Nessa terça-feira (28), os franceses organizaram a sua 10ª jornada de protestos intensos contra a reforma da Previdência que o governo neoliberal de Emmanuel Macron está impondo aos trabalhadores. A reforma aumenta a idade de aposentadoria, a partir de 2030, de 62 para 64 anos e antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos, atualmente são 42 anos.
O governo Macron, que foi apresentado até mesmo por setores da esquerda como progressista, diz que não abre mão da reforma. Ao invés disso, o governo destacou um aparato recorde de forças policiais para conter a multidão que toma as ruas. Foram colocados 13 mil policiais no país nessa terça-feira.
As manifestações ocorrem desde janeiro, quando a reforma foi anunciada. Mesmo com a multidão crescente nas ruas, o governo passou a proposta. Os números dos sindicatos avaliam que 3,5 milhões de pessoas estiveram nas ruas nos dias 7 e 23 de março. Várias categorias estão em greve.
O vídeo da multidão cantando A Internacional na rua é só mais uma cena que lembra as históricas mobilizações na França. De fato, a magnitude da mobilização e a crise política aberta no país indicam que o mundo pode estar ingressando numa etapa de grandes mobilizações da classe operária.
Os trabalhadores franceses são tradicionalmente uma vanguarda na luta internacional. Sem dúvida é um prenúncio de que pode estar por vir, pois a classe operária está se levantando e intervindo de maneira aguda na situação política
O que está ocorrendo na França é uma tendência mundial. Dentre os países imperialistas, a crise tende a explodir ali primeiro. Os trabalhadores franceses colocam em xeque a política neoliberal de devastação total e retirada de direitos. A sua vitória será um golpe de morte no imperialismo.
A crise na França deve ser vista sob a luz do conflito na Ucrânia, que está levando a Europa a uma crise econômica e social sem precedentes. Está relacionada, também, com as derrotas recentes do imperialismo como no Afeganistão, o fortalecimento do bloco China e Rússia etc. Os gastos bilionários, em uma guerra que todos percebem ser encomenda pelos Estados Unidos, jogados sobre as costas dos trabalhadores, subleva a população por toda a Europa. A burguesia vem respondendo com o uso da repressão, o que pode colocar mais lenha na fogueira e motivar a resposta da população.