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Marcia Tiburi

‘Terrorismo popular’, outro termo criado para a defesa do Estado

Conforme aumenta a polarização política, elementos da esquerda pequeno-burguesa vão assumindo mais abertamente a defesa do Estado.

terrorismo popular

O texto de Márcia Tiburi, “Terrorismo popular: uma reflexão sobre o fascismo doméstico”, é outro exemplar que comprova que a esquerda pequeno-burguesa, movida pelo medo, está se empenhando em defender o Estado burguês e suas instituições. O que chama a atenção, no entanto, é que, desta vez, o Estado, que é uma máquina de repressão da burguesia, passou de opressor à vítima.

Para Tiburi, “com a invasão bárbara e a destruição dos prédios dos poderes republicanos em Brasília em 8/01 tornou-se evidente que o fascismo avançou para uma nova fase em que o terrorismo de Estado, composto de violência simbólica e física contra o povo, deu lugar ao que podemos chamar de terrorismo popular. Essa esquerda, que durante muito tempo havia se limitado a lamentar o triste fim de agências bancárias, vítimas de “vândalos infiltrados” nas manifestações da esquerda, passou agora, sem pudores, a defender abertamente o Estado.

O fascismo como qualquer fenômeno, não surge por geração espontânea, sempre tem quem o gerou. Historicamente, o fascismo foi, e é, usado pela burguesia para sufocar a classe trabalhadora e destruir seus órgãos de representatividade, tais como partidos, sindicatos etc.

Conforme o golpe foi avançando contra a presidenta Dilma, mais o Estado foi dando rédea solta a uma classe média que tinha seu ódio alimentado diariamente pela grande imprensa. Figuras como Reinaldo Azevedo, um cristão-novo da democracia, martelava sem piedade termos como “petralha”, “esquerdopata”. Julgamentos ao vivo, prisões, conduções coercitivas de petistas, tudo ao arrepio da Lei, formavam um grande show de horrores que conseguiu cativar até mesmo uma esquerda que aderiu à campanha ‘anticorrupção’ e pediu a cabeça de Lula.

Quando o golpe veio, e os ‘cães’ já estavam bem alimentados, a direita pôde atacar os direitos trabalhistas, paralisar os sindicatos, acabar com a Previdência e jogar milhões de pessoas na mais absoluta miséria. Nada disso foi obra de Bolsonaro. Não que ele não se dispusesse a fazê-lo, mas demonstra que tem muito fascista que come de garfo e faca e é igual ou pior ao ‘fascista-mor’.

Houve uma grande preparação para a instauração desse clima de hostilidade. O ‘discurso de ódio’ que a esquerda quer tanto transformar em crime inafiançável, não largou um minuto as páginas e os noticiários da grande imprensa durante os governos petistas. Essa mesma imprensa, que até ontem chamava Dilma Rousseff de terrorista, de guerrilheira, hoje, cinicamente, chama os manifestantes bolsonaristas, que ajudou a ‘educar’, de golpistas e terroristas. Joga essa gente na fogueira para tentar apagar suas próprias digitais da cena do crime.

A esquerda pequeno-burguesa, como sempre obediente, ataca principalmente os manifestantes, deixando de lado os verdadeiros responsáveis pela atual polarização política no Brasil.

Elogio da prisão

Marcia Tiburi questiona “como conviver dentro ou fora de casa com fascistas que se tornaram terroristas e que depois de dias na prisão, são capazes de voltar sem nenhuma reflexão ou questionamento, senso de responsabilidade ou arrependimento?. Essa senhora acredita que a prisão serve para que as pessoas reflitam, questionem e se arrependam, é simplesmente inacreditável. Tal caracterização não tem nenhum ponto de contato com a realidade. As prisões brasileiras são verdadeiros campos de concentração, de tortura continuada que, para dizer o mínimo, degrada os seres humanos que, por algum motivo, tenham tido a infelicidade cair nas garras do sistema penitenciário.

Sempre ouvimos que para oprimir alguém é preciso primeiro desumanizá-la. Essa prática passou a ser o normal dentro da maioria da esquerda que trata os bolsonaristas como “gado”, pessoas em “delírio autoritário”, “enfeitiçados” etc. A linguagem exagerada, do tipo “o fascismo está a plenos pulmões com seu grito de morte e precisa ser parado antes que todos os seres sejam atingidos por seu vírus alienante e devorador de almas , serve apenas como desculpa para não se enfrentar o problema, pois a pequena burguesia, ao contrário da classe trabalhadora, não consegue entender o sentido prático da política e se refugia em psicologismos baratos para tentar explicar a realidade e decretar a impossibilidade de se conversar com um ‘fascista’.

Temos de nos perguntar: milhões de pessoas são ‘gado’? Sofreram lavagem cerebral ou estão enfeitiçadas?

Tiburi já se previne de críticas que sabe que receberá e diz que o “apelo ao exagero no discurso do outro” é uma das falácias das mais comuns quando se quer amenizar um assunto….

O início e fim

Márcia Tiburi está dentre aquelas pessoas que cristalizam o fascismo na figura de Bolsonaro, deixando quem o pariu de lado. O que é ótimo para os oportunistas, que estão sempre prontos a um acordo com a direita, desde que ‘arrependida’ e mesmo que apenas na aparência.

Para ela, o fascismo é algo marcado no tempo com o surgimento do MBL, mas é muito anterior, basta ver o que foi a Ditadura militar, levado adiante pelo Estado que hoje ela quer proteger de um “terrorismo popular”. Essa ideia é completamente esdrúxula. Como o ente que detém as Forças Armadas e os meios de repressão pode ser colocado na posição de quem está sob ataque de uma horda terrorista? Não faz o menor sentido.

A ideia de proteção do Estado, inclusive, é antirrevolucionária, o que fica bem claro quando Tiburi, que para onde quer que olhe só enxergue caos “cada um transformado em robô através da oferta de um gozo do mal e do sofrimento, seja do outro, seja de si mesmo”. Ela que vê pessoas sendo conduzidas para o abismo, acredita que “o único jeito de evitar isso é produzindo consciência, resgatando do delírio e esse é trabalho para muitas gerações. Os vários governos que existirão no Brasil, terão que trabalhar para isso. A nós, meros cidadãos e cidadãs, cabe criar espaços e tempos democráticos e uma poético-política que possa nos garantir o sentido da convivência e da existência em sociedade, apesar de toda a adversidade que há no mundo humano.

Márcia Tiburi, no essencial, propõe a defesa do Estado e cadeia para quem a ele se opuser. O restante: ‘criação de espaços e tempos democráticos’, ‘poético-política’, não passa de conversa fiada, desculpa de quem não vai fazer nada. Vai ficar de longe escrevendo textos direitistas em vez de ajudar a fortalecer Comitês de Luta para se formar uma base social da classe trabalhadora contra os verdadeiros fascistas.

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