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Brasil

‘A esquerda acabou’: a nova moda dos capituladores oportunistas

Um setor da esquerda pequeno-burguesa está tão desistente da luta que cunhou a morte de toda a esquerda, quando, na verdade, são apenas eles que estão mortos

Dentre a esquerda pequeno burguesa há todo tipo de discussão absurda. Fora do âmbito do identitarismo, onde elas são milhares, há uma miríade de discussão acadêmica. Uma delas foi levantada pelo sociólogo Vladimir Safatle, que questiona se a “esquerda acabou”. Um colunista do Brasil 247 publicou o artigo Por que a esquerda acabou que explora essa tese. O autor, César Fonseca, tenta abordar a questão de um ponto de vista menos direitista que Safatle, pois ainda fala de luta da classe operária. Mesmo assim entra no pessimismo reacionário.

O artigo começa: “os trabalhadores, no cenário do capitalismo, que não tem mais como atender demanda por empregos, substituídos pela tecnologia e inteligência artificial, em grande escala, não têm mais a defendê-los sindicatos fortes e engajados na luta de classe, enquanto os salários caem e a pobreza cresce, incontrolavelmente, levando o capital à especulação para escapulir do holocausto dos consumidores”. De fato os trabalhadores sofrem com o desemprego, mas ainda existem milhares de sindicatos, existe a CUT. É uma organização gigantesca e muito importante, ela apenas não está mobilizada.

Então ele entra no pessimismo total: “o poder neoliberal destruiu a última chance de aglutinação dos trabalhadores por meio do sindicato ao eliminar o imposto sindical, na era bolsonarista fascista”. Aqui o autor, em vez de explicar porque a esquerda está morta, declara, incorretamente, a morte do sindicato. Os sindicatos existiram por décadas no Brasil antes do imposto sindical, em diversos países eles ainda existem sem essa estrutura. Nem a ditadura militar destruiu os sindicatos, não foi o governo Bolsonaro que conseguirá essa proeza.

O texto segue: “não há motivação política dos dirigentes das agremiações, se não têm recursos para a sua organização em bases sustentáveis, como havia antes com existência do imposto a serviço do trabalho como forma de organizar luta contra o capital, nos marcos do capitalismo”. Aqui ele se contradiz, a motivação agora é muito grande dada a calamidade da classe operária. O problema é que os dirigentes não se importam com essa situação. A troca dos dirigentes resolveria isso. Até aqui se mostra a morte das direções pelegas e não a morte da esquerda.

O autor depois cita o próprio Safatle: “por que a esquerda, segundo o sociólogo marxista, Wladimir Safatle, acabou? Simplesmente, porque busca o impossível: conciliar trabalho com o capital, sem garantia legal. É a faca afiada contra o pescoço”. Aqui também o argumento é falso, a esquerda conciliadora ainda é uma esquerda. Ele existiu por muito tempo, o PT inclusive, mesmo sendo conciliador, cresceu muito no período após o golpe de Estado contra a presidenta Dilma. A esquerda conciliadora inclusive cresce no mundo inteiro, junto a esquerda revolucionária. Mas antes de discutir o fato de toda a premissa da morte da esquerda estar errada. Vale apena avaliar os dois últimos argumentos.

Ele afirma: “o resultado dessa estratégia [de conciliação] equivocada é o acúmulo de derrotas históricas que, no ambiente da destruição das garantias trabalhistas, levam os trabalhadores às depressões sistemáticas e ao espírito de acomodação, onde viceja, amplamente, o populismo manipulado pelo Estado serviçal do capital”. As derrotas históricas levam os trabalhadores à depressão politica de fato, mas isso não é uma realidade atualmente. Vale citar novamente o caso do golpe de 2016. Houve uma derrota, mas isso levantou o movimento dos trabalhadores: em 6 anos o golpe foi parcialmente derrotado com a vitória de Lula.

E para concluir ele afirma: “no poder, a esquerda, sem ter por fim o objetivo de substituir capital pelo trabalho, na luta política, obrigada a dormir com o inimigo, por meio de conciliações sistemáticas, vai se desfigurando, transformando-se em centro político que acaba levando-a à direita, o berço do populismo capitalista sob o qual se encontra totalmente dominada”. Esse argumento é valido, a esquerda no poder tende a se desfigurar. Aconteceu com o PT a partir do governo Lula. Mas isso seria valido apenas para o próprio PT e não para toda a esquerda. Mais uma vez é um argumento que não demonstra a morte da esquerda.

Analisando todos os argumentos, vale à pena entrar na discussão acerca do próprio tema. Por que existe um debate sobre o fim da esquerda? É algo que só poderia surgir em um meio acadêmico. No atual momento, mesmo com pouca mobilização, a situação é muito melhor do que era, por exemplo, na época do governo FHC ou do primeiro governo Lula. O refluxo da classe operária, que começou da década de 1990, foi abalado pelo golpe contra Dilma. Houve uma mobilização importante da esquerda nos últimos anos. Os sindicatos, de fato, ainda não estão combativos, mas eles configuram apenas parte da esquerda.

A própria discussão sobre o fim da esquerda é, na verdade, apenas uma campanha de desmoralização da esquerda. Em vez de discutir o seu fim, deveria se estar discutindo o caminho para a sua mobilização. Falar em fim é capitular para a direita. É uma profecia autorrealizada. Por que a esquerda acabou? “Porque eu estou falando que acabou”. Todas essas teses extravagantes servem para demonstrar o seguinte: a capitulação da esquerda pequeno burguesa.

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