Coletivo João Cândido

Tição: o que é a chamada “consciência negra”

Acompanhe o debate do programa Tição da semana passada

O programa Tição, programa de preto, iniciativa do Coletivo de Negros João Cândido, destacou no último programa a questão da chamada “consciência negra”, estabelecendo uma crítica à maneira mistica que a esquerda identitária discute esse problema.

De maneira idealista, identitários de diferentes matizes apelam a um ente metafísico ou disposição psicológica chamada consciência negra, que uma vez adquirida pela maioria da população, em particular os próprios negros, resultaria na eliminação do racismo da sociedade. O avanço da consciência negra, seja lá o que queira significar tal consciência, seria condição sine qua non a libertação do negro da opressão.

Sem se referir à situação material que mantém os negros oprimidos, condição essa imposta pela classe dominante, isto é, a burguesia e executada pelo Estado nacional, creem libertar o negro com o avanço de uma ideia. Por mais que a ideia possa ter uma importância quando corresponde às tendências reais do movimento da sociedade, não pode mudá-la por si só: “as armas da crítica não podem substituir a crítica das armas” (K. Marx).

Ademais, a ideia que os identitários tem de consciência negra não corresponde à realidade, creem que tal consciência se sobrepõem à ideia e ao sentimento de nacionalidade, isto é, antes de brasileiro, os negros são “negro-africanos” e é essa característica que os unifica, sendo a nacionalidade e o legado da cultura europeia quase inexistente para eles. Evidentemente, trata-se de uma idealização e a tentativa, frustrada, de criar outra nacionalidade no País.

A ideia totalmente equivocada cria também uma miragem: a consciência negra estaria avançando no Brasil. Isso se dá pela propaganda identitária da burguesia, que os identitários confundem com tal avanço, sem considerar a situação real dos negros, que fica cada vez mais difícil.

Contrastando com isso, o programa apresentou os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apresentou dados da violência em 2022, mostrando a situação carceraria, as mortes violentas no País, as mortes causadas pelas polícias e mais, que mostram um avanço da violência estatal contra os negros, e não um suposto avanço da consciência negra.

O programa Tição vai ao ar todas as quintas-feiras às 18h. Acompanhe o último Tição abaixo:

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