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Política internacional

Afeganistão, Rússia, África, Palestina e, agora, Irã

A ação iraniana é um ponto de virada que ocorre na sequência de várias derrotas do imperialismo, quais sejam, no Afeganistão, na Ucrânia, na África e na Palestina

Após passados sete dias da Operação “Promessa Cumprida”, se havia alguma dúvida de que a operação militar iraniana contra “Israel” havia sido bem sucedida, já não há mais. O Irã não só se consolidou com um poder de dissuasão contra o imperialismo e o sionismo no Oriente Próximo, como sua ação foi um “fato histórico transcendental”, como bem apontou Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), no programa Análise Política da Semana deste sábado (20).

E a Operação “Promessa Cumprida” é o episódio mais recente da nova etapa da crise pela qual o imperialismo passa, a pior de suas crises desde a Segunda Grande Guerra.

Deve ser lembrado, então, que o evento mais recente que desencadeou essa crise foi a expulsão do exército dos Estados Unidos do Afeganistão pelo Talibã, em 2021.

Naquele ano, a situação no imperialismo norte-americano no país já estava insustentável. Após quase duas décadas sendo ocupado pelas tropas imperialistas, especialmente dos EUA, a revolta do povo afegão era cada vez mais intensa. O agrupamento político que incorporou essa revolta e liderou as massas afegãs a expulsar as forças invasoras do país foi o Talibã.

Dada a situação insustentável, o governo de Joe Biden tinha planejado retirar as tropas de maneira controlada. Mas não funcionou, e a retomada de Cabul, capital do Afeganistão, pelo Talibã, que ocorreu em 15 de agosto de 2021, expôs para todo o mundo, principalmente para os países oprimidos e as organizações de resistência dos povos oprimidos, a fraqueza do imperialismo, inclusive dos Estados Unidos. À época, comparou-se a tomada de Cabul pelo Talibã com a queda de Saigon, a captura da capital do Vietnã do Sul pelo Vietnã do Norte, evento que mostrou para o mundo inteiro o fracasso dos Estados Unidos na Indochina. Assim como ocorreu naquela época em Saigon, o que se viu em Cabul foram milhares de funcionários/colaboradores do imperialismo e de seu governo fantoche  tentando fugir pelos aeroportos e bases militares norte-americanas da cidade.

Conforme analisado por este Diário à época, a vitória do Talibã resultou de uma ampla mobilização popular contra a ditadura imperialista sobre o país, foi uma vitória não só para o povo afegão, mas para todos os povos oprimidos do mundo, acrescentando ainda que “a derrota do imperialismo neste país enfraquece o imperialismo em todo oriente médio o que pode levar a libertação de todos os países da região”. Rui Pimenta apontou, na Análise deste sábado, disse que, ao serem derrotados no Afeganistão, “os Estados Unidos se transformaram em uma França”, em referência à inferioridade da França como potência imperialista.

Naquele ano de 2021, no mundo todo o imperialismo estava em crise, não era apenas da região do Oriente Próximo. A tensões no Leste Europeu eram cada vez maiores: com o imperialismo intensificando sua política agressiva contra a Rússia, ameaçando instalar bases da OTAN na Ucrânia, ou mesmo incluir o país no tratado, um conflito era iminente.

Então, em 2022, logo no início do ano, no dia 24 de fevereiro, a Rússia se antecipou a eventual cerco e agressão militar por parte dos EUA, da OTAN e da União Europeia, e deu início à Operação Militar Especial, com as Forças Armadas Russas realizando incursões pelas regiões sul, leste, nordeste e norte da Ucrânia, por ar, terra e mar, simultaneamente. Conforme Rui Pimenta relembrou. À época da ação Russa, o Partido da Causa o Operária e este Diário imediatamente analisaram que se tratava de uma ação defensiva de um país oprimido, que antecipava uma agressão imperialista. E que se tratava de uma ação que enfraquecia o imperialismo e fazia avançar a luta dos povos oprimidos em todo o mundo. Logo, algo progressista. Além disto, foi justamente a expulsão dos Estados Unidos do Afeganistão, pelo Talibã, que mostrou à Rússia que a ação contra o imperialismo na Ucrânia era viável, em razão do enfraquecimento dos EUA.

Neste sábado (20), ao falar sobre a Operação “Promessa Cumprida”, do Irã, Rui Pimenta relembrou sobre a Operação Militar Especial russa, destacando que foi depois do Afeganistão que ações contra o imperialismo, de países e povos oprimidos, passaram a ocorrer com grande frequência. Contudo, diferenciou a Guerra na Ucrânia do Afeganistão:

“O Afeganistão, que mostrou a fraqueza total do imperialismo é o que levou à operação militar russa na Ucrânia. Neste caso, nós temos uma mudança na situação, que é a seguinte: no Afeganistão o imperialismo ocupou e foi escorraçado. O imperialismo teve a iniciativa, mas acabou sendo rechaçado. Na Ucrânia é o contrário: não é que o imperialismo invadiu. A Rússia tomou a iniciativa e os norte-americanos tiveram que ficar olhando. A partir do Afeganistão as coisas começam a acontecer com uma rapidez muito maior. 

Se a expulsão das tropas norte-americanas do Afeganistão mostrou a fraqueza do imperialismo e, ao mesmo tempo configurou um golpe contra essa ditadura mundial monstruosa, a ação militar da Rússia na Ucrânia provocou danos ainda maiores na dominação mundial dos Estados Unidos e da Europa. Afinal, em todas as vezes anteriores que o imperialismo havia sofrido derrotas em países atrasados, fora em razões de revoluções, levantes das massas, de toda a população. No caso da Rússia, a ação puramente militar de um país oprimido vem derrotando todo o bloco imperialista no Leste Europeu há mais de dois anos.

Nesse biênio, a Operação Militar Especial russa teve suas consequências positivas para outros povos oprimidos, principalmente na África. Vários golpes militares ocorreram em países africanos. Golpes que foram dados por setores nacionalistas das respectivas forças armadas e que contaram com amplo apoio da população. 

O primeiro golpe progressista bem sucedido após a ação da Rússia foi em Burkina Fasso. Aliás, lá houve dois golpes. O primeiro ocorreu em 23-24 de janeiro de 2022. Já teve natureza nacionalsita, mas eventualmente se mostrou insuficiente para conduzir a luta contra o imperialismo no país. Em 30 de setembro de 2022, novo golpe foi dado, liderado por Ibrahim Traoré, que é atualmente o presidente do país.

O golpe seguinte foi no Níger, e se deu entre os dias 26-26 de julho de 2023. Igualmente um golpe de tipo nacionalista, recebeu amplo apoio da população, que saiu às ruas aos milhares com bandeiras da Rússia, mostrando a influência progressista da ação russa contra o imperialismo na Ucrânia. Após o golpe, o imperialismo ameaçou utilizar países da CEDEAO para invadi-lo, mas nunca tal invasão nunca aconteceu, outra demonstração da fraqueza imperialista. Em acontecimentos mais recentes, nesta sexta-feira (19), diversos órgãos da imprensa burguesa noticiaram que os EUA aceitaram retirar suas tropas do Níger (mais de 1.000 soldados). O que aconteceu não muito tempo depois de instrutores e equipamentos militares russos terem chegado ao país, a pedido do líder da junta militar Abdourahamane Tchiani, que discutiu a cooperação em segurança com o presidente Vladimir Putin no mês passado, conforme noticiado pela emissora Russian Today.

Outro Estado africano em que houve golpe militar no ano de 2023 foi o Gabão. Embora o golpe não tenha sido tão radical quanto os citados acima, ainda assim teve um caráter nacionalista, conforme extensivamente noticiado por este Diário. Releia as matérias publicadas como parte do Especial Gabão, no seguinte link.

Então, em 7 de outubro de 2023, veio Operação Dilúvio de al-Aqsa, o evento político mais importante do séc. XXI. Quando o Hamas, liderando a resistência do povo palestino ao sionismo, realizou uma ação militar contra “Israel”, cujo sucesso foi sem precedentes. Expôs a debilidade da Ditadura Nazissionista de tal forma que desencadeou novamente a Revolução Palestina, e acelerou o colapso do Estado de “Israel” e o fim da ditadura do imperialismo no Oriente Próximo.

Conforme vem sendo diariamente noticiado neste Diário, “Israel” não consegue nenhum objetivo militar contra o Hamas e a resistência. Só assassina civis. Por outro lado, a resistência vem provocando baixas e mais baixas nas fileiras invasoras. Em razão do fracasso em combater a resistência, “Israel” tenta recorrer à seu modus operandi de assassinatos pontuais, que utilizou inúmeras vezes ao longo de décadas, na tentativa de conter a resistência contra a ditadura sionsita, mas sempre fracassou. Nisto, assassinou, no dia 1º de abril, vários membros da Guarda Revolucionária Iraniana.

O crime do sionismo era também uma tentativa de forçar o Irã a responder de forma desmedida, para então forçar os Estados Unidos a intervir militarmente, com força total, na Guerra contra o povo palestino e todo os povos árabes e muçulmanos do Oriente Próximo.

Ante o ataque de “Israel” ao Consulado Iraniano, o governo do Irã prometeu responder. Pacientemente aguardou, elaborando cuidadosamente uma operação militar que permitisse ao país persa sair vitorioso sobre o Estado sionista, mas que não fosse desmedida a ponto de deflagrar uma guerra total.

O que o Irã cumpriu, com a Operação “Promessa Cumprida”, foi muito além. Conforme já afirmado no início dessa matéria, foi um acontecimento político histórico, e ocorreu na sequência das derrotas do imperialismo no Afeganistão, na Ucrânia, na África e na Palestina. Isto é, faz parte da espiral de crise na qual o imperialismo está, e da qual não consegue se desenvencilhar.

Vale outra citação de Rui Costa Pimenta, também da Análise Política desde sábado (20). Pimenta, ao comentar sobre o poder de dissuasão do Irã, e o fato de “Israel” não ser mais capaz de ameaçar mais ninguém, foi claro:

“É o começo do fim. Acabou.”

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