O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na última quarta-feira a decisão de manter a taxa básica de juros no elevado patamar de 13,75% ao ano. Essa medida estrangula qualquer possibilidade de crescimento econômico no País, o que levou o presidente Lula a declarar sobre o presidente do BC Roberto Campos Neto: “Acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira”.
De fato, a situação não deixa nenhuma margem para dúvidas. As decisões do Banco Central, tornado independente e por isso mesmo absolutamente antidemocrático, impedem o desenvolvimento econômico do País. Isso beneficia diretamente o capital estrangeiro, em especial o mais poderoso deles, o capital imperialista. A única atividade beneficiada com a atual taxa Selic é o rendimento de juros da dívida pública, que consome metade do orçamento brasileiro e não produz absolutamente nada. Não é por acaso que o BC independente nasceu de uma tabelinha entre PSDB e Bolsonaro, um desenvolvimento do golpe de Estado de 2016, organizado pelo imperialismo norte-americano contra o povo brasileiro.
O atual índice de 13,75% ao ano da Selic vem sendo mantido inalterado desde agosto de 2022, mês em que começou a campanha eleitoral. Para efeito de comparação, para aliviar a situação do governo Bolsonaro diante da pandemia de covid e as medidas de isolamento social, o BC reduziu a taxa a 2% ao ano entre agosto de 2020 e março de 2021, o valor histórico mais baixo da Selic. O governo do golpista Temer também teve alívio com a taxa caindo de 14,25% para 6,5% ao ano no seu governo. Além de estimular as atividades econômicas, taxas Selic mais baixas também reduzem o custo da dívida pública.
A coisa está tão absurda que até setores importantes da burguesia nacional começam a criticar a política imposta pelo presidente do BC. São os casos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Associação Brasileiras de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Até esses capachos do imperialismo se deram conta de que se trata de uma questão de sobrevivência da economia nacional.
No entanto, o caminho para enfrentar esse boicote ao governo promovido por Campos Neto passa pela pressão popular. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou categoricamente: “Não há mais como tolerar esta situação. O certo é a saída desse pessoal”. A mensagem foi direcionada aos senadores, que têm a prerrogativa de retirar o presidente do BC do cargo. Mas não será por mero arranjo parlamentar que esta situação será resolvida. Mesmo que eventualmente Campos Neto caia por decisão do Senado, o problema do Banco Central independente persiste e nada indica que o Congresso vá mexer nisso.
É preciso mobilizar o povo, os movimentos populares e organizações de esquerda para libertar o País desse mecanismo ditatorial do capital estrangeiro sobre o Brasil. O Banco Central não pode ser independente do governo eleito, essa é uma política reacionária que precisa ser derrubada pelo povo organizado. Roberto Campos Neto, assim como seu avô, é um agente dos Estados Unidos infiltrado para boicotar o desenvolvimento do Brasil. Enquanto a esquerda pequeno-burguesa “luta” contra o arcabouço fiscal “do Lula”, deixam uma figura nefasta como Campos Neto livre para prejudicar a população brasileira de conjunto.