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Rachas no PSOL

Teses para Congresso do PSOL revelam rachas no partido

Diante de seu 8º Congresso, teses do PSOL revelam as divergências internas no partido, o que é um reflexo da polarização política e esfacelamento de posições centristas

Golconda - Renné Magritte

Uma crise interna da burguesia abre também uma crise dentro da esquerda-burguesa. Diante do 8º Congresso do PSOL, o MES (Movimento Esquerda Socialista) publicou em seu sítio, Revista Movimento, um artigo intitulado “Algumas palavras sobre  as  polêmicas que dividem o PSOL“, assinado por Camila Souza. No olho da matéria se lê: “No 8º Congresso do PSOL, a polêmica real está na estratégia que o PSOL escolherá para seguir com um caráter anticapitalista“, o que dá uma ideia da divisão interna desse partido.

No primeiro parágrafo, lemos que há uma preocupação no MES em debater a questão do PSOL ter uma preocupação excessivamente voltada a eleger parlamentares: “Diante de tantas falas e defesas [em plenárias] que parecem colocar o PSOL na vala comum da partidocracia que só pensa em eleições (…) o sentido de partido para nós está além de uma vitória eleitoral, ainda que sejamos profissionais na tarefa de ocupar o parlamento”.

Dificilmente o PSOL vai abandonar essa sua estratégia, temos que lembrar que o partido se lançou dizendo tratar-se de uma alternativa ao PT. Portanto, está em sua formação a ideia da disputa parlamentar.

Outra característica do PSOL é ter ou ter tido, em seus quadros pessoas que se comportam como verdadeiras celebridades, que estão acima das instâncias partidárias, dos quais mais destacadamente podemos citar o ex-parlamentar do partido Marcelo Freixo e o atual Guilherme Boulos.

Junho de 2013

O artigo reclama que “a avaliação das defesas de tese, chama atenção que o recorte histórico dos acertos do PSOL feito pela tese 3 do campo do “PSOL de Todas as Lutas”-PTL, e atual direção majoritária do partido (que só teve maioria com as manipulações envolvendo a prefeitura de Macapá e o governo burguês de lá), é a partir de 2016. Nem mesmo a imprensa burguesa conseguiu esconder o tamanho da importância dos 10 anos de Junho de 2013, mas aparentemente para a tese 3 tal data histórica não merece sequer a menção e/ou a reflexão do nosso partido”.

Ora, tirando o PCO que se negou a baixar suas bandeiras em 2013 e que partiu para o enfrentamento com a extrema-direita, houve uma capitulação geral da esquerda em 2013. Com a derrota da esquerda nas mobilizações, começava a ganhar força o movimento golpista que se apoiava no massivo ataque da direita contra o PT, com base na farsa do Mensalão e ataques diários da grande imprensa para desgastar o partido e seus principais dirigentes.

Havia um claro objetivo da burguesia de destruir o PT e o PSOL esperava se aproveitar do vácuo político que em tese se formaria para tomar seu lugar. No entanto, a despeito do peso que a burguesia jogou, o PT nunca deixou de ter algo em torno de 30% do eleitorado para cargos majoritários.

2014

Segundo a matéria, para justificar o crescimento do PSOL, “A candidatura de Luciana Genro à Presidência da República em 2014, mais bem votada do que a candidatura de Boulos em 2018, foi fundamental para construir o PSOL como a casa militante de tantas e tantas lutadoras que aprenderam a fazer política nas ruas e em escala de massas a partir de 2013”. Luciana Genro é uma conhecida apoiadora da Lava Jato, coisa que o MES não pode esconder, ainda que continue tentando.

O trecho a seguir também demonstra o caráter reacionário desse grupo: “A força de Boulos e do MTST também não se explica sem considerar os eventos relacionados com os ventos de Junho de 2013 e as lutas subsequentes. Recordo-me de uma camiseta do movimento Juntos! em 2014 com a inscrição: “A Copa do Povo é o Coração da Luta”, fazendo referência à ocupação liderada pelo MTST para exigir moradia ou não haveria Copa do Mundo no país”.

O movimento para que não houvesse Copa do Mundo no Brasil foi financiado, dentre outros, pela Fundação Ford, uma fachada da CIA. O senhor Guilherme Boulos, ganhou grande visibilidade na grande imprensa, chegando a ser admitido como articulista no jornal golpista Folha de São Paulo, que o vendia como grande liderança popular.

Embora a luta por moradia, ou pela devida indenização de moradores, seja justa, não pode ser utilizada como pretexto para inviabilizar um evento alheio a este problema como a Copa, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O imperialismo tenta impedir que se realizem Copas em países atrasados. Na Copa do Catar, por exemplo, inventaram um número fictício de trabalhadores que teriam morrido por conta das obras da infraestrutura para o evento, fato nunca comprovado, mas que serviu como campanha difamatória à qual boa parte da esquerda aderiu.

Antipetismo

Durante a leitura do texto, vemos claramente as posições reacionárias do MES, onde alegam que não estiveram “ao lado daqueles que pediam Fora Todos’, ao contrário de alguns que hoje fazem parte do PSOL e estão autocríticos quanto a posições anteriores. Da nossa parte, lutamos pela tática de novas eleições gerais, para que pudéssemos debater e disputar ideias junto ao povo, diante da frustração do inegável estelionato eleitoral de Dilma. – grifo nosso.

Em seguida, afirmando ter sido contra a prisão de Lula, assumem que defenderam que “que a pauta da corrupção não deve ser monopolizada pela direita. A esquerda deve enfrentá-la, inclusive considerando seu potencial mobilizador para conscientizar as pessoas e denunciar concretamente o modus operandi do Estado burguês contra o povo”. – (grifos nossos).

A “luta contra a corrupção” é uma conhecida bandeira da direita que não conscientiza ninguém, aliás, aqui no Brasil até já se cunhou a expressão “Vai terminar em pizza”, pois o povo não acredita nessa baboseira. Apenas a esquerda pequeno-burguesa, moralista, tem fé de que com o uso das instituições do Estado burguês se poderá de fato lutar contra a corrupção.

A crise

O fundo da crise no PSOL é o aumento da polarização política que o Brasil enfrenta. Esse partido sempre teve uma conduta centrista, o que se comprovou em sua tentativa de barrar a candidatura Lula e formar uma frente popular para apoiar a terceira via. A terceira via, como se sabe, era a alternativa do imperialismo ao bolsonarismo, de quem a direita procura se distanciar.

A frente ampla não prosperou porque a base, a classe trabalhadora, está cada vez mais radicalizada. Uma vez que Lula se lançou como candidato, a direção do PSOL tratou de tentar se beneficiar para conseguir cargos e acordos e por isso aderiu à candidatura Lula. 

Setores do PSOL ficaram descontentes com essa manobra, e que o MES está tratando como uma diluição do partido dentro do PT.

A crise que agora se apresenta é o resultado da política oportunista que o PSOL vem promovendo desde sempre. O partido não tem unidade, é uma verdadeira agremiação de diversas tendências que, com a polarização entre esquerda e extrema-direita, tende a se esfacelar.

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