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Editorial

Um alerta para Lula

Lula precisa mobilizar a base petista, os sindicatos e os movimentos populares para evitar um desastre

A situação do governo Luiz Inácio Lula da Silva não é boa. Essa é a avaliação de antigos dirigentes petistas, como José Dirceu e José Genoíno, que tiveram suas autoridades ceifadas pela perseguição política imposta pelo golpe de Estado. Ex-presidente nacional do PT, Genoino caracterizou, em entrevista à TV 247, o atual cenário político brasileiro como um período de desarranjo institucional que remonta ao golpe de 2016, que depôs a presidenta Dilma Rousseff (PT). 

Dirceu, por sua vez, criticou que o PT abandonou sua militância e afirmou que os problemas do atual governo levariam a direita a “dar um tranco” no petismo. “Nós temos um problema sério no PT e na esquerda”, disse, avaliando que “nosso governo tem problemas de governabilidade, organização, de avaliação de cada ministério”.

Os alertas são muito importantes, e deveriam ser ouvidos por Lula. O governo é, realmente, muito frágil; não tem base no Congresso, é constantemente hostilizado pela imprensa burguesa, se apoia em acordos que não possibilitam grandes mudanças e está de mãos atadas diante das instituições políticas, dominadas pela direita golpista. Nessas condições, o governo Lula está em permanente risco. Se houver uma crise mais profunda, principalmente econômica, o governo ficaria ameaçado, sem condições de se impor frente a uma ofensiva da direita. 

Mesmo assim, não parece ser a mesma conjuntura, como aponta Genoino, da época do golpe, quando a burguesia já havia tomado a decisão de derrubar o governo do PT. Isso não parece ser o que ocorre agora, mesmo o governo sendo vulnerável a um ataque da direita.

Na economia, a situação do governo é ruim. A imprensa apontava uma possível queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. No entanto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo. Apesar de ter frustrado a torcida da imprensa burguesa que quer ver o fracasso do atual governo, o dado revela uma situação de estagnação econômica.

Do ponto de vista geral, o governo Lula tem conseguido manter um equilíbrio da economia: não há grandes variações do dólar e o crescimento da inflação foi contido. Lula conseguiu segurar a situação, impedindo-a de piorar, mas não conseguiu nenhum resultado positivo. O orçamento continua amarrado, servindo aos lucros dos banqueiros com o pagamento da dívida interna, enquanto são impostas restrições para realizar programas sociais – há alguns projetos sociais, mas nada significativo – e, através do ministro Fernando Haddad (Fazenda), o governo estabeleceu um plano de taxações que afeta principalmente o povo.

Essa situação de “nem perde, nem ganha” do governo aparece no dilema do arcabouço fiscal. É fato que o governo não conseguirá implementar a política pela qual foi eleito se mantiver as restrições impostas pela burguesia nos investimentos públicos. Da mesma forma, se romper a camisa de força na questão do orçamento, ele pode colher um resultado negativo, como ocorreu na Argentina, levando a uma escalada da inflação. 

Enquanto manter a política dos bancos e da burguesia dará errado a longo prazo, romper com ela pode dar errado a curto prazo justamente porque Lula não está no controle da situação política. O governo fica, então, balançando entre uma posição e outra.

Uma amostra da falta de resultados da política morna do governo aparece na pesquisa Atlas, divulgada na semana passada. O levantamento apontou que as avaliações negativas ao governo Lula apareceram, pela primeira vez, acima das positivas: 45% consideram o governo ruim/péssimo, 43% ótimo/bom, 11% disseram que a avaliação é regular e 1% não soube avaliar. Esse é o resultado da falta de uma ação decidida do governo. Apesar da pesquisa, que mostra um empate técnico, não comprometer o PT, ela mostra que o atual governo é vulnerável.

As inúmeras loucuras no interior do governo ajudaram a diminuir sua aprovação. Os principais responsáveis por elas são os ministros identitários, que prejudicam Lula ao impulsionarem uma política impopular oriunda do imperialismo. Enfiar goela abaixo as políticas de “gênero” e diversidade sexual, por exemplo, não ajuda a melhorar a imagem do governo. Pior, elas abrem um flanco para a extrema direita atacar. Os identitários, assim, jogam o povo no colo do bolsonarismo.

Além disso, está claro que, ao contrário da política internacional, Lula não tem força para tomar decisões na política nacional. Por isso, apareceu uma contradição entre as duas orientações do governo, a externa e a interna. Agora, porém, com o conflito na Palestina e a pressão gigantesca do sionismo, a pressão sobre a política externa do governo também tem crescido, o que pode levar Lula a ceder em determinados pontos para a direita.

Para sair dessa situação de vulnerabilidade, Lula deve contar com sua única força: a mobilização do povo. A mobilização popular seria uma forma de proteção do governo. Isso, todavia, não está presente na situação política atualmente. Lula precisa mobilizar a base petista, os sindicatos e os movimentos populares para evitar um desastre. Os alertas já foram dados por Genoino e por Dirceu. É preciso ouvi-los.

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