Em artigo Nota de repúdio às agressões do PCO no 8 de março, publicado no portal Esquerda Diário, o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) calunia o Partido da Causa Operária (PCO), cujos militantes foram agredidos no ato de 8 de março em São Paulo. Após três parágrafos de muita demagogia, em que o MRT diz ter ido às ruas contra a “violência de gênero e a precarização do trabalho”, o grupo diz que rechaça “veementemente as agressões e violência cometidas por militantes do PCO contra mulheres no ato do 8 de março em São Paulo“.
Que agressões? Que violência? Ninguém sabe. O MRT, aqui, age como a extrema direita bolsonarista durante o golpe de Estado de 2016, que acusava o filho de Lula de ser dono da empresa de telefonia Oi ou da empresa frigorífica Friboi. Prova? Nenhuma. Há algum contrato em nome do filho de Lula? Há sequer uma foto dele no escritório dos executivos da Friboi? Não. Mas, para a extrema direita, a acusação já basta. É este o seu método: acusar sem provas e intimidar os adversários por meio de calúnias.
Em um dado momento no artigo, o MRT apresenta o que seria sua “prova”. Uma “prova”, contudo, digna da Operação Lava Jato, que tinha Sergio Moro como seu juiz. Na época em que tentava prender Lula, Moro apresentou como “prova” de que um sítio pertenceria ao presidente o fato de que a ex-esposa do petista teria comprado pedalinhos para os netos brincarem no local. Eis o “pedalinho” do MRT: “uma professora dirigente do MRT foi agredida pelas costas, enquanto tentava impedir que militantes do PCO seguissem com seus empurrões, socos e cotoveladas“.
O MRT sequer afirma que a “agressão” teria sido feita pelo PCO! E mais: o que seria essa “agressão” pelas costas? A “professora dirigente” recebeu uma facada? Em um empurra-empurra, em um tumulto, sempre alguém acaba sendo empurrado. É completamente diferente de uma agressão, quando alguém, deliberadamente, resolve investir contra a integridade física de alguém. Em nenhum momento o MRT diz: fulano, do PCO, deu um murro no rosto de ciclano, do MRT. No máximo, a grande “acusação” é a de que alguém trombou em uma tal professora. Não acusam o PCO de nenhuma agressão de fato por um motivo simples: não houve agressão.
Mas a mentira do MRT diz mais sobre o próprio grupo. Ao se preocupar em acusar o PCO de ter agredido pessoas, o grupo se exime de denunciar o verdadeiro motivo que levou às agressões contra o PCO naquele ato. Tudo aconteceu porque o Partido foi censurado. Foi impedido de falar do caminhão de som. Em vez de denunciar essa conduta da “organização” do ato, que, além de ser antidemocrática, é o que causou os eventos posteriores, o MRT preferiu, portanto, acusar os agredidos e censurados de serem os agressores!
A questão da censura aparece de uma maneira verdadeiramente calhorda no artigo: “batalhamos por um movimento de mulheres democrático onde as posições possam se expressar, e defendemos direito de fala para todas as organizações no caminhão de som do ato“. Veladamente, eles reconhecem que o PCO foi censurado. No entanto, é como se dissessem: “se o PCO foi censurado, nós não temos nada a ver com isso“. Ora, mas se o PCO foi censurado, os eventos posteriores estão mais que explicados.
Ao contrário do que o MRT alega, a reação do PCO ao ser censurado não foi a de agredir manifestantes. Foi, conforme vários vídeos nas redes sociais comprovam, a de protestar contra a censura. E é neste momento que as agressões contra as mulheres do Partido ocorrem. O tumulto no ato foi simplesmente o resultado de homens da “organização” do ato reprimindo o protesto de mulheres que foram censuradas e essas mulheres tentando se defender.
Curiosamente, uma cena dessa história foi completamente omitida pelo MRT. O grupo não mencionou o que houve de mais escatológico naquele dia: os mesmos que agrediram as mulheres do PCO ainda chamaram a polícia para uma manifestação de esquerda para reprimir as militantes trotskistas. O MRT, portanto, não apenas não condena a censura, como não condena a agressão às mulheres do PCO e como não condena a intervenção policial no ato.
O MRT mente e calunia por um problema de interesses, mostrando que não tem princípios. Não há, por exemplo, como falar que “em SP nossas mulheres também lembraram as famílias que perderam seus filhos e filhas para a violência policial para que essa data também fosse em nome de cada uma dessas mães e de cada um que nos foi tirado, ainda mais em um momento que Tarcísio de Freitas, governador bolsonarista e reacionário da extrema direita segue com a maior chacina da história de SP – com exceção do massacre do Carandiru“, se a organização não vai denunciar a participação da polícia no ato. Não é uma defesa da mulher de fato, mas uma defesa do próprio interesse.
O MRT calunia o PCO não porque acha que isso é o melhor a ser feito na luta em defesa das mulheres, mas porque considera que o PCO é um partido que “compete com ele”. Isto é, por se verem ameaçados diante o crescimento do PCO, se sentem obrigados a criticar o Partido, ainda que não haja o que criticar. Essa defesa do próprio interesse, finalmente, faz com que o MRT apoie os setores mais oportunistas e pró-imperialistas do movimento contra o setor mais combativo e revolucionário.