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Uma falsificação da teoria leninista sobre o imperialismo

Partido que se diz marxista e leninista demonstra uma profunda ignorância do be-a-bá marxista e leninista

Imperialismo

Matéria publicada em A Verdade, nesta segunda-feira (22), sob o título “Países imperialistas aumentam gastos militares e preparam nova guerra mundial”, é mais uma distorção da realidade e daquilo que Lênin falou sobre o imperialismo, citado no texto.

Comecemos pelo final, quando dizem que “Para a burguesia, o que importa é o controle das áreas de influência e dos lucros dos monopólios capitalistas. Como definiu Lênin em sua obra O imperialismo, fase superior do capitalismo, ‘faz parte da própria essência do imperialismo a competição de várias grandes potências em suas aspirações à hegemonia”’. A matéria coloca China e Rússia como imperialistas, e esses países não se enquadram nessa caracterização feita por Lênin.

O início do texto trata dos gastos militares no mundo, e dá conta de que “pela primeira vez na História, a marca de US$ 2 trilhões (cerca de R$ 11,6 trilhões)”. E que “Esse valor é quase oito vezes maior que o necessário, por ano, para acabar com a fome no planeta até 2030, de acordo com a ONU”. Ainda que seja para termos comparativos, nem seria necessário tanto, a humanidade já produz alimentos em excesso. O que provoca a fome é a desigualdade social, não se trata de “poderíamos gastar esse dinheiro em comida e distribuir”.

Na sequência, o texto elenca os países que mais gastaram na compra de “armas, munições, tanques, navios de guerra, aviões e bombas [a lista] é encabeçada pelos Estados Unidos (US$ 801 bilhões), seguido por China (US$ 293 bilhões), Índia (US$ 76,6 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões)”. Aqui é preciso tomar cuidado. A China, por exemplo, tem sido pressionada pelo imperialismo americano, que tem formado alianças militares na região do Indo-Pacífico, tais como o QUAD, formado por Japão, Índia, Austrália e USA; a AUKUS, que é uma coalizão da qual fazem parte a Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. Além dos acordos com as Filipinas, com novas bases militares etc.

Os gastos militares da China são um movimento claramente defensivo. A Rússia, além de ter visto a OTAN se expandindo desde o fim do Pacto de Varsóvia, em 2014 presenciou uma revolução colorida na Ucrânia, e ficou claro que se tratava de uma preparação do imperialismo para agredir os russos. Era também de se esperar que o país começasse a se preparar para o pior. A operação militar na Ucrânia demonstrou que a decisão foi acertada.

A “ajuda”

Conforme diz a matéria, a Ucrânia já recebeu, somados países europeus e Estados Unidos, mais de US$ 100 bilhões, desmascarando que se trata de uma guerra por procuração do imperialismo contra a Rússia e que já se desenhava desde o Euromaidan. Por isso é a absurda da afirmação de que “O aumento das tensões e das ameaças de guerra entre os dois principais blocos imperialistas da atualidade (EUA/União Europeia x China/Rússia) tem pressionado uma série de governos europeus a fortalecerem seus orçamentos militares”.

A questão é que não existem os tais ‘blocos imperialistas’, o que existe é o imperialismo de um lado e as nações oprimidas de outro. Dizer que devido ao aumento de tensões o governo da Alemanha investirá 2% do PIB para defesa é uma distorção da realidade, uma vez que a Alemanha é um dos principais países do imperialismo, compõe a OTAN. É, portanto, um dos elementos que está tensionando, não um mero espectador que reage a determinadas circunstâncias.

O mesmo devemos dizer da França, que decuplicou seu orçamento militar. Está na matéria que a Polônia, membro da OTAN, que faz fronteira com a Ucrânia e está muito próxima à Rússia, destinou 2,2% do PIB para a defesa e essa cifa pode chegar a 3%.

Esse aumento “repentino” dos orçamentos militares tem uma causa: a Rússia se antecipou e pegou o imperialismo e a OTAN de surpresa. Ninguém acreditava que os russos fariam essa operação na Ucrânia. O plano do imperialismo, após ter patrocinado a revolução colorida na Ucrânia, seria o de admitir o país como membro da OTAN, armá-lo, para então desferir um ataque contra a Rússia.

O imperialismo

Como bem demonstrou Lênin, as nações imperialistas trataram de repartir o mundo entre si, as guerras mundiais são uma prova disso, e então se aplicam a dominar os mercados, os fluxos de capitais e os recursos minerais, fontes de energia e matéria-prima em todo o planeta.

A Rússia, um país atrasado, que vive basicamente de exportar commodities, por ter uma enorme extensão territorial, se tornou um problema para a dominação imperialista. O país detém 30% das riquezas minerais do mundo e se tornou um dos principais produtores mundiais de petróleo e gás natural.

O gás natural russo é fundamental para a movimentação da indústria e do aquecimento na Europa. Para que continue existindo, o imperialismo, precisa se apoderar desses recursos e para tal planejava partilhar a Rússia em diversas federações menores, como fez com a antiga Iugoslávia.

O mesmo fenômeno observamos nas ações do imperialismo contra a China, tentando separar Taiwan, um dos mais importantes fabricantes de microchips do mundo. Tentam separar também a região de Xinjiang, que produz algodão, petróleo e gás. Durante anos há uma pressão gigantesca sobre o Tibet.

A aproximação entre Rússia e China é uma medida defensiva, não a composição de um bloco imperialista. Essa confusão faz com que setores da esquerda considerem países oprimidos, atrasados, como imperialistas. O que, em última análise, só pode favorecer ao imperialismo.

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