadores desprevenidos, esperando que as conquistas necessárias caíssem do céu, enquanto a burguesia, por outro lado, trabalha (em grande medida com esses candidatos) para colocar a classe trabalhadora em uma condição cada vez mais massacrante, de esmagamento e sob uma brutal repressão.

As eleições são sim um aspecto de grande importância da luta política dos trabalhadores e deve ser tratada com a devida relevância, mas jamais será um fator primário e determinante. Esse momento deve ser tido como uma das ferramentas necessárias e táticas para a construção da luta política pelo poder popular, e como, uma ferramenta, um momento e um aspecto da história em processo, se utilizada da maneira correta pode ser um grande braço para mobilizar, organizar e dialogar com os trabalhadores por suas principais reivindicações.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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