Na semana passada, este Diário revelou que Rui Costa Pimenta havia se reunido com lideranças importantes da resistência palestina, incluindo Ismail Hanié, o líder do birô político do Movimento da Resistência Islâmica, o Hamas. Desde então, a direita brasileira voltou suas baterias contra Pimenta e o Partido da Causa Operária (PCO), o qual Rui preside.
No dia 24 de fevereiro, de acordo com a Folha de S. Paulo, o deputado estadual Guto Zacarias (União Brasil-SP), mais um golpista do MBL, protocolou na Justiça Eleitoral um pedido de cassação do registro do PCO por sua defesa do Hamas.
“Não é permissível que o Partido da Causa Operária utilize de sua estrutura e militância para promover uma mobilização que defenda uma organização terrorista, marcada pela crueldade antissemita, assassinato de crianças e mulheres e a promoção de uma guerra santa”, disse o direitista.
Nessa quinta-feira (29), em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Zacarias afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito contra Rui Costa Pimenta pelo apoio de seu partido ao Hamas. “Nenhuma democracia funcional pode aceitar que partidos políticos se reunam [sic] com terroristas e assassinos”, chora o deputado.
O que o golpista do MBL está esquecendo é que, no Brasil, o Hamas, o partido político mais popular de toda a Palestina, não é considerado uma organização terrorista. Os únicos países que tratam o Hamas dessa forma são Canadá, Reino Unido, países da União Europeia, Israel, Austrália, Japão e, finalmente, Estados Unidos.
Onde é que a legislação brasileira impede que um dirigente político do Brasil se reúna com dirigentes políticos da Palestina? Em lugar algum, não à toa, Zacarias não comprovou sua “denúncia”, caluniando o PCO e confirmando seu capachismo, sua subserviência aos Estados Unidos e ao sionismo.
Nesse sentido, se a informação for verídica, é um absurdo que o MPF tenha aceitado as reclamações deste cidadão que nem mesmo sabe em que país legisla. Nenhum procurador sério poderia admitir uma “denúncia” como a de Zacarias, que não possui respaldo nenhum na lei brasileira.
Chama atenção o fato de que, no mesmo dia que o deputado do União Brasil anunciou a abertura do inquérito no MPF, “Israel” cometeu um dos maiores crimes de guerra de toda a história, abrindo fogo contra milhares de palestinos famintos em uma fila de distribuição de alimentos. Na ocasião, mais de 110 pessoas foram assassinadas pelas tropas do Estado nazista de “Israel”.
Sobre isso, o que disse Zacarias? Pior do que ficar calado, o direitista reclamou, em sua conta no X, do que ele chama de “escalada antissemita da esquerda brasileira”. Sobre os mais de 110 assassinados? Nada. Sobre os milhares de feridos? Nada.
Nesse sentido, se o deputado quer cassar alguém, deveria, então, voltar sua atenção para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que foi a “Israel”, essa, sim, uma organização nazista. Deveria propor a prisão de todos os representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) que aceitam ouvir e conviver com um governo que pratica terrorismo de Estado. Deveria propor a cassação de seu próprio partido e de seu mandato por apoiar um dos maiores massacres da história.
No Brasil, o Hamas só é terrorista na cabeça oca destes representantes da extrema direita. Trata-se de um covarde que chama a polícia para uma discussão política e que apoia o genocídio perpetrado pela ocupação sionista contra o povo palestino.