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Poder Judiciário

Imprensa exalta 10 anos da ‘Lava Jato’, pilar do golpe de Estado

Comandada por figuras como Segio Moro, operação causou uma destruição impressionante à economia nacional

Durante a crise política que levou à queda da presidente Dilma Rousseff e o subsequente encarceramento do presidente Lula, uma organização operou, desde o seio do aparato de Estado Brasileiro, como ponta de lança dos interesses imperialistas: a operação “lava jato”. Esse núcleo que, segundo o ex-procurador e ex-parlamentar federal Deltan Dallagnol, tinha contato direto com a CIA, foi um instrumento político central na reestruturação da república de 1988. Até hoje, a burguesia brasileira tenta resgatar o “legado” da operação “lava jato”, que não seria o mais puro entreguismo aos EUA, mas sim o combate à tão mitológica “corrupção”.

É nessa toada que o jornal o Estadão publicou o editorial: Revisionismo sem vergonha. Através dessa peça de opinião, o jornal se propõe a debater como a operação “lava jato” vem sendo caluniada pelo “lulopetismo”, num verdadeiro “revisionismo histórico” (palavras do jornal). No entanto, a matéria falha (ou se omite propositadamente) em trazer dados factuais sobre a operação, inclusive ignorando as mensagens entre os procuradores e juízes que foram vazadas por um hacker. Mensagens essas, aliás, até hoje não contestadas por seus supostos emissores. Tais diálogos revelavam as entranhas da operação, suas arbitrariedades, conluio entre promotoria e juízes, além das vinculações entre a operação e seus patrocinadores de Washington.

É surpreendente, portanto, que a esquerda nacional, em especial o Partido dos Trabalhadores – PT, que sofrera diretamente com o descontrole dos aparelhos repressivos do Estado capitalista, venha solicitar este mesmo expediente contra seus inimigos políticos. O caso emblemático do “8 de janeiro”, onde um grupo de bolsonaristas invadiu o planalto, realizando uma série de atos de vandalismo, logo tornou-se uma “tentativa de golpe de Estado”. Senhoras de idade, descompensados contumazes e até mesmo um morador de rua (ou um cidadão em situação de rua, se a sua sensibilidade preferir), sem fuzis, blindados, ou botinas, logo foram equiparados ao que não eram: golpistas. Claro, isso não significa que estes cidadãos não apoiavam um golpe vindo dos militares, ou de Bolsonaro. No entanto, eles não eram os golpistas, um verdadeiro crime impossível.

Nesse sentido, a esquerda nacional vem apoiando os mesmos aparelhos repressivos que levaram à sua derrocada em 2016, na esperança de que as mesmas arbitrariedades que lhe feriram hoje firam o setor bolsonarista. Importante notar um fato fundamental: quem comanda tais aparelhos repressivos não é a esquerda, pouco importando quem está na presidência da República. Portanto, fortalecer este lobo na esperança de que engula seus inimigos, logrará, no máximo, que a esquerda nacional seja devorada quando as condições objetivas estiverem postas.

Como a matéria do Estadão aponta, o cavalo do imperialismo na corrida pelo poder no Brasil não é necessariamente o bolsonarismo, um candidato improvisado, mas sim os setores que compõem a alta burocracia de Estado e a burguesia mais umbilicalmente ligada aos monopólios imperialistas, conformados no setor político da “direita civilizada”. Não por acaso, o PSDB foi o principal responsável por aplicar no Brasil o neoliberalismo mais ortodoxo; assim como a “ala técnica” do governo Bolsonaro  (como foi definida pela imprensa corporativa) era capitaneada pelo ministro da economia, Paulo Guedes, umbilicalmente ligado a esse setor político.

A disputa pela memória da “lava jato” nos revela como operações como estas ainda são e serão necessárias para que o imperialismo garanta o seu domínio nas terras brasileiras, como aponta a matéria do Estadão:

É preciso recolocar as coisas nos seus devidos lugares. Quem quiser acreditar na fábula lulopetista [Sic] de que o PT e seu chefão foram perseguidos por um poderoso consórcio golpista que envolveu até o FBI, que acredite, pois questões de fé não se discutem. Já quem preza a verdade factual, sem a qual não há democracia, certamente espera que a Lava Jato encontre seu melhor lugar na história.

Quando a esquerda nacional apoia os mesmos aparelhos de Estado que, em nome da “corrupção”, esgarçaram o tecido político nacional, servindo aos interesses estadunidenses, está afiando a guilhotina que lhe cortará a cabeça, porque, novamente, a esquerda não controla esses aparelhos. Tal ilusão, já combatida no texto seminal de Vladimir Lênin, O Estado e a Revolução, é suficiente para desarmar a esquerda e toda a classe trabalhadora que, ao não identificar no Estado o que ele é, ou seja, um instrumento de opressão de uma classe por outra, acaba idealizando o Estado como um ente “republicano”, impessoal, neutro.

Ironicamente, mesmo as mais tímidas tentativas de mostrar que o Estado não é um ente neutro, são respondidas pela burguesia com editoriais de ampla circulação, como a peça do Estadão referida nesta matéria. Toda crítica à institucionalidade é sufocada por um consenso republicano lunático. E especialmente lunático porque, em 2016, há menos de dez anos, experimentamos empiricamente que o Estado não é um instrumento neutro, mas sim um aparato de repressão a serviço da burguesia. Como diria a frase atribuída a Albert Einstein:

insanidade é continuar fazendo a mesma coisa, mas esperando resultados diferentes

Com tal política, a esquerda nacional e, em especial, o Partido dos Trabalhadores, trilham um caminho similar ao que levou à queda da presidente Dilma Rousseff em 2016. A necessária mudança de curso é a única possibilidade de se esperar um resultado novo.

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