Na última quarta-feira (01), quase a metade dos 59 deputados do União Brasil assinou o requerimento que pede a abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que tem como objetivo para investigar os atos do dia 8 de janeiro, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram o Congresso, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). O autor da proposta para a criação da CPI, foi o deputado André Fernandes (PL-CE), conseguiu reunir 189 assinaturas na Câmara e 33 no Senado, número que ultrapassa o mínimo exigido de 171 deputados e 27 senadores. O União Brasil é a terceira maior sigla da Câmara, atrás apenas do PL e PT, sendo foi “presenteado” com três ministérios. O partido afirmou ter uma posição de “independência” em relação ao governo.
Logicamente, que vindo deste setor ultra-direitista, a CMPI não irá investigar nenhum militar e nenhum grande capitalista que financiou o ato. É muito provável que ocorra até o contrário, visto que muitos dos signatários, nas redes sociais endossam a tese de que a esquerda pôs “infiltrados” nos atos para manchar a imagem dos apoiadores do ex-presidente. Alegam, ainda, que o governo tinha conhecimento prévio das manifestações, mas preferiu se omitir, sugerindo uma ação orquestrada para prejudicar Bolsonaro e seus seguidores. A CPI poderá, através de uma manipulação, ser usada para acusar a esquerda ao invés de fazer qualquer investigação sobre a direita. Sabemos que o congresso é um dos mais reacionários da era pós-ditadura e facilmente poderia se inverter a situação.
A traição do União Brasil – já esperada, ocorre na situação em que o presidente Lula pedindo que todo o PT fosse contra a CPI, em uma posição que isso só iria tumultuar o ambiente para votações de interesse do Planalto no Congresso, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária. Lula também colocou que todos sabem como começa uma CPI, mas nunca como termina. Diante desse cenário, um colegiado controlado pela oposição acaba virando, no seu diagnóstico, uma “CPI do Fim do Mundo”.
A posição de Lula é correta e a votação do União Brasil é uma amostra da sabotagem do governo por dentro. Jamais o PT pode confiar nestes setores direitistas, pois eles podem ser o cavalo de tróia de Lula. Veja o golpe de 2016 com Dilma, onde quem arquitetou todo o golpe foi Temer com os militares. Devemos reivindicar a expulsão dos direitistas e uma mobilização popular de apoio ao presidente. Lula deve governar com a sua única base real de apoio: os trabalhadores. O PT não pode cair na ilusão de acordos com golpistas, pois, são direitistas golpistas e reacionários, contudo sabem muito elaborar um golpe de estado por dentro ou por fora.
O União Brasil é um partido que tem três ministros, incluindo dois que estão muito em evidência por falcatruas (o latifundiário Juscelino Filho e a miliciana Daniela Carneiro). A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o União Brasil não está dando retorno nenhum ao governo no sentido de trabalhar em conjunto e alguns parlamentares do União votaram em Rogério Marinho para presidente do Senado, o candidato rival de Rodrigo Pacheco, apoiado por Lula.
Além disso, o União e outros partidos da direita da frente popular como Cidadania, MDB e PSD estão apoiando medidas como esta CPMI e outras dentro do Congresso contra o presidente Lula e se manifestaram contra a ideia de Lula pelo fim da autonomia do Banco Central. Todos esses políticos e partidos golpistas são cavalos de Tróia dentro do governo e precisam ser expulsos do governo, pois são inimigos dos trabalhadores.
