A Linha Verde é uma linha de demarcação que dividiu a capital do Líbano, Beirute, durante a guerra civil libanesa, de 1975 a 1990. Esta linha, que se estendia por aproximadamente 8 km, separava a parte ocidental da cidade, predominantemente muçulmana, da parte oriental, majoritariamente cristã. Embora não fosse uma linha física com barreiras ou muros, tornou-se um símbolo poderoso das divisões sectárias e políticas no país.
A guerra civil no Líbano começou em abril de 1975, com o aumento das tensões entre diferentes grupos religiosos e políticos. Em seu início, a linha de demarcação surgiu como uma zona neutra que separava as áreas controladas por milícias muçulmanas e cristãs. Ao longo do conflito, esta linha flutuante se estabilizou na chamada “Linha Verde” devido à vegetação que cresceu nas áreas abandonadas e bombardeadas.
Beirute Ocidental, ao oeste da Linha Verde, tornou-se um reduto de muçulmanos sunitas, drusos, e organizações palestinas como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Beirute Oriental, ao leste da linha, ficou sob controle de milícias cristãs maronitas. A Linha Verde não era apenas uma fronteira física, mas também um símbolo das profundas divisões religiosas e sociais do Líbano.
A divisão imposta pela Linha Verde teve um impacto profundo na vida dos habitantes de Beirute. A separação forçada de comunidades gerou um êxodo de civis que procuravam segurança em áreas controladas por suas respectivas comunidades religiosas. A travessia da Linha Verde era extremamente perigosa, com frequentes tiroteios e bombardeios, tornando a vida cotidiana um desafio para todos os moradores da cidade.
Durante a guerra civil, várias potências estrangeiras intervieram no Líbano, muitas vezes exacerbando o conflito. A Síria, Israel, os Estados Unidos e outros países tinham interesses na região, apoiando diferentes facções. A presença de organizações palestinas no Líbano, especialmente após o Setembro Negro na Jordânia em 1970, também influenciou significativamente a dinâmica do conflito. Israel, em particular, realizou várias invasões e operações militares no sul do Líbano para combater a OLP.
A guerra civil libanesa terminou oficialmente com o Acordo de Taif em 1989, que levou à desmilitarização das milícias e ao fortalecimento do governo central. No entanto, as cicatrizes físicas e sociais da Linha Verde ainda são visíveis em Beirute. Embora a cidade tenha sido reconstruída em grande parte, a memória da linha divisória persiste na consciência coletiva dos libaneses.
Hoje, a Linha Verde não existe mais como uma barreira física, mas seu legado ainda influencia a sociedade libanesa. A área que outrora foi a linha divisória é agora um espaço de desenvolvimento urbano, com novos edifícios e infraestruturas. No entanto, as divisões sectárias que a linha simbolizava ainda permanecem, refletidas nas tensões políticas e sociais do Líbano contemporâneo.
A Linha Verde do Líbano é um testemunho da complexa história de conflito e divisão do país. Surgida durante a guerra civil libanesa, essa linha se tornou um símbolo das profundas divisões sectárias e políticas que marcaram o período. Embora a linha física tenha desaparecido com o fim do conflito, seu legado continua a influenciar a vida no Líbano, lembrando a todos da importância da paz e da unidade nacional.