Um projeto de lei da Assembleia Legislativa de Santa Catarina trouxe a público mais uma vez o debate sobre os limites que devem ser estabelecidos para a política identitária.
O projeto, de autoria de um deputado do Partido Liberal, Jessé Lopes, requer o estabelecimento da proibição da participação de “mulheres trans”, ou seja, pessoas que são biologicamente homens, mas se “sentem” mulheres em competições esportivas na categoria feminina.
Apesar de pertencer à extrema-direita, o argumento utilizado pelo deputado para advogar pela aprovação do projeto é bastante razoável e não precisaria estar sendo defendido por um integrante do bolsonarismo se a esquerda não estivesse completamente tomada pela loucura identitária para a qual toda e qualquer restrição, por mais lógica que tenha, às pessoas ditas trans, é motivada por “transfobia”.
Segundo o deputado, “jogadoras trans que atuam em competições femininas teriam superioridade de condicionamento físico em relação às demais atletas”.
É um fato bastante óbvio e questionar essa realidade com argumentos completamente irracionais como “a mulher não pode ser definida apenas com base no sexo biológico”, como argumentam, por exemplo, integrantes do PSOL, é o que acaba por levar muitas pessoas para os braços da extrema-direita.
O projeto de lei, caso aprovado na ALESC, estará indo ao encontro de decisões já proferidas pela federação de diversas categorias desportivas, como, por exemplo, o atletismo.
A Federação Internacional de Atletismo em março deste ano soltou uma regulamentação na qual proibia mulheres trans de competir na categoria feminina, pois segundo o presidente da instituição, Sebastian Coe, “Nossa posição sempre foi para preservar a categoria feminina, e se isso não for feito, corremos o risco de destruir os sonhos de uma geração inteira de atletas mulheres. Foi esse critério que nos fez pensar assim, e tenho certeza que outros esportes tomaram decisões com base no mesmo critério”. Coe ainda disse “A verdade é que já sabemos muito mais coisas sobre as diferenças no desenvolvimento dos sexos. Estamos lidando com isso já há uns 15, 16 ou 17 anos. O nosso chefe de ciência do esporte já teve 37 casos para avaliar. Como você sabe, antes havia menos conhecimento e informações sobre isso. Enquanto não soubermos mais sobre isso, não poderemos correr riscos”.
O estabelecimento de critérios científicos para a separação das diversas categorias em competições desportivas não pode dar lugar a uma orientação absolutamente subjetiva.
Isso não apenas por uma questão de justiça, mas até mesmo de segurança, não à toa não é comum vermos, por exemplo, “homens trans”, ou seja pessoas que são biologicamente mulheres, mas se identificam como homens reivindicando a sua participação na categoria masculina em competições desportivas…Fica a pergunta, por quê?