Nessa segunda-feira (09), organizações e partidos de esquerda convocaram atos em todas as regiões do País em resposta à invasão de grupos bolsonaristas ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As manifestações tinham como propósito, pelo menos inicialmente, demonstrar apoio ao governo Lula frente à tentativa de desestabilizá-lo por parte da extrema-direita. Entretanto, a ocasião prontamente tornou-se uma homenagem à repressão, com manifestantes da esquerda pequeno-burguesa reivindicando a prisão para todos os bolsonaristas.
No Rio de Janeiro, uma das dezenas de capitais que foram palco de manifestações da esquerda, aconteceu um fato que merece o total repúdio por parte do conjunto do movimento popular. O companheiro Angelo Castilho, simpatizante do Partido da Causa Operária (PCO), foi agredido por quatro pretensos militantes que participavam do ato na Cinelândia. Confira relato exclusivo do companheiro ao Diário Causa Operária:
“Os caras começaram a me seguir, aí quando eu vi, um já veio por trás, só que eu consegui virar. No que eu virei, ele ainda me resvalou um soco, mas eu consegui derrubar ele no chão. Nisso, outro tentou me chutar, eu fechei, tomei um chute no braço. Depois eu levantei e, quando subi a minha guarda para eles, eles saíram correndo e recuaram”, afirmou Angelo.
No dia seguinte, a página no Instagram Antifa Hooligans BR publicou uma foto de Angelo ao lado de uma outra foto do capuz que estava utilizando na manifestação, indicando que, após ser agredido, ainda teve o seu capuz arrancado de sua cabeça e levado por seus agressores.
Felizmente, o companheiro, por sua experiência nas artes marciais, sabe se defender e, portanto, não ficou ferido de maneira grave. Porém, a agressão dos quatro sujeitos (segundo Angelo, suas vestimentas indicavam que participavam de coletivos anarquistas) é extremamente grave, o agrediram de maneira absolutamente covarde.
Trata-se de um ataque contra a democracia do movimento operário e popular. Afinal, Angelo participava de uma manifestação enquanto militante da esquerda, defendendo o governo Lula nas ruas contra a ação dos bolsonaristas. A acusação dos esquerdistas e o motivo pelo qual Angelo teria sido espancado, pelo que indica a própria publicação da Antifa Hooligans BR, é a de que ele é um direitista infiltrado, um elemento bolsonarista que não deve ser bem-vindo nos atos da esquerda.
Assim como já foi motivo de análise por este Diário, no passado, Angelo era, de fato, simpatizante de Bolsonaro e do bolsonarismo. Entretanto, de um ano para cá, converteu-se para a esquerda ao reconhecer que a direita é, por definição, inimiga do povo. Desde então, desde que passou a lutar de fato pela candidatura de Lula na época das eleições e, agora, na defesa do governo Lula, tem sido recebido com grande hostilidade por parte da esquerda identitária que resolveu adotar métodos fascistas para retirá-lo dos atos na marra.
Finalmente, se determinada pessoa quer defender a esquerda, quer defender Lula e, para tal, quer participar dos atos convocados, ela deve ter a total liberdade de fazê-lo. Não é um grupo de “anti-fascistas” que deve julgar quem pode e quem não pode participar de manifestações.
Além disso, o caso em questão representa um ataque direto contra o PCO, uma vez que Angelo compareceu à manifestação não só organizado com os companheiros do Partido, como também identificado por meio da camiseta que estava usando, estampando o símbolo da organização. Caso houvesse alguma divergência por conta da presença de alguém no ato, o correto seria ir até a coordenação do Partido e acertar a coisa, principalmente para um grupo de pessoas que se diz de esquerda. Ao invés disso, partiram para a agressão covarde.
Os agressores de Angelo fazem parte da mesma esquerda que convida elementos de fato direitistas para seus atos, como é o caso de Alexandre Frota. É a mesma esquerda que criticou os militantes combativos que não aceitaram a infiltração de agentes do PSDB no ato da Avenida Paulista em 2020, esses sim verdadeiros reacionários que não têm espaço nos atos dos trabalhadores. É a mesma esquerda que, durante toda a pandemia, ficou em casa com os rabos entre as pernas. É a mesma esquerda que, durante a maior parte das eleições, não se deu o trabalho nem mesmo de sair às ruas para tentar eleger Lula presidente.
A esquerda pequeno-burguesa mostra mais uma vez a sua face reacionária. Preferem julgar o companheiro Angelo por seu passado em uma consideração completamente moral ao invés de reconhecê-lo como um aliado na luta contra a direita bolsonarista. Ele já provou inúmeras vezes que está aqui para defender os oprimidos: durante as eleições, por exemplo, passou semanas atuando na segurança do companheiro Magno Souza, candidato Guarani do PCO ao governo do Mato Grosso do Sul em 2022. Tarefa perigosa por conta da quantidade de pistoleiros e jagunços na região que, inclusive durante a campanha, chegaram a atirar contra a casa do companheiro.
Apesar de tudo isso, a esquerda late e parte para cima de maneira covarde do companheiro, adotando métodos completamente avessos ao movimento operário ao tentar agredi-lo porque estava em um ato lutando contra a tentativa de desestabilizar o governo Lula. Com isso, só conseguirão diminuir cada vez mais a mobilização dos trabalhadores e radicalizar os bolsonaristas, trazendo danos graves ao movimento operário.
