Dados das polícias revelam que o efetivo da polícia civil de São Paulo vem diminuindo ano a ano, enquanto o número de policiais penais vem aumentando progressivamente. O que esses dados podem nos dizer? Por que os políticos abutres do PSDB, que dominaram o Estado de São Paulo há quase 30 anos, investiram tanto na construção e privatização de presídios, enquanto operaram um desaparelhamento da Polícia Civil?
A verdade é que as polícias, tanto a Civil quanto a Militar, são um braço armado do Estado, tendo como função simplesmente reprimir, ameaçar e controlar a população. Vemos que todo o discurso sobre segurança pública é claramente pura falácia, pois não há investimento real, nem nas polícias e nem em políticas de segurança no Estado.
Atualmente a Polícia Civil de São Paulo conta com o menor efetivo já registrado desde 1991. Hoje o estado tem 26.350 policiais, já em 1991 tinha cerca de 36.550, o que significa uma redução de 27,9% do corpo policial. Enquanto isso, no mesmo período, a polícia penal teve um aumento de 36% de seu efetivo, contando atualmente com 29.241 policiais penais e ainda mais 3.292 funcionários de setores administrativos. Hoje a polícia carcerária paulista está em maior número do que a polícia civil.
É interessante também notarmos o crescimento do número de pessoas presas no estado. Em 1995, quando Mário Covas se tornou governador, São Paulo tinha 55 mil presos. Atualmente o estado divulga que tem cerca de 201 mil presos (não há certeza sobre esse número), sendo 23% deles provisórios, ou seja, pessoas que ainda não tiveram um julgamento definitivo. Estatisticamente esse crescimento foi muito superior à taxa de crescimento populacional do estado. O que evidencia que a população está sendo sequestrada e presa.
Os presos paulistas estão distribuídos em 179 estabelecimentos prisionais e a maioria deles está superlotada, tendo condições de vida insalubres. Ou seja, as pessoas são detidas e jogadas em um verdadeiro inferno. Outra informação importante é que progressivamente as penitenciárias de São Paulo vêm sendo privatizadas. O governo Dória foi um dos que mais entregou a população carcerária em mãos de empresas privadas.
Esse cenário mórbido revela, na verdade, que os presídios se tornaram uma máquina de ganhar dinheiro para os políticos abutres que dominam o estado de São Paulo. Dória trabalhou incansavelmente para construir novos presídios e entregá-los à empresas privadas, que querem explorar a mão-de-obra presa. São presídios-fábrica, com operários-presos. Mais um modo contemporâneo de escravidão.
Não pode se deixar cair na armadilha de que existe uma polícia pior ou melhor, ou mesmo que seja possível realizar uma reforma dessas instituições assassinas, pois claramente não é possível. As polícias são instituições que funcionam exclusivamente para reprimir e controlar a população, e se apropriar de sua força de trabalho, principalmente da população pobre e negra. Por isso, todas as polícias precisam ser completamente extintas. Mais do que nunca precisamos lutar pelo fim de todas as polícias.