Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Extermínio de um povo

Toda comparação entre sionistas e nazistas é válida

Ucraniano radicado no Brasil apresenta a tese de que o massacre do povo palestino não poderia ser comparado ao holocausto

Em artigo publicado no portal Brasil 247, o jornalista Alex Solnik apresenta a tese de que seria inadequado comparar o massacre atual dos palestinos, promovido pelo Estado judeu de Israel, ao massacre de mais de meio século dos judeus por parte dos nazistas. Diz Solnik:

“Uma coisa, por mais terrível que seja, e é, é uma guerra entre dois inimigos, armados, mesmo se um deles tem mais armas que o outro; outra é retirar de casa pessoas indefesas, desarmadas, jovens, adultos, crianças e velhos, mandar arrumar a mala e levá-las a um campo de extermínio. E exterminá-las. Não é uma guerra, não é um combate, no qual morrem pessoas dos dois lados. Os nazistas não morreram nas mãos de judeus”.

A colocação tem o objetivo claro de romantizar a ação dos sionistas no território palestino. O que o jornalista procura é apresentar o massacre do povo palestino não como uma das coisas mais horrendas e covardes da história da humanidade, mas apenas uma guerra relativamente desproporcional. E se de fato fosse como Solnik diz, não caberia comparar as atrocidades de Israel com o que fizeram os nazistas? Por acaso os nazistas não atacaram Estados constituídos, com exércitos bem treinados, como a Rússia e a Grã-Bretanha? O cerco a Leningrado, que ocorreu na Rússia, matou, segundo diversas fontes, pelo menos 1,5 milhões de pessoas. E foi, finalmente, um ato de guerra – um ato covarde e criminoso, mas que fazia parte de um enfrentamento entre a Alemanha Nazista e a União Soviética.

O pior de tudo é que o que Solnik narra é o exato oposto da verdade. “Retirar de casa pessoas indefesas, desarmadas, jovens, adultos, crianças e velhos, mandar arrumar a mala e levá-las a um campo de extermínio” é exatamente o que vem acontecendo no território palestino há quase um século. O Estado de Israel não foi estabelecido em meio a uma guerra entre judeus e palestinos, mas sim de uma operação unilateral por parte do imperialismo, que invadiu o território e começou a expulsar a população local.

Tanto é assim que, de início, o plano dos sionistas era comprar as terras dos palestinos – isto é, se valer de seu alto poder econômico para tomar as terras da população local. Na medida em que esse plano falhou, os sionistas passaram a utilizar métodos cada vez mais violentos. O estabelecimento do Estado de Israel e a expansão do território ocupado pelos sionistas se deu por meio de massacres covardes, que incluíam a execução sumária de civis e o estupro de suas mulheres, invasão de terras e tortura da população local. Em nada se diferenciou do que os judeus fizeram com os nazistas e nunca foi o resultado da guerra entre dois povos, mas sim o resultado da tentativa de um povo estrangeiro tornar a população local sua escrava.

O tratamento dado aos palestinos é tão bárbaro que o Estado de Israel prevê, legalmente, um apartheid entre judeus e árabes. No território roubado por Israel, os palestinos são privados de uma série de direitos, de acordo com a própria Lei.

Mesmo nos dias de hoje, falar em “guerra” é de uma covardia imensa. Não há um Estado palestino que esteja em guerra contra o Estado de Israel. Se há algum tipo de reação, ela se dá por grupos guerrilheiros, e não pelo exército palestino – pois os palestinos sequer têm exército! O “conflito” do qual Solnik fala é tão somente a reação, após quase um século de massacre, de um povo tão miserável que sequer tem forças armadas constituídas. Não há como chamar isso de “guerra” “onde morrem pessoas dos dois lados”.

Se pegar em armas para tentar combater invasores que estão massacrando a população faz do conflito uma “guerra”, então houve “guerra” entre os nazistas e o povo judeu. O famoso levante do gueto de Varsóvia não foi outra coisa se não o enfrentamento armado dos judeus contra os seus opressores nazistas.

Mesmo de um ponto de vista acadêmico, abstrato, a posição de Alex Solnik é ridícula. Por que, então, o jornalista se dedicou a esse papelão de dizer que não deveríamos comparar judeus e palestinos?

É aí que tudo se torna ainda mais surreal: “a comparação não faz sentido, ao menos para mim, mas foi adotada por grandes segmentos da sociedade em todo o mundo e, dessa forma, ganha contornos de verdade, ao menos nas redes sociais. E passa a ser o mantra universal”. Solnik resolveu apresentar essa tese por que estaria “incomodado” com as comparações. Afinal, ele próprio seria de ascendência judaica e conta que seus familiares foram assassinados em campos de concentração.

Que Solnik não queria que seu povo seja associado aos monstros que exterminaram centenas de milhares de seus parentes, é compreensível. No entanto, o motivo pelo qual Solnik escreve fica muito claro: “limpar a barra” dos judeus sionistas que estão promovendo um massacre na Faixa de Gaza. O jornalista deu ao texto o título de “ninguém gosta de nós”, insinuando que seria injusta qualquer comparação com os nazistas. Isto é, para Solnik, associar os sionistas aos nazistas seria parte do mesmo “preconceito” contra judeus que teria levado ao holocausto.

Sobre isso, é preciso dizer duas coisas. Primeiro que é ridículo afirmar que há um “mantra universal” contra os judeus – o que dá a entender que há uma operação consciente contra os judeus. Se houvesse uma operação armada para prejudicar os judeus, quem estaria por trás dela é a grande imprensa, mas o fato é que a grande imprensa está toda a favor de Israel. O tal “mantra universal” é a voz das pessoas comuns, escandalizadas com o que está sendo feito na Palestina.

Por fim, é preciso dizer que se os judeus hoje são comparados aos nazistas – por mais que a comparação correta seja a dos sionistas com os nazistas -, a culpa reside integralmente nos sionistas. Ao massacrar de forma tão covarde o povo palestino, os sionistas estão dando uma contribuição maior que Joseph Goebbels na propaganda contra os judeus.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.