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Palestina

Após exigir evacuação, ‘Israel’ assassinou 28 palestinos em Rafá

O deslocamento de forças para a fronteira com o Egito abrem a perspectiva de uma chacina ainda pior, mas é também um reconhecimento da derrota de "Israel"

Aeronaves de “Israel” bombardearam uma área residencial da cidade palestina de Rafá na madrugada do último sábado (10), provocando a morte de pelo menos 28 pessoas, entre as quais dez crianças, com a mais jovem delas sendo um bebê de apenas três meses. Localizada ao sul da Faixa de Gaza e na fronteira com o Egito, Rafá tornou-se o novo alvo das operações militares sionistas desde a última sexta-feira (9), quando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, anunciou os planos das Forças de Defesa de Israel (FDI) de invadir a cidade “para combater o Hamas”, ocasião em que pediu também a evacuação dos mais de 1,5 milhão de palestinos que lá vivem. No mesmo dia 9, o perfil oficial do gabinete do primeiro-ministro de “Israel” no X (antigo Twitter) publicou a seguinte mensagem:

“É impossível atingir o objetivo da guerra de eliminar o Hamas deixando quatro batalhões do Hamas em Rafá. Pelo contrário, está claro que a intensa atividade em Rafá exige que os civis evacuem as áreas de combate.”

Até o 7 de outubro, a cidade de Rafá contava com cerca de 70 mil habitantes, tendo sido justamente a ofensiva sionista contra o norte da Faixa de Gaza o fator responsável por elevar de maneira tão dramática o contingente de palestinos na cidade. O deslocamento foi também consequência de uma imposição governo israelense, que determinou a evacuação do norte de Gaza já nos primeiros dias do conflito, logo após a ação bem-sucedida dos grupos armados de luta pela libertação da Palestina, que, na ocasião, fizeram prisioneiros israelenses para forçar “Israel” a libertar presos palestinos em troca.

Desde então, mais de 30 mil civis palestinos foram assassinados pelo Estado sionista, com mulheres e principalmente crianças compondo mais de 70% das vítimas. Com a decisão das forças sionistas de atacar Rafá, a tendência é que o número de vítimas aumente dramaticamente, uma vez que a população já não pode ir para o norte e tampouco para o outro lado da fronteira, no Egito, onde o governo de Abdul Fatah Khalil Al-Sisi impede a entrada de palestinos, sobrando o mar Mediterrâneo ou a morte às centenas de milhares de árabes refugiados na cidade fronteiriça.

Ciente do problema, o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, declarou que “há um sentimento crescente de ansiedade e pânico em Rafá, porque basicamente, as pessoas não têm ideia para onde ir”. Ainda no âmbito da ONU, o porta-voz da organização, Stephane Dujarric, também manifestou a “preocupação” da agência imperialista com o plano anunciado por Telavive:

“Estamos extremamente preocupados com o destino dos civis em Rafá. As pessoas precisam ser protegidas, mas também não queremos ver nenhum deslocamento forçado em massa de pessoas, o que é, por definição, contra a vontade delas. Não apoiaríamos de forma alguma o deslocamento forçado, que vai contra o direito internacional.”

Por fim, o principal apoiador do genocídio israelense perpetrado contra o povo palestino, o governo dos EUA, também reagiu negativamente. Em declaração dada à imprensa, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado – órgão do governo norte-americano responsável pela política externa do país -, Vedant Patel, alertou para a possibilidade de um “desastre” caso Rafá seja invadida:

“Ainda não vimos nenhuma prova de um planejamento sério de uma operação deste tipo e realizar uma operação deste tipo agora sem planejamento e sem reflexão em uma área onde se abriga um milhão de pessoas seria um desastre.”

O secretário-geral do Conselho Norueguês para Refugiados, Jan Egeland, chamou atenção para um “banho de sangue” caso as forças sionistas invadam realmente a cidade, uma caracterização muito mais próxima do cenário real, tendo implicações não apenas humanitárias, mas políticas. O atual morticínio em escala industrial de mulheres e crianças na Faixa de Gaza já coloca uma pressão severa no imperialismo, que se divide entre controlar a situação e se livrar do peso representado por Netaniahu. É preciso destacar ainda que não apenas no Oriente Médio, mas também nos países imperialistas a radicalização política impulsionada pelo atual estágio do massacre israelense ameaça governos.

Temendo uma escalada da situação, a ditadura egípcia comandada por Abdul Fatah Khalil Al-Sisi já deslocou 40 tanques e blindados para a fronteira. O país tem sido sacudido por imensas manifestações pró-Palestina, mas o governo tem conseguido resistir à pressão popular pelo socorro ao martirizado povo palestino. Com o massacre acontecendo exatamente em sua fronteira, permanece uma incógnita sobre qual desenvolvimento a operação militar israelense pode desencadear no país, assim como nos demais países árabes, já muito pressionados.

Por outro lado, o deslocamento de forças sionistas para a fronteira com o Egito, ao mesmo tempo em que abre perspectiva de uma verdadeira chacina contra os refugiados que habitam Rafá, é também um reconhecimento do fracasso total da tentativa de Telavive de destruir o Hamas e controlar a cidade de Gaza. A exemplo de tudo o que diz o governo israelense, o anúncio da existência de batalhões do Hamas em Rafá nada mais é do que pretexto para o assassinato deliberado e em massa do povo palestino. Isto pode acontecer em um primeiro momento, mas certamente não será sem um elevado custo político, demandando um atento acompanhamento da situação em Rafá e das forças de libertação da Palestina, que podem terminar infligindo uma derrota ainda maior aos invasores sionistas.

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