Na última sexta-feira (8), o Partido Comunista Brasileiro (PCB) publicou uma matéria no seu sítio oficial intitulada “As omissões do governo burgo-petista: o que fazer?”. A publicação teve como pretensão apresentar uma análise sobre o desempenho neste primeiro ano do governo do presidente Lula e também quais seriam as tarefas da esquerda no atual período.
É importante destacar, antes de mais nada, o termo utilizado para se referir ao governo do PT. Apesar do termo “burgo” se referir a fortificações que surgiram no período de decadência do feudalismo, a ideia seria dizer que se trata de um governo da burguesia. Essa caracterização já demonstra o equívoco de sua política, o governo Lula foi um governo eleito pelas ruas, como demonstrado pela enorme mobilização no segundo turno, e que representou uma derrota parcial para o golpe de Estado de 2016.
A ideia que o PCB busca apresentar é que o governo Lula teria condições de reverter todos os ataques perpetrados contra a população durante os governos golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Porém, o atual governo petista é muito fraco do ponto de vista institucional, o parlamento está dominado por golpistas da direita e o presidente Lula é obrigado frequentemente a ceder às chantagens de Arthur Lira (presidente da Câmara).
A análise do PCB avalia que a repressão estatal teria refluído, não há nenhuma observação sobre a atuação dos militares no dia 8 de janeiro ou da Polícia Federal sob ingerência do Mossad, tampouco há qualquer avaliação sobre o avanço da censura principalmente por parte do Supremo Tribunal Federal com base nas teses do discurso de ódio. Sobre a liberdade de expressão, cabe destacar que o PCB é adepto da política identitária e que não há qualquer crítica aos ministros defensores desta política que estão infiltrados no governo.
O PCB faz uma crítica à política econômica do ministro Fernando Haddad principalmente no que diz respeito ao arcabouço fiscal, evidentemente ele não resolve significativamente nada no que diz respeito às condições materiais da população, mas também não agrava em nada a atual situação imposta pelo teto de gastos de Michel Temer, na realidade, alivia um pouco o orçamento público. É importante lembrar que o PCB junto ao PSTU foi para as ruas protestar contra essa medida numa espécie de reedição dos movimentos golpistas da esquerda contra a presidenta Dilma Rousseff.
Há questões muito mais importantes para a economia como é o caso do Banco Central dito independente. Uma medida imposta no governo Bolsonaro que não permite ao governo Lula lançar mão de uma política econômica para reverter minimamente o quadro de miséria e desemprego no País. Sobre a altíssima taxa Selic, que não permite investimento no setor industrial e consequentemente impede a geração de empregos, o PCB não faz qualquer comentário.
Diante do balanço apresentado, não se apresenta nenhuma tarefa prática no sentido de reverter as reformas trabalhista, previdenciária e do ensino médio. Não adianta argumentar que a esquerda está paralisada quando o próprio PCB não faz absolutamente nada neste sentido. Não apresenta proposta de um programa para mobilizar as massas populares, não realiza campanha alguma nas ruas em nenhum sentido. As bravatas devem ser abandonadas e dar lugar à luta prática.
É preciso que a esquerda abandone a política sectária e golpista que só favorece os interesses da burguesia. Os partidos políticos, os sindicatos e demais organizações populares devem ocupar as ruas por um plebiscito de revogação de todas as medidas, bem como das privatizações impostas nos governos ilegítimos de Temer e Bolsonaro. O governo Lula precisa ser empurrado para a esquerda, somente apoiado na mobilização popular poderá enfrentar a direita no parlamento, no STF e nas Forças Armadas.