Na última quinta-feira (14 de março), o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) publicou declaração e chamado à luta, convocando todos os palestinos e muçulmanos da Cisjordânia, Jerusalém e demais territórios ocupados (leia-se: “Israel”) a marcharem em direção à Mesquita de al-Aqsa nessa primeira sexta-feira do Ramadã (15), para romperem o cerco que as forças de ocupação estão impondo ao templo.
Em demonstração de que o Hamas é a vanguarda do povo palestino na Revolução que se desenlaça, milhares atenderam ao chamado e se direcionaram a Jerusalém nessa sexta-feira, para realizar suas preces em Al-Aqsa.
Conforme noticiado pela emissora catarense Al Jazeera, cedo no dia da mobilização, cerca de 45 minutos antes do início da primeira oração, havia milhares de pessoas no posto de controle na entrada de Jerusalém ocupada, aguardando que lhes fosse permitida a entrada na cidade, para poderem rezar na mesquita.
Ocorre que “Israel”, através do governo de Benjamin Netaniahu, novamente mostrando seu caráter nazista, colocou novas restrições para os palestinos poderem entrar em na Mesquita de Al-Aqsa.
Em relação aos homens, apenas aqueles acima de 55 podem entrar no templo, simplesmente o terceiro local mais sagrado do Islã. Quanto às mulheres, apenas aquelas acima de 50 anos foram admitidas. No começo dessa semana, quando, iniciou o Ramadã, ainda não havia restrições para mulheres, e homens acima de 45 anos podiam entrar em Al-Aqsa para realizar suas preces.
Ao menos em tese, pois já no primeiro dia, até mesmo mulheres que tentavam entrar na mesquita para realizar suas preces, foram agredidas cruelmente pela polícia israelense, com golpes de cassete.
Durante o Ramadã ‘Israel’ impede entrada de palestinos em al-Aqsa
No mesmo sentido e evidenciando que a palavra de um sionista de nada vale, já há relatos de pessoas idosas que estão sendo impedidas de entrar na mesquita. Segue o relato de um palestino que falou à Al Jazeera, mas pediu para não ser identificado, por medo de represália:
“Tenho 62 anos e apresentei a minha identificação, mas o meu acesso foi negado… embora [o exército israelense] tenha dito que aqueles com mais de 55 anos podem entrar na mesquita sem autorização.”
A idade, contudo, não foi a única restrição imposta. Segundo Al Jazeera, o Estado nazista de “Israel” também está exigindo autorizações específicas de entrada. Isto, por si só, já é algo ditatorial, afinal, os sionistas são invasores em terras palestinas.
Conforme a emissora, os palestinos não estão sendo amplamente informados de que precisam dessa autorização. De forma que correspondentes locais da rede viram “pessoas sendo rejeitadas no posto de controle por esse motivo e soldados israelenses cercando a área próxima”.
Há também restrições àqueles que desejam sair do complexo de Al-Aqsa. Todos os palestinos estão sendo obrigados a “apresentar seus documentos em um posto de controle ao sair de Jerusalém [ocupada] ou até mesmo tirar uma selfie e enviá-la em um requerimento gerenciado pelo governo israelense”. Segue abaixo o relato de outro palestino, que também teve receio de se identificar:
“Já fui mandado embora diversas vezes. Cada vez, eles verificam nossos documentos como se fôssemos terroristas”, disse uma pessoa que não quis ser identificada à Al Jazeera. “Tudo o que queremos é rezar na nossa mesquita de Al-Aqsa. É a oração de sexta-feira. Que Alá nos conceda paciência para enfrentar tudo o que temos que suportar.”
Uma verdadeira ditadura, onde “Israel” controla o direito de ir e vir dos palestinos, mantendo vigilância cerrada sobre cada um deles, identificando-os para reprimi-los em caso de revolta popular. Idêntico ao que o imperialismo britânico e os sionistas fizeram nos anos que precederam a Nakba, com os arquivos das aldeias.
Com isto, os sionistas nazistas bloquearam milhares de palestinos, principalmente os mais jovens, de entrarem no complexo de Al-Aqsa (onde fica localizada a mesquita). A restrição recaiu principalmente sobre os residentes da Cisjordânia. O que não é coincidência, pois a cada dia os palestinos daquele enclave se armam, formando novas brigadas e avançando a organização para derrubar a ditadura sionista. Como Jerusalém fica localizada na Cisjordânia, esse avanço da resistência configura um enorme perigo para “Israel”, sendo necessário aos sionistas impedirem a sua chegada a Al-Aqsa, um tradicional símbolo da luta palestina contra o sionismo.
Avaliando as restrições impostas pela ditadura israelense, Mustafa Barghout, presidente do partido Iniciativa Nacional Palestina informou que mais de 95% de todos os palestinos estão proibidos de entrarem na Mesquita de al-Aqsa, acrescentando que as tensões entre o povo e os invasores estão aumentando “porque muitas pessoas estão com raiva”:
“A tensão dentro da mesquita é muito alta por causa das restrições israelenses, do espancamento do povo e das provocações. Espero que haja problemas por causa de todas estas provocações”
De fato, tudo indica que a situação se radicalizará ainda mais, pois Itamar Ben-Gvir, o nazi-sionista Ministro da Polícia de “Israel”, fez uma visita provocativa ao Muro de Buraq (ou Muro das Lamentações), parte da fronteira do complexo da mesquita de Al-Aqsa, antes das primeiras orações de sexta-feira do Ramadã, repetindo uma provocação similar feita pelo ex-primeiro-ministro carniceiro Ariel Sharon à Mesquita, o que seria o estopim da Segunda Intifada.
Apesar das restrições impostas pelas forças de ocupação, o povo palestino, tradicionalmente conhecido por sua luta abnegada, mostra novamente sua força e resiliência: cerca de 80 mil muçulmanos, a maioria dos quais palestinos, adentraram no complexo de al-Aqsa (onde fica a mesquita), e realizaram a primeira oração da primeira sexta-feira do Ramadã:


Segundo relatos, o pregador da Mesquita de Al-Aqsa, o Xeique Ikrama Sabri, iniciou seu primeiro discurso do Ramadã fazendo uma oração pelas pessoas de Gaza. Sabri, que outrora já fora Grande Mufti de Jerusalém, foi preso por “Israel” inúmeras vezes. Não coincidentemente, declarou nesta sexta-feira que “não há espaço para concessões em Al-Aqsa”, e que a mesquita “permanecerá aberta não importa o que aconteça”, acrescentando ainda que a presença de tantos fiéis, apesar das restrições ditatoriais era “uma mensagem para aqueles que querem prejudicar Al-Aqsa”.
A ditadura que “Israel” impõe um novo ataque hediondo sobre os palestinos, impedindo-lhes de exercer sua fé durante o Ramadã, demonstrando, mais uma vez, que se trata de um Estado análogo à Alemanha Nazista. É algo de uma crueldade sem tamanho.
No entanto, conforme declarou recentemente Ilan Pappe, historiador israelense autor da obra A Limpeza Étnica da Palestina, apesar de este ser o momento mais sombrio da história da Palestina, é a “escuridão antes do amanhecer”. Afinal, a Revolução Palestina está novamente em marcha, e desta vez não será detida.




