Nesta última semana, a Análise Política da 3ª, da Rádio Causa Operária, ocorreu, excepcionalmente, na quarta-feira (5). O programa traz os comentários de Rui Costa Pimenta, entrevistado por João Pimenta e Francisco Muniz, que trazem os temas políticos dos últimos dias e também as perguntas do público, que acompanha ao vivo o programa através do canal de YouTube da Rádio Causa Operária.
O programa, como sempre, aborda vários temas da política nacional e internacional. Nesta última edição, Rui comentou a questão da perseguição política a Donald Trump. O acontecimento é que Trump depôs à Justiça norte-americana no começo da semana. Trata-se de um acontecimento inédito: é a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos é indiciado por algum crime. Não sendo, no entanto, a primeira vez que um ex-presidente dos EUA comete algum crime.
Toda a operação teria como objetivo impedir que Donald Trump tomasse o poder nas próximas eleições. No entanto, ao comentar o tema, o presidente nacional do PCO comenta que a operação aparentemente irá favorecer Trump mais do que prejudicá-lo. O discurso dado pelo ex-presidente após o seu depoimento era de alguém que assumia a posição de perseguido político. O próprio processo é um tanto quanto estranho porque está sendo noticiado que ele é acusado de ter pago dinheiro a uma atriz pornográfica para esconder da imprensa que ela teria dormido com Trump. No entanto, isso não é crime, o que já demonstra toda a arbitrariedade.
O próprio promotor público também é uma figura suspeita, ele disse a frase “eu vou pegar o Trump”, várias vezes. Trump cita isso em seu discurso e mostra que todas as pessoas são parciais e estão contra ele nesse processo. A opinião do companheiro Rui é que Trump será bem-sucedido nessa história, já que ele não é uma pessoa isolada que o Estado consegue esmagar com processos farsa, mas o presidente eleito dos EUA com o maior número de votos da história.
Isso se reflete também no Brasil com o caso Bolsonaro. Um setor da esquerda faz toda uma torcida para que a burguesia e o Judiciário persigam e prendam Bolsonaro, tentando torná-lo inelegível. No entanto, isso dará a ele um caráter de perseguido político, o que irá impulsionar a extrema-direita no Brasil, da mesma forma como ocorre nos EUA.
Outro tema abordado foi a formação de uma articulação internacional entre as lideranças da esquerda pró-imperialista na América Latina, também conhecida como “nova esquerda”. Entre os membros dessa organização internacional estão Gabriel Boric, presidente, do Chile, Guilherme Boulos, Juliano Medeiros e Gustavo Petro, presidente da Colômbia. A organização se chamará Rede Futuro e terá seu primeiro encontro no Chile entre os dias 7 e 9 de abril. Eles se declaram contra o autoritarismo (excluindo Cuba e Nicarágua do grupo), e se colocam como oposição ao Foro de São Paulo.
Sobre isso, Rui comentou que esse encontro é uma confirmação de nossa caracterização de que esses governos – Petro e Boric – não são nacionalistas, o que fica mais evidente pela presença de Boulos. São três dos partidos mais pró-imperialistas da esquerda latino-americana. Evidentemente, isso é impulsionado pelo imperialismo, que quer criar uma alternativa à esquerda nacionalista na América Latina. Mas isso, evidentemente, não terá futuro, considerando que há uma grande movimentação da esquerda nacionalista no continente: Lula vitorioso no Brasil, Rafael Correa se lançando candidato novamente no Equador, a derrota do golpe na Bolívia, etc. Trata-se de mais uma demosntração do aprofundamento da crise do imperialismo.
Também foi tema de discussão o vídeo vazado de Boulos e Datena em um jantar amigável na casa do primeiro. Foi perguntado pelo próprio público do programa se o Boulos seria um fascista por estar sentado à mesa com Datena (um fascista confesso), fazendo alusão à velha história de “dez pessoas sentadas à mesa, senta um fascista e ninguém se levanta, são onze fascistas sentados à mesa”. Rui Costa Pimenta comentou que o Datena, apesar de ser ligado ao PSDB, é um fascista indiscutivelmente, lembrando que o PCO foi atacado pela esquerda pequeno-burguesa por dar entrevista no Flow e na Jovem Pan, mas até agora ninguém apareceu para taxar Boulos como “fascista” por receber Datena em sua casa. E mais, no vídeo, eles estão discutindo a possibilidade de lançar uma chapa para concorrer nas eleições à prefeitura de São Paulo, com a intenção de vencer eleições contra o PT.
Nessa discussão também foi lembrada a ficha corrida de Boulos: movimento não vai ter Copa, IREE, tentativa de trazer o PSDB para o movimento “fora Bolsonaro” e muito mais. Portanto, o PT e o restante da esquerda precisam acordar e perceber que o Boulos não é de esquerda, mas um infiltrado do imperialismo.
Outros temas também foram discutidos no programa desta última quarta. Para acompanhar a discussão completa basta acessar o vídeo abaixo: