História da Palestina

A origem fascista do Licude, partido de Benjamin Netaniahu

O partido que governa "Israel" é herdeiro do Irgun, milícia fascista criada por membros do Betar, organização fascista que usava camisas marrons e fazia a saudação romana

Desde que o Hamas, na liderança das demais organizações da resistência, realizou a Operação Dilúvio de al-Aqsa, no último dia 7 de outubro, o estado de “Israel” vem realizando um genocídio na tentativa de impedir o triunfo da Revolução Palestina.

À frente desse massacre sem precedentes está o governo de Benjamin Netaniahu, cujo partido é o Licude.

Embora seu gabinete ministerial seja composto pelos partidos mais fascistas da política israelense atual, tais como o Judaísmo da Torá Unida, o Partido Religioso Sionista, o Xás (Shas), e o Noam, partidos estes que impulsionam as políticas mais extremas de Netaniahu, através de pessoas como Itamar Ben-Gvir (Ministro da Polícia) e Bezalel Smotrich (Ministro das Finanças), é preciso ressaltar que o próprio Licude é um partido fascista. 

E a natureza fascista do Licude pode ser constada não apenas pelas sua ações atuais e sua história de repressão contra os palestinos e suas organizações de resistência, mas também pela própria origem do partido.

Quando e de onde surgiu o Licude?

O partido de Benjamin Netaniahu foi criado no ano de de 1973, por Menachem Begin, quem foi um dos comandantes da milícia fascista Irgun, responsável por massacres com o de Deir Iassin, quando, em um dia, os sionistas assassinaram cerca de 250 aldeões palestinos

Begin também foi primeiro-ministro de “Israel” entre os anos de 1977 e 1983, quando da Guerra Civil do Líbano e, junto de seu ministro da defesa em 1982, o carniceiro Ariel Sharon, foi um dos responsáveis pelo massacre de Sabra e Chatila, quando mais de 5 mil libaneses e palestinos foram assassinados por milícias fascistas de cristãos maronitas, com auxílio das forças israelenses de ocupação e do imperialismo norte-americano.

O Licude resultou de uma junção de vários partidos direitistas, quais sejam, o Herut, o Partido Liberal, o Centro Livre, a Lista Nacional, e o Movimento pela Grande “Israel”.

Destes, o Herut era o principal deles. Igualmente fundado por  Menachem Begin, no ano de 1948, era um partido notoriamente fascista, e sua ideologia política guia era a do revisionismo sionista. Isto não era coincidência, afinal, o Herut era descendente direto da já citada milícia Irgun.

O Irgun, por sua vez, surgiu de um racha da principal milícia fascista do sionismo, a Haganá, quando milicianos adeptos do revisionismo sionista saíram do grupo, por achar que não estavam sendo eficientes em fazer avançar a conquista do sionismo sobre a Palestina, exigindo um maior nível de repressão.

Nesse sentido, o revisionismo sionista era uma vertente do sionismo ainda mais fascista do que a vertente tradicional do sionismo. Afinal, ela era a corrente ideológica do Betar, organização fascista criada na Letônia, no ano de 1923, pelo judeu russo Vladimir (Ze’ev) Jabotinski.

Conforme exposto por João Jorge Caproni Pimenta, em recente vídeo sobre a origem do Licude, publicado na Causa Operária TV:

“Poucos conhecem a obscura origem desse partido, que remonta a uma organização fascista da década de 1920. A história começa em 1923, quando Vladimir Jabotinski, um judeu ucraniano, funda o movimento Betar. Insatisfeito com o movimento sionista tradicional, fundou a ala considerada revisionista do sionismo, sendo uma extrema direita do movimento que já era de direita.”

Na explicação, ainda é citada a alcunha que o carniceiro Davi Ben Gurion, fundador de “Israel”, deu a Jabotinski, dado seu caráter fascista e simpatia com demais organizações fascistas da época:

“Seu líder Inclusive era apelidado pelo sanguinário fundador de ‘Israel’, Ben Gurion, de Vladimir Hitler Jabotinski, e o primeiro presidente de Israel igualava o revisionismo sionista ao fascismo italiano de Benito Mussolini”.

O mesmo Ben Gurion que disse que:

“Se eu soubesse que era possível salvar todas as crianças [judias] da Alemanha através da sua transferência para Inglaterra e apenas metade delas transferindo-as para Eretz-Yisrael, eu escolheria a última opção —- porque estamos confrontados não apenas com o destino dessas crianças [judias], mas também o destino histórico do povo judeu.”

João Pimenta destaca ainda as similaridades entre o Betar e os Camisas Marrons (milícias fascistas de Hitler, oficialmente chamados de Sturmabteilung) e os camisas negras (milícias fascistas de Mussolini, oficialmente chamadas de Milizia Volontaria per la Sicurezza Nazionale):

“O Betar mantinha relações estreitas com Mussolini. Usava camisa marrom como as tropas de assalto de Hitler e fazia a saudação romana, utilizada pelos nazistas. Um dos seus lemas era Alemanha para Hitler, Itália para Mussolini, e Palestina para o sionismo. As milícias do Betar foram treinadas inclusive pelo exército italiano de Mussolini”.

Em suma, o Betar era uma organização fascista no sentido mais literal da palavra, surgida na mesma época em que o fascismo, como forma de organização da burguesia imperialista.

O primeiro governo do Licude foi em 1977, e teve como primeiro-ministro Menachem Begin. Foi a primeira vez que a extrema direita israelense chegou ao poder. O imperialismo usou do fascismo sionista (este mesmo um movimento já fascista em sua origem) para conter o avanço da resistência palestina, cuja principal organização à época era a OLP, liderada pela Fatá, de Iasser Arafat.

Desde que o Licude assumiu o poder, impulsionado pelo imperialismo, elegeu quatro primeiros-ministros, ficando mais de três décadas no governo, e realizando incontáveis massacres contra o povo palestino, como o genocídio que “Israel” perpetra atualmente, mostrando como a herança fascista do Betar domina a política israelense até os dias atuais, conforme explica João Pimenta:

“Os primeiros-ministros eleitos pelo Licude Menachem Begin, Isaque Shamir, Ariel Sharon e Benjamin Netaniahu, todos herdeiros diretos do Betar, governaram ‘Israel’ por quase 32 anos. 

O Licude se tornou a força dominante em ‘Israel’ quando, diante do crescimento da Resistência Palestina a partir da década de 1970, o sionismo foi obrigado a recorrer a uma violência cada vez mais intensa, com enormes massacres de palestinos desarmados; como foi o caso de Sabra e Chatila 

O Licude, cujo nome significa consolidação, carrega consigo a herança fascista do Betar, defendendo a invasão contínua dos territórios palestinos atuais, principalmente na Cisjordânia, onde camponeses árabes são expulsos à força de suas terras.

Ao compreender a origem do Licude, podemos melhor entender as raízes ideológicas que moldaram a política israelense. 

O partido, com sua herança fascista, domina a política israelense até os dias de hoje.”

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