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HISTÓRIA DA PALESTINA

A Grande Marcha do Retorno

Em 2018, milhares de palestinos saíram às ruas de Gaza, marchando em direção à fronteira com "Israel", protestando pacificamente pelo direito de retornar às suas terras

Em 2018, ano em que a Nakba, limpeza étnica da Palestina, completou 70 anos, o povo palestino marchou em direção à fronteira entre a Faixa de Gaza em “Israel”, na maior mobilizações de massas desde a Segunda Intifada. Trata-se da Grande Marcha do Retorno.

As mobilizações se iniciaram em 30 de março de 2018, no chamado Dia da Terra, data em que os palestinos recordam, denunciam e protestam contra o roubo de terras palestinas por parte de “Israel” em 1976. Naquele ano, o Estado sionista confiscou 20 mil km² de terras entre os vilarejos árabes de Sakhnin e Arraba. Era a continuidade do avanço do sionismo sobre a Galiléia. Em resposta, a população árabe dos territórios ocupados organizou uma greve geral, marchando da Galiléia até o deserto do Negueve. As forças israelenses de ocupação reprimiram, assassinando seis palestinos, metade dos quais mulheres, e ferindo mais de 100.

De volta a 2018, o estopim da mobilização foi a decisão do governo dos EUA, à época presidido por Donald Trump, de mudar a embaixada norte-americana em “Israel” para Jerusalém, cidade localizada na Cisjordânia, onde está a Mesquita de al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado para os muçulmanos. Outra causa imediata era a intensificação do bloqueio econômico e político que “Israel” já exercia contra Gaza há mais de uma década, o qual torna Gaza um verdadeiro campo de concentração a céu aberto.

Impulsionados por esses fatos recentes, os palestinos tinham como reivindicação última o direito de retornar às suas terras. Logo no primeiro dia de mobilização, cerca de 30 mil palestinos marcharam à fronteira, onde uma cerca fortificada impede dois milhões de palestinos de retornarem às suas terras. Conforme noticiado à época pela emissora Al Jazeera, do Catar, 17 palestinos foram assassinados naqueles protestos pelas forças de ocupação, e cerca de 1.400 ficaram feridos. Uma demonstração de que a ditadura nazista de “Israel” sequer tolera manifestações pacíficas de palestinos.

Oficialmente iniciada por setores independentes do povo palestino, a mobilização tinha sido programada para durar até a data da Nakba naquele ano, isto é, 15 de maio de 2018. Contudo, a revolta do povo palestino faria a Grande Marcha do Retorno durar até 27 de dezembro de 2019.

Apesar de oficialmente convocada por setores independentes, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), principal partido político da Palestina, logo demonstrou apoio expresso à manifestação, atuando para impulsionar a mobilização de massas. Milhares de militantes do partido participaram da Grande Marcha. Demais partidos e organizações da resistência, tais como a Jiade Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e outras, também participaram.

Sendo uma mobilização de massas, tanto a juventude quanto as mulheres palestinas se fizeram presentes em peso. O protesto do dia 20 de abril, quando mais de 10 mil protestaram, foi chamado de “A Marcha das Mulheres de Gaza”. Já o dia 27 de abril foi o “Dia da Juventude Rebelde”, quando, novamente, mais de 10 mil foram às ruas. Foi neste dia que, pela primeira vez, os manifestantes conseguiram chegar próximos à cerca eletrificada da fronteira, após terem rompido barreira de arame farpado.

No dia 14 de maio, data em que a fundação do Estado artificial de “Israel” completou 70 anos, os EUA e “Israel” realizaram uma cerimônia para “celebrar” a mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém. O ato provocativo foi realizado na cidade e intensificou os protestos que já ocorriam contra os 70 anos da ocupação. Naquele dia, 35 mil palestinos saíram às ruas, com milhares chegando próximo à cerca do campo de concentração. As forças israelenses de ocupação, por sua vez, assassinaram cerca de 62 palestinos, 50 dos quais eram militantes desarmados do Hamas e três da Jiade Islâmica.

Mesmo com tamanha repressão contra uma marcha pacífica, a Assembleia Geral das Nações Unidas só foi condenar o uso de força letal por “Israel” em 13 de junho, através de resolução.

Demonstrando a natureza fascista das forças de ocupação, uma comissão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas concluiu, em fevereiro de 2019, que dos 489 casos de mortes ou feridos palestinos que já haviam sido analisados, apenas dois foram possivelmente justificados como respostas ao perigo pelas forças de segurança israelenses, sendo o restante considerados ilegais.

Em outros países, milhares de pessoas saíram às ruas em apoio ao povo palestino e contra a brutalidade de “Israel”. Houve manifestações nos EUA, Reino Unido, Austrália, Irã, em vários países árabes e mesmo em “Israel”.

Ao fim da Grande Marcha do Retorno, uma mobilização pacífica do povo palestino contra a ocupação israelense, pelo direito de retornar às suas terras, mais de 13 mil palestinos foram feridos pelas forças israelenses de ocupação, que dispararam armas de fogo contra os manifestantes. Desse total, cerca de 1.400 foram alvejados entre três e cinco vezes. Além disto, 223 palestinos foram martirizados, incluindo 46 crianças, uma demonstração da natureza nazista de “Israel”.

Se o Hamas e demais organizações da resistência já sabiam que não era possível a libertação do povo palestino através de manifestações pacíficas, a Grande Marcha do Retorno confirmou isto e, mais, mostrou a todo o povo palestino que o único caminho para a vitória contra “Israel” é através da luta armada revolucionária, que vem sendo travada atualmente pelo povo palestino, sob a liderança do Hamas.

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