O Vietnã, destacado como um dos principais centros competitivos de fabricação da região, está se beneficiando das mudanças na cadeia global de suprimentos de manufatura, graças à sua abordagem flexível na regulamentação da produção e exportação.
De acordo com um recente relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento (BID), espera-se que a economia do Vietnã cresça 6,5% em 2023 e 6,8% em 2024, apesar dos impactos da recessão econômica global, da política monetária rigorosa em mercados-chave como os Estados Unidos e a União Europeia, bem como das implicações do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Vietnã: um parceiro potencial na Ásia
Conforme um recente relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento (BID), prevê-se que a economia do Vietnã cresça 6,5% em 2023 e 6,8% em 2024. Esses números são notáveis, apesar dos efeitos da recessão econômica global, da política monetária rigorosa adotada nos principais mercados, como Estados Unidos e União Europeia, e das repercussões do conflito entre Rússia e Ucrânia. Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do Vietnã atingiu US$ 409 bilhões.
O Vietnã, reconhecido como um dos principais centros de manufatura competitiva na região, está se beneficiando das mudanças na cadeia global de suprimentos de manufatura devido à sua abordagem flexível na regulamentação da produção e exportação.
O ambiente de investimento no Vietnã melhorou significativamente, tornando-se mais atrativo devido ao compromisso de simplificar os procedimentos administrativos, oferecer incentivos fiscais e tarifários para empresas do setor de manufatura e promover o investimento público. O governo vietnamita está acelerando os investimentos em infraestrutura em nível nacional (cerca de 5,7% do PIB) para interconectar portos marítimos, aeroportos, armazéns e estaleiros em uma rede logística unificada. Isso está contribuindo para tornar o Vietnã um dos mercados emergentes de maior crescimento na Ásia.
No campo energético, o Vietnã está implementando uma estratégia de duplo foco para cumprir com sucesso os compromissos da “transição verde” apresentados na COP26. Isso envolve manter a energia hidrelétrica e térmica para garantir a capacidade de produção e a segurança energética nacional, ao mesmo tempo em que acelera o investimento de US$ 133 bilhões em nova infraestrutura energética até 2030.
O mercado de trabalho vietnamita, caracterizado por sua amplitude e qualidade de recursos em comparação com outros concorrentes regionais, está se tornando cada vez mais atraente para empresas de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Em um contexto de tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, o Vietnã emergiu como um dos destinos seguros para fabricantes em nível global, devido à sua abordagem comercial aberta, respaldada por 15 Acordos de Livre Comércio (TLC) em vigor, que estabelecem conexões com praticamente todas as principais economias do mundo, incluindo Estados Unidos, China, União Europeia, ASEAN, Japão, Coreia, Reino Unido, Índia, entre outros. Essa estratégia diversifica as cadeias de suprimentos de manufatura, reduzindo a vulnerabilidade a interrupções no fornecimento e a eventos geopolíticos.
Em 2021, o Vietnã se tornou o único país do mundo a receber melhorias das três principais agências de classificação de crédito: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch, que mudaram de “Estável” para “Positivo”, mesmo em meio a uma pandemia. Em 2022, o Vietnã subiu para a quarta posição em termos de economia dentro da ASEAN e para a 40ª no ranking mundial. Sua atividade comercial internacional está entre as 20 mais destacadas globalmente e é considerada uma das economias dinâmicas mais abertas.
De acordo com a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), o Vietnã faz parte dos países que fizeram progressos significativos na última década, subindo 20 posições. No ranking global de inovação, ele ocupa a 48ª posição entre 132 nações, enquanto no Sudeste Asiático está em terceiro lugar. Além disso, o Vietnã lidera as importações de alta tecnologia no mundo, ocupando a 35ª posição em termos de produção, em comparação com a 38ª posição em 2021. Isso ocorre em meio a economias de renda média e com um das taxas de crescimento mais rápidas em desempenho inovador.
Em um contexto de conflitos e turbulências em muitas partes do mundo, o Vietnã tem sido consistentemente avaliado como um país com uma estabilidade política relativa. Esse aspecto é um dos componentes essenciais que contribuem para que o Vietnã mantenha seu foco no desenvolvimento econômico, promovendo a paz e a prosperidade. Além disso, essa estabilidade também serve como base para gerar confiança em parceiros internacionais que optam por investir no promissor mercado vietnamita. Além disso, o Vietnã estabeleceu e fortaleceu parcerias estratégicas e colaborações abrangentes com 17 nações, relações que tiveram um impacto significativo na criação de bases sólidas para manter e consolidar um ambiente pacífico e estável. Essas conexões permitiram aproveitar as vantagens dos parceiros para proteger e acelerar o desenvolvimento do país de forma rápida e sustentável, ao mesmo tempo em que realçam o papel e a posição do Vietnã no cenário internacional.
A relação entre o Vietnã e a América Latina está se tornando uma realidade
Em 2021, o comércio bilateral atingiu um volume de 21,4 bilhões de dólares. Nesse sentido, as exportações do Vietnã para a América Latina totalizaram 12,5 bilhões de dólares, um aumento de 46,4% em comparação com 2020, enquanto as importações da América Latina para o Vietnã somaram 8,9 bilhões de dólares, registrando um aumento de 20,2%. Para o horizonte de 2022, em meio às variações econômicas que afetarão tanto a economia global quanto a das nações latino-americanas em particular, prevê-se que o comércio bilateral entre o Vietnã e a América Latina continue mantendo seu impulso crescente. Os primeiros 10 meses de 2022 já refletem esse padrão, com um volume total de comércio de 18,7 bilhões de dólares, um aumento de 10,5%. Em detalhes, as exportações do Vietnã para a América Latina alcançaram 10,2 bilhões de dólares, representando um aumento de 5,3%, e as importações da América Latina para o Vietnã totalizaram 8,6 bilhões de dólares, registrando um aumento de 17,3%.
É relevante mencionar que, junto com os mercados de maior intercâmbio comercial na região, como Brasil, México, Argentina e Chile, vários mercados emergentes como Panamá, Colômbia e Peru têm se destacado na América Latina. Ao longo de 2021, o volume de comércio entre o Vietnã e esses mercados teve um notável aumento: a Colômbia atingiu 674,7 milhões de dólares, representando um aumento de 41,5%; o Peru alcançou 633,7 milhões de dólares, um aumento de 62%; e com o Panamá, o volume chegou a 465,6 milhões de dólares, um aumento de 45,5%.
Em termos de comércio, a América Latina sempre foi uma das regiões de maior crescimento para o Vietnã. Não apenas representa um mercado de exportação potencial para produtos destacados do Vietnã, como têxteis, vestuário, calçados, produtos agrícolas e aquáticos, mas também é uma fonte fundamental de matérias-primas para a indústria manufatureira vietnamita. Com uma população de aproximadamente 100 milhões de habitantes, o Vietnã se apresenta como um mercado promissor para a exportação de bens de consumo oriundos de nações latino-americanas.
Quanto a investimentos, o Vietnã continua implementando uma série de projetos de grande porte na América Latina, com investimentos que chegam a centenas de milhões de dólares. Destacam-se principalmente os projetos de desenvolvimento de redes de telecomunicações do Grupo Viettel no Peru e no Haiti, bem como projetos realizados pela Corporação Viglacera e pela Companhia Thai Binh em Cuba, abrangendo áreas como infraestrutura e produção de bens de consumo. Inversamente, 21 países investiram no Vietnã com um total de 114 projetos, atingindo um capital de investimento registrado de cerca de 671 milhões de dólares.
O Vietnã e seus aliados latino-americanos também estão implementando com sucesso acordos comerciais com o objetivo de estabelecer sua influência nas relações econômicas e comerciais. Esses acordos incluem o Tratado Integral e Progressista de Parceria Transpacífica-Oceano (CPTPP), do qual o Vietnã faz parte junto com México, Chile e Peru. Além disso, existem o Tratado de Livre Comércio com o Chile (VCFTA) e o Tratado Comercial com Cuba. Esses acordos mencionados têm gerado efeitos positivos, impulsionando o desenvolvimento contínuo das relações bilaterais em termos de comércio e investimento. O Ministério da Indústria e Comércio do Vietnã está em processo de elaboração de um projeto que se concentra no desenvolvimento de mercados para os países latino-americanos até o ano de 2030. O objetivo central deste projeto é estabelecer mercados sustentáveis tanto para importações quanto para exportações, ao mesmo tempo que fortalece a colaboração industrial e comercial com as nações da região.
Fonte: Prensa Latina, tradução do Diário Causa Operária (DCO)
