“A posição do companheiro Lula é uma posição complicada”. Assim começou a fala de Rui Costa Pimenta na entrevista ao Breno Altman, do Opera Mundi. Durante o programa, diversos assuntos foram abordados, da política nacional à internacional. Neste artigo, os companheiros poderão ficar a par de cada posicionamento posto pelo companheiro Rui na entrevista.
Política internacional
“Uma vitória russa na Ucrânia é um fator progressista e revolucionário”. De acordo com o presidente nacional do PCO, é preciso compreender a relação dos fatos internacionais, não sendo os eventos separados. “A própria operação militar já teve um efeito revolucionário muito grande, pois sem a operação russa, por exemplo, não estaríamos vendo o que está acontecendo agora em Israel”. O assunto de Israel, também, foi tema da discussão, à medida que o companheiro Rui reiterou que a luta dos palestinos só configura terrorismo para a comunidade internacional porque é a luta dos oprimidos contra os opressores. Enquanto isso, “na África, nós somos a favor desses golpes militares. Não são iguais, mas eles têm raízes na mesma base, que é a luta anti-imperialista.”
Trump x Biden
“Por tudo que vimos no governo Trump, acreditamos que a vitória do Biden seria pior”. A primeira vista, a fala choca setores esquerdistas e telespectadores que não estão familiarizados com a política do PCO, pois o senso comum adotou Biden como democrático e Trump como inimigo. Sobre isso, o companheiro destaca que “se estivéssemos nos Estados Unidos, não apoiaríamos o Trump, mas ele é uma espécie de madeira que você joga na engrenagem, dificultando o seu funcionamento e aumentando a crise do imperialismo norte-americano”. Que fique claro, no entanto, que aumentar a crise do imperialismo é benéfico para a classe trabalhadora de todo o mundo, não só norte-americana. “O Biden, no entanto, é o ‘puro-sangue’ do complexo militar norte-americano; da política de guerra.”
Trotskismo
Em seu programa, Breno questionou sobre a relação do PCO com o movimento trotskista, que segue as ideias e a luta de Leon Trótski, dada a sua divergência diametral com partidos e grupos ditos trotskistas, caso do PSTU. Confira sua resposta:
“Nossa posição nos afasta do movimento trotskista principalmente pós-Segunda Guerra Mundial, onde esse movimento conheceu um desvirtuamento muito grande do programa de transição de Trótski, do dito trotskismo. Esse programa não é contra a luta dos programas atrasados, mas o meio trotskista possui muitas operações confusas. Há quem, na época, condenou a revolução cubana. Há um passado de erros muito grande. Nós não vemos o mundo como uma divisão de ideologias. Buscamos uma aliança com todos os setores com base em questões concretas. Não vemos uma coisa entre trotskistas e stalinistas, pois se um grupo que se diga stalinista tiver uma posição correta, buscaremos uma aliança. Se um grupo que se diz trotskista tiver uma posição errada, vamos criticar.”
Política internacional do governo Lula
Como apresentado pelo companheiro Rui, a avaliação do Partido a respeito da política internacional do presidente Lula é feita com bons olhos, tendo uma sistemática aproximação da Rússia e da China com os BRICS, uma ampla defesa à Nicarágua, Venezuela e Cuba – a qual o Partido endossa – e uma boa postura em relação à guerra na Ucrânia, ao contrário do último posicionamento, onde o presidente caracterizou a resistência palestina como terrorista.
STF e o julgamento dos atos de 8 de janeiro
“Se a tese do golpe fosse verdade, você teria um banco dos réus com militares, porque golpe de estado com pessoas desarmadas não existe. Você teria que ter militares, e não tem sequer um no banco dos réus. Estão sendo condenados a penas duríssimas só pobres coitados. Ser bolsonarista é algo ideológico, um posicionamento seu. É uma porcaria de posicionamento? Sem dúvida, mas você não pode nunca ser considerado pelo que você pensa. Nunca. É algo grave condenar um funcionário da SABESP a 15 anos em regime fechado. Eles foram condenados por associação criminosa armada, sendo que ninguém mostrou se quiser uma arma. Ninguém jogou bomba, ninguém atacou ninguém à bala, é uma coisa grotesca e, na minha opinião, extremamente perigosa não para os bolsonaristas, mas para nós. A hora que a situação se inverter, o peso de todas essas ações arbitrárias cairá em cima da esquerda e será muito problemático.”
PCO e Lula
Por fim, Breno Altman questionou sobre o relacionamento do PCO com o governo do presidente Lula, na qual o companheiro Rui respondeu que foi o primeiro partido a fazer campanha, a propor sua candidatura e que avalia que o seu governo é positivo, apesar de não compor a situação devido as muitas divergências políticas. “No entanto, não nos colocamos como oposição, por ser um governo que julgamos que devemos atuar em conjunto a medida que se faz coisas que julgamos positivas. O nosso posicionamento é o de que temos que ter muita boa vontade com o governo do PT, sem sair atirando porque ele faz as coisas com as quais não concordamos, que devemos apoiar o governo em tudo que ele fizer favorável aos trabalhadores e anti-imperialista e que devemos criticar, da maneira mais amigável possível, nos erros. A nossa postura é uma postura em relação a um aliado nosso”.