Nesta sexta feira (31), às 15h, foi ao ar mais uma análise política na TV 247, com Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária.
Na ocasião do aniversário do Golpe Militar de 64, Rui inicia comentando que muitas pessoas têm uma ideia equivoca sobre a ditadura que se seguiu ao mesmo, de que ela não teria sido tão brutal, haja vista que o número oficial de mortos e desaparecidos é na casa de centenas de pessoas, um número baixo se comparado com a ditadura militar de outros países latino americanos, como a Argentina.
Contudo, esse número não é baixo, ainda assim são muitas pessoas. Ademais, Rui prossegue afirmando que não se sabe exatamente quantas pessoas realmente morreram sob a ditadura. A maior parte do número das pessoas assassinadas correspondem apenas a militantes mais conhecidos, e não a pessoas comuns. O que significa que o número de vítimas pode ser muito superior, afirma Rui. Isto sem contar a repressão sob o conjunto da população, tendo em vista que esta época ficou marcada pelos esquadrões da morte.
Rui prossegue denunciando que a questão das mortes não esgota o problema da ditadura, pois também foi uma época de obscurantismo, em que vários dos principais intelectuais brasileiros precisaram sair do país; em que as universidades eram estritamente vigiadas; até mesmo a imprensa conservadora era censurada diariamente. Era uma época em que as pessoas tinham medo de tudo, de mencionar qualquer coisa que fosse progressista.
Rui diz: “uma coisa que a gente precisa entender sobre a repressão é o seguinte – você muitas vezes não precisa reprimir todo mundo… você reprime os mais audaciosos e o resto fica muito assustado… é reprimido por tabela”.
Voltando o diálogo para o presente, Andrea Trus pega um gancho no aniversário do Golpe de 64 e questiona Rui sobre a atual movimentação dos militares.
Rui nota que não há disseminada, entre a esquerda, uma consciência das movimentações dos militares e do que eles podem vir a fazer no futuro. Critica, como já havia feito antes, a ideia de que o acontecido em 8 de janeiro foi um golpe militar fracassado, e a ideia de que as forças armadas teriam saído derrotadas e enfraquecidas nessa empreitada. Consequentemente, alerta que os militares já começaram a se organizar e mobilizar para uma eventual tomada do poder no Brasil e que, se isto vier a se concretizar, será um desastre enorme, pior do que o Golpe de 64. Então é preciso que a esquerda fique atenta a qualquer tipo movimentação das casernas, pois se os militares tomarem novamente poder, entregarão o Brasil para o capital estrangeiro de uma maneira inacreditável.
Outro ponto abordado no programa foi a proposta levantada pelo Partido da Causa Operária (PCO) de um plebiscito revogatório, a fim de permitir ao povo brasileiro revogar todas as leis e normas instituídas nos governos golpistas de Temer e Bolsonaro que asfixiam o governo Lula e impede de governar em prol dos trabalhadores, tais como o teto de gastos; a reforma da previdência; a reforma trabalhista; a independência do Banco Central; as privatizações da Eletrobrás e da Petrobrás, dentre outras.
É uma proposta fundamental para que o presidente Lula possa realmente fazer um governo dos trabalhadores, caso contrário seu governo continuará a ser asfixiado pela burguesia.
Por fim, Rui fala sobre o arcabouço fiscal. Segundo o presidente do PCO, tal medida corresponde à tentativa do governo de abrir uma pequena brecha na situação criada pelo Golpe de 2016, para que o presidente Lula consiga implementar parte de seu plano de governo em prol dos trabalhadores. Trata-se de uma proposta tímida, que dá uma maior flexibilidade para que o governo gaste daqui para frente; porém, da maneira como foi concedido, o tiro pode sair pela culatra, já que os gastos dependem do crescimento da arrecadação do governo.
Rui frisa que não está criticando Lula pelo arcabouço, mas que aponta que medida é mais uma manifestação de que o governo está cercado pela burguesia. Caso tentassem uma medida mais arrojada, para gastar mais em prol do povo brasileiro, ela jamais seria aprovada pelo Congresso, que está cheio de direitistas.
Analisando a resposta do capital financeiro, Rui prevê que tentarão (com seus agentes políticos no Congresso) reduzir o alcance do arcabouço, no que diz respeito à capacidade do governo de gastar com a população. “No final das contas, a montanha pariu um rato”, disse Rui.
Sobre o assunto, o presidente do PCO termina dizendo que Lula deve mobilizar o povo contra essa política da burguesia, que segue flanqueando o governo de todos os lados, impedindo-o de concretizar sua política econômica voltada aos trabalhadores.
Por fim, Andrea Trus pergunta a Rui sobre a votação do governo brasileiro, na ONU, a favor da investigação da sabotagem ao gasoduto Nord Stream.
Rui comenta que o governo Lula está confirmando a avaliação feita pelo Partido da Causa Operária, de que não é um governo alinhado com o imperialismo, que, pelo contrário, vem buscando uma independência do mesmo, uma política nacionalista.
Finaliza alertando para a importância de avaliar corretamente a natureza do governo Lula, e o fato de ser um governo nacionalista. Caso a avaliação correta não seja feita, setores da esquerda podem vir a cair na armadilha de se aliar ao imperialismo e aos golpistas contra o governo, como fizeram no Golpe de 2016.
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