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Conflitos na África

Tese de “imperialismo” russo é apoio ao verdadeiro imperialismo

Grupo trotskista exibe tese do domínio da África por chineses e russos para justificar sua incapacidade de se colocar contra o verdadeiro bloco imperialista

A página Esquerda Revolucionária, grupo português que se diz trotskista, publicou uma matéria em que procura dar um panorama da situação africana e, particularmente, das movimentações dos governos de Rússia e China no continente. A tese deles é que a hegemonia do imperialismo no continente africano está sendo debelada pelos chineses e russos e estes mercados “não foram arrancados ao Ocidente por meio de nenhum confronto militar decisivo”, mas sim que “a expansão do bloco sino-russo foi promovida pelo próprio declínio do imperialismo ocidental e do poder económico do gigante asiático”.

A ideia, evidentemente, é de uma ingenuidade inexplicável. Por qual motivo o bloco imperialista norte-americano, europeu e japonês, cujo poderio econômico e militar é superior ao do restante de todo o planeta em várias vezes, abandonaria o domínio de territórios de onde pode tirar mão-de-obra, recursos naturais e matérias-primas de alta importância e valor sem nenhuma luta? A resposta é que não o fariam de jeito nenhum. O fato de que os governos chinês e russo conseguem alguns negócios com países africanos não implica que o imperialismo esteja sendo derrotado, mas apenas que ainda havia espaços nesses mercados, aproveitados por Rússia e China.

Para exemplificar tal fato, o articulista cita o exemplo da situação no Níger, onde recentemente houve um golpe de estado feito por um grupo de militares nacionalistas e que depôs um presidente que conduzia uma gestão altamente corrupta e pró-imperialista do país, aceitando acordos criminosos propostos pelos países imperialistas e particularmente pela França, que domina uma grande parte daquela região.

Curiosamente o articulista do Esquerda Revolucionária se esquece de apresentar esse importantíssimo conteúdo social do golpe, o fato de que se trata de um grupo de militares nacionalistas, cansados de serem esfolados pelo imperialismo francês. Em vez disso, se apegam ao fato de terem recebido apoio militar do Grupo Wagner, composto por mercenários apoiados pelo governo russo.

É evidente que um grupo mercenário se financia pelo apoio a golpes de estado e a guerras civis nos mais diversos países. Há, naquela região, a atuação de diversas outras entidades militares e de ONGs, todas ligadas ao imperialismo e que também se financiam pelo apoio a golpes e guerras. Trata-se de algo natural se considerarmos o funcionamento do regime capitalista. No caso do grupo Wagner, no entanto, eles apenas estavam atuando junto a um grupo cujas pretensões políticas se cristalizaram num momento propício. A crise do imperialismo, derrotado no Afeganistão e em vias de ser derrotado na Ucrânia, leva ao ascenso de grupos nacionalistas cujas contradições com o imperialismo estavam se tornando insustentáveis. Além disso, há toda a questão da instabilidade daquela região, que vem crescendo ao longo dos últimos anos.

A matéria também cita outros países do continente africano em que a Rússia atuou como aliado militar, procurando reforçar a ideia de que isso caracterizaria uma expansão do domínio russo para dentro do continente, o que não deixa de ser verdade parcialmente, mas não significa que se trata de uma consolidação de um poder imperialista russo, um fenômeno inexistente, visto que a Rússia se trata de um país atrasado.

Outra tese apresentada é a da expansão econômica do “imperialismo chinês”. O articulista menciona que “A China iniciou uma grande campanha de investimento de capital. Em 2006, os seus principais investimentos no continente africano limitavam-se a 7 países (Egito, Chade, Nigéria, República Democrática do Congo, Zâmbia, Angola e África do Sul), mas rapidamente se expandiram e hoje praticamente toda a África recebe importantes investimentos chineses”. Para o Esquerda Revolucionária, o fato de a China fazer acordos comerciais dentro da África implicaria que eles estariam exercendo o domínio econômico absoluto da região.

É preciso sempre lembrar que há uma grande diferença entre realizar acordos econômicos com um país de extração de matéria-prima (por mais que esse processo seja feito da forma como o capitalismo realiza tudo: explorando mão-de-obra local, etc.) e você destruir a economia local, impedir o desenvolvimento do país e sugar o sangue de sua população, como fazem os países imperialistas em todo o planeta.

O fato de que há uma presença maior da China economicamente em alguns países não muda o domínio do imperialismo sobre os países. Para se ter uma ideia, grande parte dos países africanos compram suas moedas do Banco Central francês e deixam uma gigantesca porcentagem de seus ganhos com esse Banco. Trata-se de uma relação semelhante à de uma colônia com sua metrópole.

A ideia de que existe uma expansão “imperialista” chinesa e russa na África é totalmente absurda e desconsidera totalmente o poderio do verdadeiro bloco imperialista. No entanto, essa tese é apresentada com uma finalidade: certos grupos de esquerda são incapazes de se posicionarem de forma firme contra o imperialismo e procuram apresentar o conflito que está para se deflagrar no Níger como apenas um conflito entre diferentes “imperialismos”, o que está totalmente em contradição com a realidade. O conflito ali colocado é entre grupos nacionalistas de um país miserável contra a máquina de destruição do bloco imperialista mundial. Nesse contexto, o apoio de uma organização revolucionária deve ser aos grupos nacionalistas, contra o imperialismo, inimigo fundamental da classe operária mundial.

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