Setores ditos progressistas de esquerda se confundem mais uma vez e afirmam em diversos meios de comunicação que as manifestações do dia 8 de janeiro, compostas por cerca de 4 mil manifestantes desarmados, foram uma tentativa de golpe derrotada, tese, no entanto, apresenta falhas.
Esses mesmos setores da política nacional falham em analisar a realidade, deixando de apontar quem estaria tentando dar um golpe de Estado no Brasil. Em geral, é falado que a tentativa de golpe foi movida pelo bolsonarismo, mas o próprio Bolsonaro não estava presente no Brasil, muito menos havia lideranças expressivas envolvidas nas manifestações que estivessem almejando tomar o poder.
A alegação de uma tentativa de golpe, além de errada, é absurda. Qualquer análise da imprensa internacional ou literatura política que fale sobre os golpes de Estado que ocorreram ao longo da última década torna clara a confusão apresentada pela esquerda pequeno-burguesa de que o que ocorreu teria sido uma tentativa de golpe.
O que pudemos ver no dia 8 de janeiro foi um bando de gente exaltada, que se dirigiu a Praça dos Três Poderes e encontrou um caminho totalmente livre, onde invadiram os prédios dos três poderes que estavam desguarnecidos de qualquer tipo de segurança, demonstrando a falta de preparo e excesso de confiança na direita do ministro Flávio Dino para lidar com as questões da segurança do governo. A polícia militar do Distrito Federal acompanhou os manifestantes e demonstrou visível acordo com as manifestações. Sem nenhum tipo de problema ou dificuldade puderam praticar atos de vandalismo envolvendo destruição de importante patrimônio histórico nacional.
Após a prática dos atos de vandalismo, os manifestantes frustrados se retiraram do local também sem dificuldade. A conclusão que podemos tirar é a falta de objetividade do vandalismo apresentado pelos manifestantes. A nítida impressão que foi passada foi a de inconformismo com o regime político brasileiro e com a eleição de Lula.
Não é possível afirmar a tentativa de um golpe sem a efetiva tomada dos prédios e declaração de que algum dos envolvidos estaria tomando para si o poder executivo nacional.
Finalmente, o governo se pronunciou tardiamente e a polícia foi até o local retirar o restante dos manifestantes do local, que para qualquer um que já participou de um ato público com enfrentamento com a polícia, pareceu mais um piquenique do que uma operação de desocupação.
Ocorreram, também, análises que buscaram comparar o que estaria ocorrendo no Brasil com o que ocorreu no Euromaidan. Essas análises também faltam com a concretude da situação na Ucrânia em 2014 nas manifestações contra o governo. As manifestações não eram da mesma natureza, e os manifestantes atacaram violentamente o governo, governo que foi inclusive atacado por milícias armadas, organizadas para forçar a queda do governo. Novamente, a situação que vimos no Distrito Federal foi uma baderna, sem qualquer objetivo por parte dos manifestantes que não fosse demonstrar seu descontentamento.
Uma das provas da diferente natureza das manifestações é a pŕopria forma como os manifestantes estavam. Não tiveram a menor preocupação de cobrir seus rostos, o que costuma acontecer em atos que tem confrontos com a polícia, por causa do insuportável efeito das bombas de gás lacrimogêneo. Isso também é um indício da falta de repressão por parte da polícia no local.
O que realmente pudemos observar foi um jogo de cena, a polícia estava encenando repreender os manifestantes. A polícia coordenou calmamente a desocupação dos manifestantes. A conclusão que podemos tirar disso é que se a intenção fosse dar um golpe, o golpe teria de fato ocorrido, pois não aconteceu nada de sério com eles por parte das forças de segurança.
Os bolsonaristas presos foram uma minoria, foram aqueles que se recusaram a evacuar e estavam ainda quebrando coisas nos prédios dos três poderes.
