Na última quarta-feira (10), a Polícia Militar prendeu arbitrariamente 25 pessoas na saída da estação República do Metrô na capital paulista. Os jovens participariam de uma manifestação pacífica contra o aumento da tarifa, que passou de R$4,40 para R$5,00 no dia 1º, em frente ao Teatro Municipal. Os jovens foram acusados de “tentativa de abolir violentamente o Estado de Democrático de Direito”, o mesmo enquadramento que tiveram os manifestantes do 8 de janeiro.
Segundo o boletim policial, como divulgado pelo Ponte Jornalismo, os jovens seriam típicos “BlackBlocks” por estarem todos vestidos de preto, com máscaras e capuzes. Também teriam sido apreendidos canivetes, facas, porretes, socos-ingleses, correntes, gasolina, spray, pedras, tesouras e gaze.
Primeiramente, deve-se ter claro que nenhum cidadão pode sofrer abordagem policial sem que esteja sendo investigado e com ordem judicial para tal procedimento ou em flagrante delito. Sobre a caracterização dos jovens como “BlackBlocks”, não há prerrogativas na lei para que a Polícia faça suposições. Não se pode colocar confiança alguma nas informações dos boletins policiais, há uma série de denúncias sobre falsificações nos boletins policiais. Ainda assim, não constitui crime nenhum portar tais objetos, não há nenhuma consideração sobre isso na legislação brasileira.
Por fim, não faz sentido algum acusar um grupo de pessoas infinitamente inferior que as forças repressivas estatais de tentar tomar o controle do Estado, esse crime sequer existe na lei brasileira e os jovens não teriam condições alguma de enfrentar o braço armado do Estado com facas, porretes e pedras. Essa situação é muito parecida com as prisões ilegais praticadas pelo regime sionista na Palestina. Trata-se de uma acusação infundada e totalmente fora da realidade.
Essa situação é resultado das arbitrariedades que Alexandre de Moraes está praticando ao condenar os manifestantes do 8 de janeiro por um crime que não existe na lei e tudo isso apoiado pela esquerda pequeno-burguesa. A burguesia se aproveita da histeria que produziu no interior da esquerda sobre um golpe bolsonarista de tipo fascista para impor uma verdadeira ditadura contra os movimentos populares.
Todos os movimentos populares estão na mira dos verdadeiros golpistas. É o caso dos manifestantes que foram presos na ALESP sob mesma acusação por lutar contra a criminosa privatização da Sabesp.
Desde as manifestações de apoiadores de Bolsonaro que fecharam rodovias, a esquerda equivocadamente tem apoiado a criminalização dos métodos desenvolvidos ao longo da história da luta dos oprimidos. O apoio à criminalização de ocupação de prédios públicos, que foi o que aconteceu no 8 de janeiro, é mais um equívoco neste mesmo sentido.
Na política, o medo nunca é um bom conselheiro como se pode verificar, jamais deve-se apoiar as arbitrariedades do Estado que é controlado pelos verdadeiros inimigos dos oprimidos, pois não importa contra quem a repressão seja dirigida inicialmente, finalmente a mesma se voltará contra o povo e suas organizações de luta.