Em protesto contra a falta de negociação e o cerceamento ao direito de greve por condições dignas de trabalho e salário, os trabalhadores fecharam a avenida Marechal Castelo Branco na última quarta-feira (15), enquanto isso, em uma situação inusitada e, para defender patrões caloteiros e o prefeito José Pessoa Leal, que há 46 dias vêm confiscando os salários dos motoristas e cobradores, o que é caracterizado como apropriação indébita, passível de punição, o Tribunal regional do Trabalho do Piauí (TRT-PI) impôs aos trabalhadores que a frota de ônibus deve estar com 100% em horário de pico e 80% nos demais horários. Numa clara perseguição aos grevistas que, desde dezembro, data base dos condutores, estão sem atendimento de suas reivindicações.
Os trabalhadores que ontem (16), completaram o quarto dia de greve estão se deparando com o desembargador do TRT, Téssio Torres, com os tubarões dos transportes “concessionários”, bem como, com o prefeito do golpista Republicanos, que além de acobertar o confisco dos salários dos trabalhadores, resolveu, a partir de hoje, contratar fura greves.
Manifestações
Na última quarta-feira (15), como forma de manifestação, os motoristas e cobradores fecharam a Avenida Marechal Castelo Branco, onde estão localizadas a Câmara Municipal de Teresina e a Assembleia Legislativa do Piauí.
Eles estacionaram um ônibus na transversal da via, impedido o tráfego. Um longo congestionamento se formou por volta das 8h. Poucos minutos depois, a via foi liberada.
O apoio da população
O depoimento de passageiros como o que foi dado por um estudante à imprensa local é constante: a gente se sente totalmente abandonado, tanto pelo prefeito como pelos empresários. Pra gente que depende de transporte público é realmente complicado chegar na faculdade e no serviço e voltar para casa à noite”, disse enquanto esperava por uma van.
O cinismo peculiar
Apesar do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes de teresina-PI (Sintetro) ter denunciado o atraso nos salários dos motoristas e cobradores ao próprio TRT, portanto, com o total conhecimento do confisco dos salários, o desembargador, se fingindo de cego, surgo e mudo, ignorou completamente tal situação, ferindo, inclusive, o direito à greve.
Diante disso, a demonstração cabal de que o TRT está a serviço dos interesses dos patrões e do prefeito que, o Desembargador Téssio, ignorando a denúncia do sindicato dos trabalhadores, se utilizou do ofício dos patrões caloteiros para dizer que não constava no ofício do Sindicato das Empresas de Transportes (Setut), que a questão dessa greve se daria por atraso, pelo não pagamento de salários. Um cinismo sem tamanho.
Sem registro na carteira
Além das irregularidades, como o atraso no pagamento de salários, péssimas condições de trabalho, existem vários trabalhadores sem registro em carteira, são obrigados a pagar custos de manutenção de veículos e, quando o veículo é assaltado e os valores levados, os trabalhadores daquele ônibus são obrigados a repor. Ou seja, o que os patrões fazem é um verdadeiro roubo. “Não recebemos salário em dia, não temos reajuste, em suma, estamos pagando para trabalhar”. Disse um trabalhador que, “desse jeito, não dá!”.
Seguir o exemplo
É necessário intensificar a greve dos motoristas e cobradores, bem como colocar o transporte a serviço da população. O transporte não deve servir para os patrões gananciosos enriquecer mais e mais. Portanto, além da prefeitura ter que atender às reivindicações dos profissionais dos transportes, deve, também, abolir toda e qualquer tarifa. O Estado, portanto, a prefeitura, sem a ingerência dos “concessionários” deve controlar o transporte público, e é a população quem deve fiscalizar o funcionamento e a qualidade desse patrimônio do povo.
